Valvopatias: conheça os risco das doenças nas válvulas do coração

Saúde
18 de Maio, 2022
Valvopatias: conheça os risco das doenças nas válvulas do coração

Em uma simples consulta de rotina, o médico consegue, por meio do estetoscópio, detectar uma possível disfunção no coração do paciente que não sente sintoma algum. São as chamadas valvopatias. Então, entenda agora o que são elas, quais são seus tipos, causas, sintomas e tratamentos.

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O que são as valvopatias?

O coração possui quatro válvulas: mitral, aórtica, pulmonar e tricúspide. Elas desempenham um papel fundamental no bom funcionamento do órgão, pois são responsáveis pelos movimentos de abertura e fechamento que levam o sangue na direção correta entre as cavidades do coração e o restante do corpo. Dessa forma, as valvopatias são um conjunto de doenças causadas pelo mal funcionamento de uma ou mais válvulas, que podem ser:

  • A válvula não fecha corretamente, dando lugar para que o sangue retroceda, ao invés de avançar. A isso se dá o nome de insuficiência valvar.
  • A válvula não abre corretamente, o que dificulta a passagem do sangue. A isso se dá o nome de estenose ou obstrução valvar.
  • As duas situações podem acontecer simultaneamente, ocasionando a dupla lesão valvar, gerando um cenário ainda mais grave.

Assim, as valvopatias trazem uma fadiga para o coração, que tem que trabalhar mais para bombear o volume necessário de sangue. Com o tempo, essa carga extra traz complicações sérias para o indivíduo, pois o músculo cardíaco fica debilitado. Como consequência, pode causar insuficiência cardíaca que, em sua forma mais grave, leva à necessidade do transplante cardíaco.

Quais são as causas?

As valvopatias tem entre suas principais causas o envelhecimento e a febre reumática, infecção que ocorre após um episódio de amigdalite bacteriana tratada inadequadamente.

Mas, em geral, a maioria das valvopatias é decorrente do processo de envelhecimento, que gera o desgaste de uma ou mais válvulas do coração. Assim, uma em cada oito pessoas com mais de 75 anos sofre de valvopatia moderada a grave, em todo o mundo, e as mais comuns são a estenose aórtica e a insuficiência mitral. 

As valvopatias que são consequência cardíaca da febre reumática aguda, geralmente, estão relacionadas às baixas condições de desenvolvimento das comunidades e são doenças preveníveis. No Brasil, cerca de 30 mil crianças e jovens têm febre reumática todo ano. 

No entanto, faltam dados sobre os casos de valvopatia reumática no país, de acordo com Auristela Ramos, chefe da seção de valvopatias do Dante Pazzanese. “Existe no Brasil uma subnotificação de casos de valvopatias reumáticas, pela falta de dados e rastreio insuficiente do Ministério da Saúde. A prevalência é maior do que o notificado. A deficiência afeta diretamente na erradicação da doença, já que só é possível combatê-la a partir da dimensão exata da situação.”

Sintomas

Muitas vezes, as valvopatias são assintomáticas no início, sendo facilmente confundidos com os sintomas ligados ao processo natural de envelhecimento. Assim, os principais sintomas incluem:

  • Dor no peito
  • Fadiga
  • Falta de ar
  • Dificuldade para se exercitar

A importância do diagnóstico

De acordo com Marlene Oliveira, presidente do Instituto Lado a Lado pela Vida (LAL) , o diagnóstico tardio das valvopatias traz muitas complicações para a saúde do paciente, além de impactar sensivelmente a sustentabilidade econômica do sistema de saúde brasileiro.

“O caminho para melhorar esse cenário deve envolver conhecimento e informação. Cada vez mais, há opções de acompanhamento e tratamento e essas escolhas não podem estar somente nas mãos do médico. É preciso que o paciente e sua família entendam a doença, saibam quais tratamentos estão disponíveis, como alcançá-los e se são realmente adequados e necessários”, afirma Marlene.

Carlos Castro, do Pacientes de Corazón México e membro do Global Heart Hub, concorda que o caminho correto é introduzir a educação para que os pacientes estejam informados, para fazer as perguntas necessárias quando chegam ao consultório médico. “Além disso, precisamos educar os clínicos gerais para que estejam atentos a sinais ao usar o estetoscópio, que é a ferramenta mais barata para identificarmos valvopatias”, explica. Além de auscultar o paciente, o médico também pode solicitar exames como tomografias, cateterismo e o ecocardiograma transesofágico, a depender do quadro clínico de cada paciente. 

Tratamento

Quando o diagnóstico da doença cardíaca reumática ocorre precocemente, injeções de penicilina ajudam a prevenir novos episódios da febre reumática e assim, evitar danos para as válvulas do coração e a progressão da doença.

Além disso, casos moderados são tratados com medicação (diuréticos, vasodilatadores) até o quanto for possível adiar a cirurgia. Quando a cirurgia se torna inevitável, a primeira tentativa é sempre a plastia da válvula, que preserva a valva nativa. É como uma plástica, que repara os tecidos ou estruturas da base, visando com que ela retorne ao seu funcionamento normal. Quando as condições não permitem a plastia, a valva mitral é trocada por uma prótese, que pode ser biológica ou mecânica.

Guia sobre valvopatias

O Instituto Lado a Lado pela Vida (LAL) lançou um Documento Guia inédito que alerta para o risco das valvopatias. O guia foi desenvolvido após a escuta e consulta de vários médicos e pesquisadores sobre a doença no Brasil, pacientes, familiares e gestores públicos e privados da saúde. Nele, é apresentado o cenário no país, como vive o paciente e a sua jornada nos sistemas de saúde, público e privado, desde o diagnóstico até o acesso aos tratamentos. Para conferir, clique aqui.

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Fonte: Marlene Oliveira, presidente do Instituto Lado a Lado pela Vida, Guia sobre valvopatias, Auristela Ramos, chefe da seção de valvopatias do Dante Pazzanese e Carlos Castro, do Pacientes de Corazón México e membro do Global Heart Hub.

Sobre o autor

Fernanda Lima
Jornalista e Subeditora da Vitat. Especialista em saúde

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