Vida saudável e diabetes: Como ter uma rotina equilibrada depois do diagnóstico

Saúde
10 de Novembro, 2021
Vida saudável e diabetes: Como ter uma rotina equilibrada depois do diagnóstico

Algumas datas do nosso calendário merecem uma atenção especial, e o dia 14 de novembro com certeza é uma delas: Dia Nacional do Combate ao Diabetes, uma doença que atinge mais de 12 milhões de brasileiros. O dia marca a importância da adoção de um estilo de vida mais equilibrado para a prevenção e o tratamento da condição, afinal, alguns hábitos possibilitam uma vida mais saudável ao lado do diabetes.

Por isso, finn nos convidou para fazer um episódio especial do podcast De bem com você, da Vitat, sobre o tema. Nele, Cris Dias conversa com Paula Pires, endocrinologista (CRM/SP 138.809), e Bruno Helman, CEO do programa Correndo Pelo Diabetes. Eles batem um papo completo sobre os tipos da doença, quais deles podem ser prevenidos e como a alimentação está relacionada ao controle da mesma. Então, não perca:

Conheça os convidados

diabetes e vida saudável

Paula Pires é médica endocrinologista e clínica geral que atende as mais diversas faixas etárias, sempre com uma visão global do funcionamento do corpo humano. “Hoje, são 12 milhões de pessoas com diabetes no país, mas 14 milhões estão na fase pré-diabetes e podem desenvolver a doença.”

Bruno Helman é portador de diabetes tipo 1, maratonista e idealizador do projeto Correndo Pelo Diabetes, que tem como objetivo estimular a prática regular de atividade física para promover a vida saudável e a inclusão da pessoa com diabetes. “Ao descobrir a importância de uma comunidade inclusiva e perceber que o sentimento de solidão infelizmente é algo muito comum para quem tem diabetes, resolvi criar o programa, justamente para que as pessoas pudessem perceber que elas não estão sozinhas e são capazes.”

Vida saudável e diabetes: Tipos

O diabetes é uma doença que se divide em dois tipos: o 1, que atinge cerca de 10% das pessoas com a condição; e o 2, que afeta aproximadamente 90% dos pacientes.

No primeiro caso, há uma reação autoimune do organismo. Isto é, as células do pâncreas são atacadas pelo próprio sistema de defesa do corpo. Muito fragilizadas, elas acabam produzindo pouca ou quase nenhuma insulina — o hormônio responsável por ajudar a controlar os níveis de açúcar (chamado de glicose) no sangue. Dessa forma, há uma concentração exagerada da substância na corrente sanguínea, o que pode gerar inúmeras consequências.

A condição dura a vida toda e ainda não existe cura, apenas controle. Além disso, sua causa pode acontecer por herança genética somada a fatores ambientais. Embora acometa qualquer idade, normalmente aparece ainda na infância.

Já o diabetes tipo 2, por outro lado, é bem mais comum. Nesse caso, ele não ocorre por conta de um ataque às células do pâncreas, mas sim como consequência de um processo denominado resistência à insulina: o pâncreas até consegue secretar a insulina, mas ela não dá conta de metabolizar (queimar) o açúcar presente no sangue e acaba se tornando ineficiente. “Esse processo tem a ver com o acúmulo de gordura abdominal e com hábitos ruins de vida”, explica a médica endocrinologista.

Ou seja, os principais fatores que contribuem para o aparecimento do diabetes tipo 2 são: excesso de peso, acúmulo de gordura corporal (principalmente aquela localizada na região da barriga), sedentarismo, alimentação pouco saudável, tabagismo e hipertensão.

Vida saudável e diabetes: Tratamentos

Medir o nível de glicose em casa é uma tarefa obrigatória para os portadores do diabetes tipo 1. O glicosímetro é um dispositivo que determina a concentração da substância no sangue. Desse modo, basta furar a ponta do dedo e pingar a gota de sangue no reagente. Contudo, o médico é quem deve informar a frequência do autoexame e criar um planejamento, juntamente com o paciente, para manter as taxas sob controle, que geralmente são feitas com o uso de medicamentos e/ou a aplicação de doses de insulina.

O profissional pode dizer qual o medicamento mais indicado, a dosagem correta e a duração do tratamento. Além disso, ele deve orientar o paciente sobre a aplicação diária de insulina.

  • Tipos de hormônio: Regular, análogo de insulina, NPH e pré-mistura;
  • Local de aplicação: Braço, coxa, abdômen, cintura ou nádegas.

