Vacina para rinite alérgica (imunoterapia): Como funciona e quem pode tomar?

Saúde
15 de Dezembro, 2021
Vacina para rinite alérgica (imunoterapia): Como funciona e quem pode tomar?

Com certeza, você conhece alguém que sofre de rinite, ou você mesmo sofre com essa doença. Isso porque a rinite atinge de 30% a 40% da população mundial, segundo a Organização Mundial da Alergia. Ela aparece de repente, causando espirros, tosse, nariz entupido e coriza, às vezes com alguns sintomas mais fortes e outros mais brandos. Apesar de ser o tipo mais comum de irritação alérgica e atingir 1/4 da população brasileira, a vacina para rinite alérgica (imunoterapia) ainda não é tão popular quanto essa doença crônica. Por isso, saiba tudo sobre esse tipo de imunoterapia logo abaixo.

O que é rinite?

O nosso nariz é composto por mucosas que possuem as funções de umedecer, aquecer e filtrar os componentes do ar que respiramos.

Essas mucosas impedem que as grandes partículas (como pólen, pó, pelos e outros elementos) passem pelas nossas vias respiratórias e cheguem ao nosso pulmão. Portanto, rinite é uma condição que acontece quando essas grandes partículas inflamam as mucosas nasais.

Existem 4 tipos de rinite: alérgica, não alérgica, aguda e crônica:

  • Rinite alérgica: causada por algumas partículas — poeira, cheiros fortes, ácaros e pelos de animais domésticos, por exemplo. Sintomas: espirros, coriza, coceira, congestão nasal e lacrimejamento;
  • Rinite não alérgica: infecções virais, como gripes e resfriados. Possui os mesmos sintomas que a rinite alérgica, exceto a coceira;
  • Rinite aguda: causada por infecções por vírus ou bactérias, como em gripes e resfriados. Pode também ser desencadeada por uma alergia. Costuma durar menos de 4 semanas;
  • Rinite crônica: quando há um prolongamento de uma crise de rinite, podendo durar mais de 12 semanas consecutivas. Sua causa pode ser resfriado, doenças infecciosas, baixa umidade ou partículas irritantes no ar.

O que é uma vacina para rinite alérgica (imunoterapia)?

A vacina para rinite alérgica, na verdade, é uma imunoterapia, que está indicada apenas para as rinites alérgicas. O mecanismo é diferente das vacinas que são desenvolvidas para a prevenção de doenças infecciosas, como as da Covid 19, influenza, sarampo e outras em que se aplicam os microorganismos mortos, atenuados ou partes deles, com o intuito de induzir resposta imune e assim defender nosso corpo quando esse agente entrar em contato conosco.

No caso da imunoterapia, é administrado o alérgeno (substância que causa alergia) para o qual o indivíduo é sensível, com a proposta de modular a resposta imunológica e aliviar os sintomas da rinite alérgica.

Eduardo Baptistella, presidente da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF), explica que a imunoterapia, é um tratamento que permite que pessoas alérgicas à poeira, por exemplo, tenham sintomas mais leves (ou seja, uma dessensibilização).

“A imunoterapia funciona quando o organismo entende que a poeira não causa problemas graves. Com isso, conseguimos diminuir algumas células inflamatórias, ou seja, o organismo reconhece os sintomas como algo não tão grave para ele”, esclarece o Dr. Eduardo Baptistella.

Como funciona a vacina para rinite alérgica (imunoterapia)?

De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial, a imunoterapia é feita em pequenas doses, até o organismo tornar-se dessensibilizado.

O médico especialista explica que a imunoterapia para rinite alérgica pode ser aplicada por um médico alergista, um otorrinolaringologista com especialização em alergia ou um pneumologista.

“Com esse tratamento, os benefícios da imunoterapia contribuem para evitar que as pessoas tenham que usar muitos medicamentos, fazendo com que os sintomas sejam mais leves. A imunoterapia pode durar dois anos ou mais, podendo ser injetável ou em gotas”, informa Eduardo.

