USP realizará testes para tratamento de depressão grave com campos eletromagnéticos

Equilíbrio
19 de Outubro, 2020
USP realizará testes para tratamento de depressão grave com campos eletromagnéticos

O Instituto de Psiquiatria (IPq), do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina (FMUSP) da Universidade de São Paulo (USP), irá iniciar em março de 2021 testes para analisar os efeitos terapêuticos da magnetoconvulsoterapia – nova técnica de tratamento para a depressão grave. 

A magnetoconvulsoterapia é a indução de convulsões para a estimulação do cérebro, por meio de ondas eletromagnéticas, semelhantes às utilizadas nos exames de ressonância magnética. Essa abordagem é indicada para pacientes em estado grave que não mostram resposta adequada ao tratamento com medicamentos, com risco de suicídio. 

O equipamento utilizado durante o tratamento funciona por intermédio de duas bobinas magnéticas, em forma de cone. “A ação desse campo leva a uma despolarização do cérebro, o que causa a crise convulsiva” explica André Brunoni, psiquiatra e um dos pesquisadores responsáveis pelos testes.

Dessa forma, o intuito da pesquisa é comparar a nova técnica em relação a ECT, tratamento que também induz a convulsão nos pacientes para tratar depressão grave, por meio de choques elétricos. 

Leia mais em: Terapia eletroconvulsiva: O que é, para que serve e como funciona

Como os testes serão feitos

A pesquisa será conduzida por André Brunoni e pelo psiquiatra José Gallucci Neto. De acordo com o Instituto de Psiquiatria da instituição, o tratamento contará com a participação de cem pessoas com depressão grave, que não apresentam melhoras com o uso de medicamentos. Assim, metade será submetida a ECT e a outra metade à nova técnica. 

Os pacientes farão de seis a doze sessões de tratamento, gratuitamente. No final, os pesquisadores irão avaliar qual foi a melhor abordagem obtida e os efeitos colaterais em relação. 

O que outras pesquisas dizem

Segundo Brunoni, o procedimento tem mostrado menos efeitos colaterais que a ECT, como a perda de memória. A magnetoconvulsoterapia não utiliza choques elétricos, o que ajuda o paciente a recuperar a consciência mais rapidamente. 

Além disso, o psiquiatra explica que já existem outros estudos promissores sobre a eficácia da magnetoconvulsoterapia. Na Alemanha, uma pesquisa com dez voluntários mostrou que o tratamento pode diminuir a perda de memória. Outro trabalho feito no Canadá, foi capaz de reduzir em 44,4% a intenção de suicídio. Contudo, são pesquisas promissoras e necessitam de mais estudos.

A depressão pode causar sintomas graves que afetam a maneira como o indivíduo se sente, pensa e administra a vida. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) a doença afeta mais de 300 milhões de pessoas. No Brasil, 5,8% da população é afetada.

Além disso, também pode causar uma variedade de mudanças emocionais e físicas. Como ganho ou perda de peso, insônia e dor crônica. Assim, esse distúrbio varia em gravidade, desde episódios leves de tristeza até depressão grave e persistente.

Fonte: Jornal da USP

Sobre o autor

Julia Moraes
Jornalista e repórter da Vitat. Especialista em fitness, saúde mental e emocional.

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