Traumatismo craniano: o que é, quais são as causas e tratamentos

Saúde
01 de Abril, 2022
Traumatismo craniano: o que é, quais são as causas e tratamentos

Batidas fortes na cabeça causadas por acidentes, quedas ou esportes de alto impacto são algumas das principais causas de traumatismo craniano. Também chamado de traumatismo cranioencefálico, a condição ocorre quando há algum tipo de lesão no crânio. Além da contusão, dependendo da gravidade, pode atingir o cérebro e causar sangramentos, formação de coágulos e edemas.

Foi o que ocorreu com o ex-BBB Rodrigo Mussi, que atualmente está internado na UTI de um hospital em São Paulo depois de sofrer um grave acidente. Ele estava em um carro por aplicativo que se chocou com um caminhão. Sem cinto de segurança, Rodrigo foi arremessado para a frente do veículo e, com o impacto da batida, sofreu múltiplas lesões no corpo, incluindo traumatismo craniano. Nas redes sociais, sua equipe contou que, além do traumatismo, ele também teve duas fraturas expostas e outras menores.

A família do ex-BBB de 36 anos afirmou ainda que ele reage bem após passar por cirurgias. “As cirurgias realizadas durante a noite foram bem sucedidas e Rodrigo Mussi reage bem. Ele foi encaminhado para monitoramento na UTI. A família agradece a todas as correntes positivas, mensagens e pede que se mantenham firmes em oração”, diz a postagem.

Os tipos de traumatismo craniano

O Dr. Wanderley Cerqueira de Lima, neurocirurgião e neurologista, usa uma metáfora para explicar o traumatismo craniano. “Imagina um pirex com uma gelatina. Se você mexer, a gelatina pode quebrar. A mesma coisa acontece com o cérebro. Se eu bater o joelho ou o cotovelo, eu tenho para onde expandir, mas imagine o inchaço dentro do cérebro. Portanto, se há um coágulo, ele deve ser removido, e isso é feito por meio de cirurgia.”

Em outras palavras, o crânio é uma estrutura fechada, rígida. Dentro tem o cérebro, que tem uma consistência mais gelatinosa por conta de um líquido capaz de absorver traumas leves. Porém, traumas graves que deformam a cabeça não são simples de resolver.

Assim, ele explica que existem vários graus de traumatismo craniano que vão desde uma pequena batida na cabeça até uma lesão mais acentuada. “Tudo vai depender da velocidade e do grau de impacto desse trauma”. Dessa forma, o traumatismo craniano é classificado em três graus diferentes, de acordo com o impacto que causou o trauma:

  • Leve: ocorre, por exemplo, quando uma pessoa cai, bate a cabeça ou leva uma bolada, mas não perde a consciência, não lesiona o cérebro e tampouco tem sequelas do trauma. Geralmente, a pessoa fica em observação e é liberada no mesmo dia.
  • Moderado: Nesse caso, o paciente precisa ficar em observação.
  • Grave: Representa alto risco de morte.

No caso de Rodrigo Mussi, explica o Dr. Wanderley, houve um politraumatismo. “Dessa forma, outros profissionais precisam se envolver, ortopedista, fonoaudiólogo, por exemplo. Além disso, a monitorização deve ser constante, como aparelhos para monitorar a pressão arterial“, explica.

Sintomas de traumatismo craniano

Os sintomas de traumatismo craniano podem se manifestar no momento do acidente ou depois de horas e até mesmo semanas. Segundo o especialista, os mais comuns são dor de cabeça, confusão mental, alteração do nível de consciência, e, em casos mais graves, a pessoa não consegue respirar sozinha.

“Muitas vezes, a pessoa bateu a cabeça e nem se lembra, por causa da amnésia pós-traumatismo. Além disso, sintomas como sonolência ou vômitos podem indicar hipertensão intracraniana. Nesse caso, há o risco de comprimir estruturas nobres e profundas do cérebro, causando um edema profundo. A preocupação é tratar para que o inchaço do cérebro diminua progressivamente e o paciente possa acordar devagar e sair dos aparelhos utilizados no coma”, explica o neurologista.

Como diagnosticar?

O melhor exame para diagnosticar o traumatismo craniano é a tomografia computadorizada da cabeça, bem como a avaliação clínica do médico. Além disso, também se utiliza a Escala de Glasgow. Ela varia do grau 3 a 15, sendo que o mais baixo representa maior gravidade. A escala serve como parâmetro para auxiliar a decisão dos médicos de realizar ou não procedimentos específicos. Dessa forma, o paciente costuma ser entubado quando a escala está abaixo de 9, por exemplo.

“Com a escala, avaliamos se o paciente abre os olhos, se tem comunicação verbal e se mexe os membros inferiores. Medimos, também, seu nível de consciência. De 3 a 15, o 3 representa morte encefálica, por exemplo. Assim, o neurocirurgião vai decidir qual conduta tomar”, afirma o especialista.

Sequelas e tratamento do traumatismo craniano 

Dada a gravidade da lesão, é comum que os pacientes apresentem alterações mesmo após a recuperação. Dessa forma, algumas das sequelas de traumatismo craniano são: 

  • Convulsões; 
  • Distúrbios de movimento, como paralisia e perda de equilíbrio, bem como distúrbios cognitivos, que podem incluir variações de humor, déficit de atenção e perda de memória; 
  • Apatia; 
  • Alterações no ciclo do sono.

“São comuns paralisias ou sequelas cognitivas e de aprendizado. A fisioterapia respiratória e motora é indicada desde o primeiro dia até que o paciente se recupere, além de outros tipos de tratamentos. É uma reabilitação integrada”, completa. Por fim, as consequências do traumatismo craniano nem sempre são imediatas e suas sequelas podem permanecer durante toda a vida. Por isso, o ideal é consultar um neurologista para esclarecer todas as dúvidas, realizar os exames primordiais e levar o tratamento adiante.

Leia mais: Afinal, o que fazer para evitar acidentes e traumatismos?

Fonte: Dr. Wanderley Cerqueira de Lima, Neurocirurgião e Neurologista dos Hospitais Albert Einstein e Rede D’Or e Diretor do WCL Neurocirurgia. CRM-SP 41295.

Sobre o autor

Fernanda Lima
Jornalista e Subeditora da Vitat. Especialista em saúde

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