Ultraprocessados contribuíram para o aumento da obesidade no Brasil
Recentemente, um estudo realizado pelo Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens), da USP, apontou uma relação direta entre os alimentos ultraprocessados e a obesidade no Brasil. De acordo com a pesquisa, esse tipo de produto foi responsável por cerca de 28% do aumento da obesidade no país entre 2002 e 2009. O artigo saiu no International Journal of Public Health em maio deste ano.
Ultraprocessados e obesidade: como funcionou o estudo
Para chegar aos resultados, os especialistas usaram dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em sete anos, o levantamento colheu informações sobre a aquisição de alimentos ultraprocessados e também sobre a altura e o peso dos entrevistados.
Então, os cientistas cruzaram os dados, e perceberam a ligação entre as duas questões — assim como a ingestão de ultraprocessados, os índices de obesidade só cresceram durante o período.
De acordo com Maria Laura Louzada, principal autora do artigo, a comunidade médica já conhece a relação de causalidade entre as duas coisas há um tempo. A questão é tentar entender exatamente como esses alimentos promovem o ganho de peso. Uma das teorias é a de que eles estimulam a compulsão alimentar, uma vez que afetam a sensação de saciedade.
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O que são alimentos ultraprocessados?
De acordo com a classificação NOVA, do próprio Nupens, os alimentos são categorizados em quatro grupos:
- In natura e minimamente processados: obtidos diretamente de plantas ou de animais (como verduras, legumes, frutas, ovos e leite), e que não sofreram nenhuma alteração para serem consumidos. Minimamente processados são cereais, grãos, farinhas e cortes de carne, que foram submetidos a pequenas alterações, porém sem mudanças na sua matriz nutricional;
- Ingredientes culinários: extraídos de alimentos in natura, ou diretamente da natureza, e utilizados como temperos ou para cozinhar. São óleos, sal, açúcar e gorduras;
- Processados: alimentos in natura que receberam acréscimo de sal e açúcar. Ou, então, nos quais houve a mistura de ingredientes naturais, como legumes em conserva, frutas em calda, queijos e pães artesanais;
- Ultraprocessados: alimentos que passaram por diversas etapas de processamento, sofrendo adição de ingredientes químicos com a finalidade de alterar textura, sabor, cor, durabilidade, entre outras características. São exemplos destes alimentos: pães industrializados, biscoitos, chocolates, requeijão, maionese, molhos e temperos prontos, macarrão instantâneo, salgadinho de pacote e pratos congelados.
Fontes:
- Changes in Obesity Prevalence Attributable to Ultra-Processed Food Consumption in Brazil Between 2002 and 2009;
- Classificação NOVA.