No tipo 2, o tratamento pode incluir o uso de alguns medicamentos, mas também concentra-se em mudanças na rotina do indivíduo em prol de uma vida mais equilibrada, como a prática regular de atividades físicas e a adoção de uma dieta balanceada. Vale lembrar, entretanto, que os hábitos saudáveis são essenciais para o controle dos dois tipos da doença.

Alimentação para pessoas com diabetes

As pessoas com diabetes precisam prestar bastante atenção em uma característica específica dos alimentos: o índice glicêmico (IG). “Ele diz respeito à velocidade com que determinado alimento vai ser transformado em açúcar no sangue. Portanto, quanto maior o índice glicêmico de um ingrediente, mais rapidamente ele vai elevar a glicose na corrente sanguínea”, explica Paula Pires.

Massas, pães, arroz branco, biscoitos e alguns alimentos industrializados são exemplos de itens com altos IGs que precisam ser consumidos com moderação. Por outro lado, frutas com a casca, vegetais in natura, cereais integrais e leguminosas geralmente possuem baixos IGs por conterem muitas fibras. O mesmo vale para alimentos ricos em gorduras “boas” — alguns peixes, castanhas e sementes, por exemplo.

Outra questão importante para quem convive com o diabetes é reduzir o consumo do açúcar no dia a dia. Isso porque 16,3% dos alimentos ingeridos pelos brasileiros são fontes da substância, enquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que essa porcentagem não ultrapasse os 10% (5% seria o ideal, de acordo com a instituição).

Uma boa alternativa para manter as receitas adocicadas sem ter os prejuízos gerados pelo açúcar, então, é apostar nos edulcorantes, popularmente conhecidos como adoçantes. Os adoçantes podem substituir o açúcar nos alimentos, auxiliando na redução do seu consumo, e ajudando no manejo do diabetes e do excesso de peso – fator de risco para a doença.

Diversas entidades de saúde ao redor do mundo falam nos adoçantes (em quantidades adequadas e em conjunto com uma alimentação balanceada) como estratégias válidas para diminuir o consumo do açúcar. Entre elas, encontram-se a Associação de Diabetes do Reino Unido, a Associação Latino-Americana de Diabetes e a Associação Americana de Diabetes.

Principais tipos de adoçantes

Hoje existem vários tipos de adoçantes disponíveis, no formato líquido ou pó. Veja os principais tipos e suas características:

  • Xilitol: Encontrado em frutas e vegetais, é de origem natural. É usado em produtos para pessoas com diabetes e gomas de mascar. Ademais, adoça na mesma proporção do açúcar e estudos mostram que ajuda na redução da incidência de cáries;
  • Stévia: Também de origem natural, a stévia é retirada de uma planta nativa do Brasil e do Paraguai, chamada Stévia rebaudiana, e possui poder de dulçor 300 vezes maior que o do açúcar;
  • Taumatina: Originária da fruta Katemfe (Thaumatococcus danielli), a taumatina é a substância mais doce de toda a natureza (sendo em média 3.000 vezes mais doce que o açúcar) e uma potente realçadora de sabor, uma vez que tem a capacidade de mascarar gostos residuais;
  • Sucralose: Derivada da cana-de-açúcar, a sucralose tem um alto poder de dulçor de 600 à 800 vezes maior que o açúcar e com sabor muito similar, não apresentando residual amargo.

Vida saudável e diabetes: Receitas com adoçante finn

Overnight oat

vida saudável e diabetes

Ingredientes:

Modo de preparo:

Em uma tigela, coloque o iogurte, o leite, os flocos de aveia, as 20 gotas de Finn Xilitol Líquido, a chia e misture bem. Deixe a mistura descansando de um dia para o outro. Pegue outro pote, cubra o fundo com a mistura, acrescente as frutas e termine com o restante do iogurte. Decore com as frutas e canela. Sirva em seguida.

Panqueca doce com frutas e ganache de chocolate

vida saudável e diabetes

Ingredientes da panqueca:

  • 2 ovos;
  • 30 gotas de Finn Xilitol Líquido;
  • 2 col. (sopa) de óleo vegetal;
  • 3/4 xíc. (chá) de leite desnatado;
  • 1/2 xíc. (chá) de farinha de linhaça;
  • 3/4 xíc. (chá) de farinha integral;
  • 2 xíc. (chá) de frutas de sua preferência;
  • 1 col. (sopa) de azeite.

