Tolerância ao álcool: o que é, fatores relacionados e tipos

Alimentação Saúde
31 de Março, 2022
Tolerância ao álcool: o que é, fatores relacionados e tipos

Em festas e eventos sociais, quase sempre tem alguém que ingere quantidades generosas de drinks e cervejas, mas parece não ficar bêbado, não é mesmo? Realmente, a tolerância ao álcool é diferente para cada organismo. Mas o que a determina? Descubra:

O que é tolerância ao álcool?

De acordo com a nutricionista Adriana Stavro, trata-se do volume de álcool que um indivíduo pode consumir antes de sentir os efeitos do mesmo.

Uma pessoa com alta tolerância, por exemplo, consegue beber mais sem ficar ou parecer bêbada. O que pode ser um problema, já que “incentiva um maior consumo de álcool, contribuindo para a dependência e causando efeitos adversos à saúde”, diz a especialista.

Certos fatores ajudam a definir essa questão, como:

  • Gênero;
  • Peso corporal;
  • Idade;
  • Genética;
  • Tipo de bebida.

Além disso, quem bebe regularmente pode se tornar mais tolerante com o tempo — a chamada tolerância metabólica. Isso porque o uso repetido do álcool faz com que o fígado se torne mais “eficiente” na eliminação do mesmo. Isso resulta em uma redução da substância na corrente sanguínea, diminuindo seus efeitos.

Leia também: Mindful drinking: Método aposta no consumo consciente de álcool

Tipos de tolerância ao álcool

De acordo com o Instituto Nacional de Abuso de Álcool e Alcoolismo, o consumo frequente também faz com que o corpo “se acostume” com a presença do álcool na corrente sanguínea, ou seja, as funções cerebrais começam a se adaptar para compensar os efeitos deletérios do composto.

São cinco os tipos de tolerância ao álcool:

Tolerância ao álcool dependente do ambiente

É quando a tolerância ao álcool aumenta em ambientes familiares.

Tolerância ao álcool independente do ambiente

Quando essa característica não sofre influência do lugar onde a pessoa está. Na verdade, ela pode até ser maior diante de novos estímulos.

Tolerância ao álcool metabólica

Como já explicado anteriormente, é quando o corpo passa a eliminar o álcool de forma mais rápida.

Tolerância ao álcool aprendiz

O indivíduo desenvolve a característica de controlar as suas habilidades motoras mesmo sob influência da substância.

Tolerância ao álcool aguda

É quando o comprometimento é mais significativo no início de uma sessão de bebida do que ao final.

Tolerância ao álcool genética

Para algumas pessoas, a baixa tolerância é causada por uma falta natural da enzima chamada acetaldeído desidrogenase. Quando a maioria das pessoas ingere álcool, essa enzima ajuda a metabolizar o etanol. O fígado, então, converte o etanol em acetaldeído, uma substância que pode causar danos às células. Aí, outra enzima (aldeído desidrogenase 2), ajuda a converter o acetaldeído em ácido acético, que não é tóxico.

Em pessoas com intolerância genética ao álcool, uma mutação torna a enzima aldeído desidrogenase 2 menos ativa ou inativa. Como resultado, o corpo não pode converter acetaldeído em ácido acético. O acetaldeído começa a se acumular no sangue e nos tecidos, causando sintomas logo nos primeiros goles.

Leia também: Bebida alcoólica pode baixar a imunidade?

Efeitos do álcool

A nutricionista explica que o etanol, também conhecido como álcool, álcool etílico ou álcool de cereais, é o principal ingrediente das bebidas alcoólicas. “O etanol é um líquido claro e incolor, subproduto da fermentação das plantas. Isso significa que não é produzido por conta própria, mas como resultado de outro processo.”

O etanol é formado quando a levedura fermenta os açúcares presentes nas plantas. Por exemplo, a cerveja é feita a partir dos açúcares da cevada maltada; o vinho, dos açúcares das uvas; e a vodka, dos açúcares das batatas.

“O álcool é principalmente um depressor, mas tem efeitos estimulantes quando você começa a beber. Ele age praticamente quando entra na boca, e seus efeitos se tornam mais perceptíveis à medida que a bebida percorre seu metabolismo, comprometendo desde humor até músculos”, diz Adriana Stavro.

O etanol passa por todo o corpo através do sistema digestivo e da corrente sanguínea. No cérebro, ele deprime o sistema nervoso central e desencadeia a liberação de dopamina e serotonina. E se liga ao glutamato, que é um neurotransmissor, o impedindo de agir — deixando, assim, o órgão mais lento. Além disso, ele também ativa o ácido gama-aminobutírico (GABA), provocando sensações de sonolência e calma.

Conheça outros efeitos:

Efeitos físicos do álcool

Em pequenas doses, o álcool é levemente sedativo e pode afetar sua coordenação. Assim, conforme a ingestão aumenta, a fala fica atrapalhada e o corpo, mais lento. Muitas pessoas vomitam e têm náuseas.

Quando alguém ingere álcool, há também uma diminuição do consumo de energia pelo cerebelo. Essa é a área do cérebro que coordena o movimento voluntário. É por isso que é difícil para uma pessoa bêbada andar em linha reta ou dirigir.

Efeitos mentais do álcool

Além dos efeitos físicos visíveis do álcool, existem também as consequências mentais (invisíveis). A personalidade da pessoa muda: alguns ficam felizes e confiantes, enquanto outros tornam-se agressivos. Suas emoções se intensificam.

Apesar dos efeitos estimulantes, o álcool é considerado um depressor. Isso ocorre porque ele retarda o sistema nervoso central (SNC).

Efeitos comportamentais

A bebida alcoólica prejudica a forma como a pessoa reage ao ambiente. Isso, então, a torna impulsiva e reduz suas inibições. O consumo de álcool também altera a visão, o que significa que é menos provável que o indivíduo perceba informações sobre os riscos ao seu redor.

Certas regiões do cérebro também têm suas atividades diminuídas, especialmente aquelas responsáveis pela tomada de decisões, pela racionalização e pela formação de novas memórias. É por isso que alguns experimentam uma espécie de amnésia depois de uma noite de bebedeira.

Por fim, a substância também aumenta a norepinefrina, um neurotransmissor que causa excitação. Desse modo, o cérebro bêbado tende a buscar o prazer sem considerar as consequências negativas.

Fonte: Adriana Stavro, nutricionista, mestre e especialista em Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT) pelo Hospital Israelita Albert Einstein.

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