Testes rápidos de Covid são seguros? Especialista explica

Saúde
13 de Junho, 2022
Testes rápidos de Covid são seguros? Especialista explica

De acordo com monitoramento da Abrafarma (Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias), os testes positivos para Covid-19 feitos nas farmácias brasileiras aumentaram entre 30 de maio e 5 de junho, “e já chegaram a quase 40% de todos resultados do mês de maio”. Em contrapartida, a eficácia dos autotestes e antígenos caiu desde o surgimento da variante Ômicron, variando entre 40% a 50% de precisão. Já o PCR, em 80% e 85%. É o que sugere um estudo feito em fevereiro deste ano por cientistas de Ontario, do Canadá, que revela a queda da sensibilidade desses exames. Afinal, os testes rápidos de Covid são seguros? O que fazer se houver suspeita de falso negativo mesmo com os sintomas da infecção? Consultamos o médico infectologista Eduardo Sellan Lopes Gonçales para responder a estas e a outras perguntas. Saiba mais.

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Por dentro das diferenças entre os testes

Antes de mais nada, é importante saber como funciona cada teste disponível no mercado, a começar pelo PCR. “Nele, buscamos a parte mais profunda do vírus, que é o seu código genético (RNA). É uma técnica mais complexa, pois envolve o uso de um aparelho laboratorial específico para detectar o RNA. No entanto, o PCR tem a vantagem de possuir alta sensibilidade. Ou seja, mesmo com a presença de poucos vírus na amostra, é possível identificá-los”, explica Gonçales.

Já o antígeno (o qual conhecemos por “teste do cotonete”) e o autoteste possuem uma dinâmica parecida com um teste de gravidez de farmácia. “Ambos analisam a parte mais superficial do vírus, chamada proteína M que, inclusive, confere o aspecto de ‘coroa’ do vírus. Tecnicamente são testes menos complexos, pois basta a coleta de secreção nasal associada ao reagente para indicar ou não a infecção pelo vírus”, esclarece o especialista. Contudo, diferentemente do PCR, o antígeno e o autoteste precisam de quantidades maiores do vírus. Dessa forma, a sensibilidade é menor.

Os testes rápidos de Covid são seguros ou devemos confiar apenas no PCR?

“Raramente existem casos de falso positivo. Então se a pessoa tem ou não os sintomas da doença e testa positivo para qualquer formato de teste, o resultado está correto, pois houve a identificação do vírus”, avalia Gonçales. Mas a situação contrária exige uma nova tentativa após 24h da realização do primeiro teste. O ideal é refazê-lo com uma metodologia diferente. “Por exemplo, se eu utilizei o antígeno ou autoteste, melhor optar pelo PCR que é mais sensível na segunda rodada”, sugere o médico. Caso não seja possível, não há problema em repetir o método, desde que o intervalo de 24h seja respeitado.

Deu negativo em todas as tentativas. E agora?

Diante da redução de sensibilidade aos vírus devido às diversas mutações ao longo da pandemia, é importante aderir ao isolamento — sobretudo se a pessoa estiver com os sinais típicos da enfermidade. Afinal, mesmo não sendo Covid-19, pode ser uma gripe, que é igualmente contagiosa. Na dúvida, a prevenção continua sendo a melhor forma de evitar a transmissão do vírus para outras pessoas.

E por que a eficácia dos testes rápidos diminuiu? A princípio, todos os testes que temos atualmente foram produzidos com base no conhecimento adquirido no início da pandemia do coronavírus até o surgimento da variante Delta. Porém, as mutações se desenvolveram e surgiu a Ômicron, que subverteu a lógica dos exames. “Primeiro porque a Ômicron permanece menos tempo no organismo e possui menos vírus no nariz em relação à Delta. Alguns prováveis motivos estão relacionados à própria característica do vírus e ao maior poder de defesa adquirido por meio da vacinação. Além disso, a Ômicron possui a mutação da proteína M, que atrapalha a detecção pelo antígeno ou autoteste”, afirma Gonçales.

Por fim, outro fator que pode favorecer o falso negativo é a forma indevida de coletar a amostra nasal em um antígeno. Por ser um exame desconfortável, o profissional de saúde pode enfrentar dificuldades em recolher o muco do nariz, que precisa ser retirado da parte mais profunda da fossa. O mesmo ocorre com um teste feito pela própria pessoa, que nem sempre segue as instruções corretamente.

Fonte: Eduardo Sellan Lopes Gonçales, médico infectologista da Faculdade de Medicina da Unicamp e sócio e médico da Infectoria.

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