Ingredientes do ganache:

Modo de preparo da panqueca:

Em uma tigela, coloque os 2 ovos, as 30 gotas de Finn Xilitol Líquido, as 2 colheres de sopa de óleo vegetal, o leite e misture até ficar homogêneo. Acrescente a farinha de linhaça, a farinha integral e bata com um batedor de arame. Pincele uma frigideira (23 cm de diâmetro) com azeite. Despeje 1/4 de xícara (chá) de massa e leve ao fogo médio deixando aproximadamente 1 minuto de cada lado, ou até começar a dourar e desgrudar. A cada 3 panquecas, pincele um pouco de azeite. Siga esse processo até terminar a massa.

Modo de preparo do ganache:

Bata o abacate, as 4 colheres (sopa) de cacau e as 15 gotas de Finn Xilitol Líquido no liquidificador até virar um creme homogêneo.

Finalização:

Disponha uma panqueca já pronta em uma superfície lisa, recheie com as frutas e com o ganache. Dobre a panqueca e se quiser adicione mais creme e ganache.

Geleia de frutas vermelhas

Ingredientes

  •  400 gramas de frutas vermelhas
  • 2 colheres (sopa) de adoçante à base de estévia em pó (ou 6 gotas na forma líquida)
  • 2 colheres (sopa) de chia
  •  1 colher (sobremesa) de vinagre de maçã ou meio limão espremido

Modo de preparo

Coloque todos os ingredientes em uma panela e mexa em fogo baixo. Assim que começar a soltar líquido das frutas, amasse-as com a ajuda de um garfo. Espere reduzir o líquido e desligue o fogo. Após esfriar, guarde na geladeira em potes de vidro fechados.

Sobre o De Bem Com Você

No podcast da Vitat, Cris Dias conduz conversas descomplicadas com especialistas e convidados para você descobrir como ficar de bem com você. A cada semana (às quartas), um episódio novo será lançado. Confira os outros temas aqui!

E tem para todos os gostos: os bate-papos também ficarão disponíveis nas plataformas de áudio Spotify, Deezer, Google e Apple.

Referências consultadas:

Mussatto SI, Roberto IC. Xilitol: edulcorante com efeitos benéficos para a saúde humana. Rev. Bras. de Ciências Farmacêuticas 2002;38(4):401-413.

World Health Organization. Guideline: Sugars intake for adults and children. Geneva: WHO; 2015. Disponível em: https://www.who.int/publications/i/item/9789241549028. Acesso em: nov., 2021.

International Sweeteners Associaion [Internet]. Adoçantes de baixas calorias na diabetes: relatórios atualizados da associação Diabetes UK, da Associação Latino-Americana de Diabetes (ALAD) e da Associação Americana de Diabetes (ADA). Disponível em: https://www.sweeteners.org/pt/latest-science-post/adocantes-de-baixas-calorias-na-diabetes-relatorios-atualizados-da-associacao-diabetes-uk-da-associacao-latino-americana-de-diabetes-alad-e-da-associacao-americana-de-diabetes-ada/. Acesso em: nov., 2021.

Diabetes UK [Internet]. The use of low or no calorie sweeteners. Position Statement (Atualizado em Dezembro de 2018). Disponível em: https://www.diabetes.org.uk/professionals/position-statements-reports/food-nutrition-lifestyle/use-of-low-or-no-calorie-sweetners. Acesso em: nov., 2021.

Laviada-Molina H, Escobar-Duque ID, Pereyra E, Romo-Romo A, Brito-Córdova G, Carrasco-Piña E, González-Suárez R, López-García R, Molina-Seguí F, Mesa-Pérez JA. Consenso de la Asociación Latinoamericana de Diabetes sobre uso de edulcorantes no calóricos en personas con diabetes; 2018. Disponível em: https://www.revistaalad.com/abstract.php?id=386. Acesso em: nov., 2021.

Evert AB, Dennison M, Gardner CD, Garvey WT, Lau KHK, MacLeod J, Mitri J, Pereira RF, Rawlings K, Robinson S, Saslow L, Uelmen A, Urbanski PB, Yancy Jr. WS. Nutrition Therapy for Adults with Diabetes or Prediabetes: A Consensus Report. Diabetes Care; 2019. Disponível em: https://care.diabetesjournals.org/content/42/5/731. Acesso em: nov., 2021.

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