Benefícios da vacina para rinite alérgica (imunoterapia)

A imunoterapia para rinite alérgica funciona de fato, de acordo com um estudo brasileiro publicado no periódico International Archives of Otorhinolaryngology.

O estudo comprovou que o tratamento com imunizantes faz os sintomas da alergia sumirem por um bom tempo. Contudo, o tratamento deve ser personalizado e baseado em alérgenos específicos para cada paciente.

Conversamos também com Eliana Cavasini, médica pneumopediatra, que confirma que o controle adequado da rinite alérgica melhora os sintomas, a qualidade de vida do paciente e reduz o número de infecções de vias aéreas, principalmente das rinossinusites bacterianas.

“A imunoterapia alérgeno específica, ou imunoterapia para rinite alérgica, é o único tratamento capaz de mudar o prognóstico da doença, evitar o aparecimento de novas sensibilizações alérgicas e prevenir a evolução para asma”, assegura a pneumopediatra.

Quem pode tomar a vacina de rinite alérgica (imunoterapia)?

Eliana Cavasini explica que a indicação da imunoterapia para rinite alérgica é um tratamento que visa dessensibilizar o paciente para o alérgeno responsável pelos sintomas, identificado por exames e através da história clínica do paciente.

Dessa forma, a imunoterapia pode ser indicada para pacientes específicos e prescrita por médicos habituados ao tratamento das alergias respiratórias.

Por isso, Eliana indica quem pode tomar a imunoterapia para rinite alérgica: “Qualquer paciente maior de 5 anos, em alguns casos 3 anos, que apresente sintomas respiratórios desencadeados por aeroalérgenos conhecidos (ácaros, pólen, epitélio, entre outros) e identificados no teste cutâneo de leitura imediata (prick teste) ou nos exames de sangue específicos (IGE específica), pode se beneficiar com a imunoterapia alérgeno específica”, avisa a Dra. Eliana Cavasini.

Quem não pode tomar?

A pneumopediatra Eliana Cavasini alerta que a indicação da imunoterapia para rinite alérgica não é viável quando há contra indicações para a sua utilização. As contra indicações absolutas são:

  • Pacientes com asma grave descontrolada;
  • Quem sofre de doença autoimune em atividade;
  • Além disso, pacientes que usam medicação com betabloqueadores.

Como tomar a imunoterapia para a rinite alérgica?

Existem duas formas de tomar a imunoterapia para a rinite alérgica: subcutânea (injetável) ou sublingual (oral), segundo a Dra. Eliana Cavasini. “A posologia e a forma de tomar devem ser discutidas com o médico prescritor”, indica a Dra. Eliana Cavasini.

A imunoterapia para alergia engorda: é mito ou verdade?

Existe um mito em torno da imunoterapia para a rinite alérgica que faz muitas pessoas acreditarem que esse tipo de imunoterapia injetável faz engordar.

A Dra. Eliana Cavasini desmistifica esse rumor: “Dentro dos efeitos colaterais da imunoterapia para rinite alérgica, não há o aumento do peso, como se acreditava antigamente”, esclarece.

Efeitos colaterais

A médica Dra. Eliana explica que os efeitos colaterais da imunoterapia para rinite alérgica pode variar entre uma discreta piora do quadro alérgico até uma anafilaxia (inchaço facial), que apesar de rara, pode ocorrer na administração injetável.

“É muito importante, portanto, que a aplicação dessa imunoterapia seja feita em um ambiente adequado e supervisionada por um profissional médico (no caso da injetável)”, alerta a pneumopediatra.

Por fim, Eduardo Baptistella, informa que os efeitos colaterais da imunoterapia para rinite alérgica podem incluir coceira no local da aplicação e tosse.

Fontes: Eduardo Baptistella, presidente da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF); e Eliana Cavasini, médica pneumopediatra.

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