Teste de provocação oral: o que é, para que serve e quem deve fazer?

Saúde
10 de Maio, 2022
Teste de provocação oral: o que é, para que serve e quem deve fazer?

Quem possui alergias a determinados alimentos e produtos pode realizar um teste de provocação oral. Se você não sabe o que é, como é feito e possui outras dúvidas sobre esse tipo de teste, então leia esse texto até o final. Boa leitura!

O que é teste de provocação oral?

Para explicar o que é o teste de provocação oral, nós conversamos com a Dra Jackeline Motta Franco, coordenadora do Departamento Científico de Alergia Alimentar da ASBAI – Associação Brasileira de Alergia e Imunologia.

De acordo com a especialista, o teste de provocação oral é um procedimento que consiste na administração oral do alimento suspeito. Ele é feito em um ambiente controlado e padronizado, com o intuito de confirmar ou excluir uma alergia alimentar.

Por ser um procedimento que traz riscos, o teste precisa de orientação, e a relização fica a cargo de uma equipe devidamente qualificada.

O resultado do TPO, como também é chamado, facilita no tratamento (se necessário). Além disso, garante mais qualidade de vida para os indivíduos que sofrem com algum tipo de alergia.

Como o teste de provocação oral funciona?

Importante saber que esses testes, quando realizados por profissionais qualificados, são seguros e muito importantes para o diagnóstico.

“Ele consiste na oferta progressiva do alimento suspeito e/ou placebo, em intervalos regulares, sob supervisão médica para monitoramento de possíveis reações clínicas, após um período de exclusão dietética necessário para resolução dos sintomas clínicos”, explica a Dra Jackeline, da ASBAI.

Portanto, o paciente submetido ao teste possui seus sinais vitais monitorados. Além de ter qualquer sinal de reação adversa flagrado e tratado imediatamente pelos médicos especialistas que realizam a prática.

Para que serve o teste de provocação oral?

A nossa especialista consultada esclarece que o teste de provocação oral serve para confirmar ou excluir uma alergia alimentar. Sendo assim, o exame pode detectar qualquer suspeita.

Além disso, a médica informa que os resultados dos testes de provocação podem resultar nas seguintes indicações:

  • Avaliar o surgimento de tolerância em alergias alimentares potencialmente transitórias como a do leite, do ovo, do trigo ou da soja;
  • Para avaliar a quantidade mínima necessária para o aparecimento de sintomas, facilitando a criação de uma dieta que possa ser seguida pelo paciente;
  • Avaliar a reatividade clínica em pacientes sensibilizados e aqueles que possuem uma dieta restritiva a diversos alimentos;
  • Determinar se alérgenos alimentares associados a doenças crônicas podem causar reações imediatas nos pacientes;
  • Analisar a tolerância a alimentos envolvidos em possíveis reações cruzadas;
  • Verificar o efeito do processamento do alimento em sua tolerabilidade.

Leia também: Teste de Cooper: o que é, como é feito e quais os resultados?

Para quem o teste de provocação oral é indicado?

A Dra Jackeline Motta Franco informa que devem fazer o teste de provocação oral todos os pacientes, em qualquer faixa etária, que desejam confirmar ou excluir uma alergia alimentar.

O TPO é indicado também para pacientes que já realizaram testes alérgicos de pele ou no sangue. Mas que não tiveram resultados suficientes para um diagnóstico.

Além disso, o teste de provocação oral ajuda quem busca uma alternativa segura para o uso de determinado alimento ou medicamento.

Para quem não é?

Apesar de seguro, desde que adotadas as medidas corretas e realizadas por profissionais, em alguns casos, o teste de provocação oral é contraindicado. São eles:

  • Pacientes em crise asmática;
  • Que possuem condições clínicas debilitadas;
  • Que apresentam quadro recente de reação anafilática;
  • Por fim, pessoas em uso de medicamentos que influenciam o resultado do teste.

Benefícios do teste de provocação oral

Segundo a coordenadora da ASBAI, quando positivo, o TPO traz benefícios relacionados à confirmação do diagnóstico de alergia alimentar, à redução do risco de exposição acidental e da ansiedade sobre o desconhecido, além de validar o esforço do paciente e de seus familiares em evitar o alimento.

“Se negativo, o teste de provocação oral permite a ingestão do alimento suspeito, reduzindo o risco nutricional e melhorando a qualidade de vida do paciente”, diz a especialista.

Que profissional pode realizar o teste de provocação oral?

Um médico alergista especializado em alergia a medicamentos ou alimentos deve permanecer ao lado do paciente durante a realização dos testes de provocação oral.

De acordo com a Dra Jackeline Motta Franco, na presença de reações clínicas, uma equipe de enfermagem deve monitorar periodicamente os sinais vitais, administrar as medicações e controlar as manifestações clínicas.

“A presença de um nutricionista também é fundamental, já que ele será responsável pelo preparo das diluições e das porções administradas durante o procedimento, principalmente no teste de provocação oral duplo cego placebo controlado”, acrescenta a especialista.

Como é feito?

A nossa médica consultada conta que no teste de provocação oral com alergia alimentar mediada por IgE, quando os sintomas ocorrem dentro de 2 horas, os pacientes recebem doses tituladas (ou seja, controladas) para evitar reações graves.

“Existem vários protocolos, mas o aumento da dose a cada 30 minutos, com uma dose inicial de cerca de 3mg e uma dose máxima de cerca de 3g de proteína alimentar, parece ser uma abordagem razoável em relação à praticidade e à segurança”, lembra a doutora.

No entanto, embora o intervalo de dosagem de 30 minutos seja o melhor, o médico precisa notar que o tempo médio das reações clínicas pode variar, a depender do alimento e do paciente.

“Geralmente, a pessoa recebe 7 doses, nas quais a dose cumulativa representa um tamanho típico de porção. A quantidade total durante um TPO é de 8 a 10g para alimentos secos; 16 a 20g para carne ou peixe e, por fim, 100ml para alimentos líquidos”, comenta a especialista.

A Dra Jackeline Motta Franco informa que na alergia não IgE mediada, os pacientes geralmente apresentam sintomas tardios e predominantemente gastrintestinais, sendo os testes considerados de baixo risco.

“Em lactentes em aleitamento materno exclusivo que apresentam reações via leite materno, há indicação para reintrodução do alimento na dieta da mãe, e oferta posterior do leite materno à criança, para verificar a ocorrência de sintomas em decorrência dessa ingestão, ao invés de submeter a criança ao teste”, exemplifica a membro da ASBAI.

Fonte: Dra. Jackeline Motta Franco, coordenadora do Departamento Científico de Alergia Alimentar da ASBAI – Associação Brasileira de Alergia e Imunologia.

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