Trombose e Covid-19: como o vírus compromete a circulação

Saúde
17 de Março, 2022
Trombose e Covid-19: como o vírus compromete a circulação

Trombose e coronavírus têm sido observados pela ciência desde o início da pandemia. Dados de 2021 indicaram que 10% a 15% dos pacientes internados por conta da infecção do novo coronavírus desenvolveram trombose. Entretanto, as taxas de internação em UTI são ainda maiores: cerca de 30%.

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O que é trombose?

É uma complicação que causa entupimento de veias ou artérias. Em outras palavras, as paredes dessas veias e artérias sofrem algum tipo de obstrução causada por coágulos de sangue, que impedem a circulação adequada. Se não for devidamente tratada, pode levar a quadros graves e fatais. Dessa forma, AVC, embolia pulmonar e infarto do miocárdio, por exemplo, são consequências da trombose.

Afinal, qual a relação entre trombose e coronavírus?

Logo no início da pandemia, foi publicado um artigo na National Library of Medicine dos EUA, que ressaltou que a trombose era uma condição em pacientes internados com Covid-19 grave. O estudo avaliou 184 pacientes, e metade deles apresentaram trombose. Afinal, por que isso acontece? De acordo com Eduardo Toledo de Aguiar, angiologista, cirurgião vascular e presidente da Associação Brasileira de Flebologia e Linfologia (ABFL), o coronavírus agride o sistema linfático. “Por meio da proteína spike, o coronavírus atinge a camada mais interna do vaso sanguíneo (endotélio), provocando o mecanismo de coagulação”, explica o especialista. A coagulação é uma reação de proteção do organismo à área lesionada. Dessa forma, os vasos sanguíneos tornam-se mais espessos e a passagem de sangue, nutrientes e oxigênio fica comprometida.

Quando existe risco de trombose devido ao Covid-19?

Aguiar aponta que a parcela da população vulnerável é a com mais de 50 anos. “Diabetes, hipertensão, sedentarismo e tabagismo oferecem mais riscos de sofrer com a trombose associada à ação do coronavírus”, acrescenta. Porém, é importante diferenciar varizes de trombose (condições que normalmente são confundidas) para evitar preocupações desnecessárias. As varizes são veias dilatadas superficiais, provocadas por algum tipo de pressão vascular (gravidez ou ficar muito tempo em pé, por exemplo). Nesse caso, a predisposição genética e sedentarismo são bem influentes na formação das varizes.

Assim, quem possui varizes não necessariamente terá mais varizes nem contrair uma infecção por Covid-19. “O Covid-19 não torna ninguém mais propenso a ter varizes, mas há mais chances de desencadear a trombose, sobretudo se a infecção for grave e necessitar de hospitalização. É por isso que um dos medicamentos utilizados nesses casos são os anticoagulantes, para evitar complicações do sistema cardiovascular”, esclarece Fátima Mohamad El Hajj, médica cirurgiã vascular e diretora do Vascularium Institute, em São Paulo (SP).

Trombose e coronavírus: é possível tratar e prevenir?

Geralmente, a trombose é tratada com anticoagulantes, que ajudam a afinar o sangue, ou fibrinolíticos, que destroem o coágulo. Se o estágio da trombose estiver avançado, é feito o procedimento invasivo (aspiração de coágulo ou instalação de um filtro em uma veia principal de chegada do sangue ao coração, que é a veia cava). A melhor prevenção são hábitos saudáveis — siga uma rotina ativa aliada a uma alimentação equilibrada e descanso.

Para o coronavírus, o tratamento deve ser feito sob supervisão médica. Se for grave, necessita de hospitalização e acompanhamento após a recuperação em caso de sequelas. Portanto, para evitar o risco de infecção, é preciso tomar a vacina e todas as doses recomendadas. A medida ainda pode amenizar a gravidade dos sintomas.

Fonte: Eduardo Toledo de Aguiar, angiologista e cirurgião vascular, presidente da Associação Brasileira de Flebologia e Linfologia (ABFL). Membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV) e professor livre docente de Cirurgia Vascular FMUSP; Fátima Mohamad El Hajj, médica cirurgiã vascular e diretora da Vascularium Institute. Título de especialista em Ecografia Vascular pela AMB/CBR/SBACV e membro pleno da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular – SBACV.

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