Terapia: Como funciona, tipos e por que fazer
Se você acha que terapia só é indicada para quem tem muitos problemas ou algum tipo de doença mental, é hora de rever suas crenças a respeito. Afinal, é muito comum se ver perdido ou frustrado por alguma razão, sem saber o que fazer. Eis que entra a ajuda de um psicólogo. Veja, então como funciona uma sessão de tarapia e os benefícios que a prática pode trazer a curto, médio e longo prazo:
Por que fazer terapia?
Com o crescimento de transtornos como ansiedade e depressão, procurar um profissional dessa área é fundamental para se reequilibrar e aliviar as angústias da mente e do coração.
Uma pesquisa feita em 2016 pela empresa Market Analysis descobriu que apenas 2% dos brasileiros recorrem à psicoterapia para resolver problemas. O motivo da baixa procura está relacionado à demora do tratamento, visto que exige tempo, dinheiro e dedicação em se descobrir por meio de ajuda profissional.
Contudo, a terapia é muito importante (principalmente hoje em dia), uma vez que:
- Vivemos em uma sociedade acelerada, na qual a nossa saúde mental é diariamente desafiada por uma série de acontecimentos;
- Os relacionamentos interpessoais têm ficado cada vez mais difíceis de manter;
- Diante da “vida perfeita” de alguns perfis nas redes sociais, algumas pessoas enfrentam cada vez mais dificuldade em ter autoestima e autoconfiança;
- Nós todos estamos sujeitos a passar por problemas, dificulades e até a nos sentir tristes de vez em quando. Mas a terapia é importante para nos ajudar a entender nossos sentimentos e a adquirir inteligência emocional para lidar com eles.
Vale, também, deixar os preconceitos de lado: recorrer à terapia não é um ato vergonhoso. Pelo contrário — mostra que você é maduro e responsável o suficiente para tentar encontrar soluções práticas e eficazes para os problemas do cotidiano.
Como funciona a terapia
Por mais que a psicoterapia esteja ancorada no diálogo e na troca verbal de informações, ela está longe de ser o mesmo que um bate-papo com um conhecido qualquer.
Os profissionais que conduzem as sessões possuem (ou deveriam possuir) extensa formação na área, que dá a eles ferramentas para conduzir a conversa conforme o perfil de cada um.
A missão é auxiliar o paciente a refletir e identificar as origens de um sofrimento para, a partir daí, estabelecer as maneiras de vencê-lo.
A primeira sessão, geralmente, é quase um monólogo, porque o paciente vai falar muito sobre ele mesmo para o profissional conhecê-lo melhor.
Ao longo dos encontros, desenvolve-se o relacionamento entre paciente e psicólogo, com conversas e técnicas para ir a fundo nos problemas, nas quais o paciente confidencia alguma questão ou problema que aflige sua qualidade de vida.
O profissional é o responsável por apontar caminhos que permitem ao indivíduo se conhecer melhor para identificar a origem de problemas, traumas, transtornos e como lidar com isso.
Não existe uma média de quantas sessões são necessárias para se ter uma “alta”, pois as pessoas, conflitos e transtornos são muito diferentes. Portanto, os resultados são relativos e podem demorar um pouco para aparecer.
Se possível, procure um profissional que tenha extensa formação, como pós-graduações e cursos focados em comportamento humano e áreas correlatas. Dessa forma, o psicólogo terá mais recursos para conduzir uma conversa produtiva a cada encontro.
Quem precisa fazer terapia
A terapia é recomendada para todos, porque sempre há uma questão que incomoda a paz do ser humano. “Ainda existe um preconceito forte contra a terapia. Isso porque muita gente acha que é um método válido apenas para ‘loucos’. Esse estigma surgiu há muitas décadas, quando psiquiatras e psicólogos utilizam a metodologia para tratar pessoas fora da curva de normalidade. Mas na verdade, todo mundo deveria fazer terapia para melhorar, evoluir e ter mais autoconhecimento para lidar com as dificuldades”, esclarece Yuri Busin, psicólogo doutor em neurociência do comportamento e diretor do Centro de Atenção à Saúde Mental – Equilíbrio (CASME).
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Para a terapia surtir efeitos, o especialista afirma que é necessário ter confiança nos métodos do profissional. “A pessoa precisa se sentir à vontade para se abrir e contar tudo sobre sua vida. Dessa forma, conseguimos chegar às raízes de problemas que atrapalham o equilíbrio”, sugere.
Benefícios da terapia
- Equilíbrio entre vida pessoal e profissional;
- Mais facilidade em lidar emoções negativas causadas por situações como desemprego, término de relacionamento e outros conflitos inerentes à vida moderna;
- Autoconhecimento e mais clareza para ter novas perspectivas sobre as dificuldades e os desafios;
- Além disso, melhoria de transtornos como ansiedade, depressão, síndrome do pânico, autismo e bipolaridade.
Principais tipos de terapia
Existem diversas linhas de metodologia que podem ser aplicadas nas sessões de terapia. Veja algumas das mais utilizadas em consultório.
Junguiana
Também chamada de psicologia analítica, é baseada nas ideias e concepções do psiquiatra e psicoterapeuta suíço Carl Jung. Nesse contexto, o terapeuta trabalha para integrar aspectos inconscientes à consciência do paciente. Essa imersão pode incluir análise de sonhos, arte terapia, jogo de areia e outras formas de trazer à tona o despertar da origem do problema. Portanto, a principal característica dessa técnica é a compreensão simbólica dos fatos, para se ir além do significado óbvio das situações expostas pelo paciente.
Psicanalítica
Sabe aquelas cenas típicas de filme, em que a pessoa se deita em um divã e começa a desabafar com o psicólogo? A psicanálise tem essa principal característica. Criada por Sigmund Freud, o paciente fica de costas para o analista e fala tudo o que estiver sentindo e passando em sua vida.
O papel do psicólogo é “provocar” o paciente a ter insights para entender o que acontece e como pode melhorar a situação. Ou seja, ouvir a si próprio em voz alta, tendo o apoio de um profissional como mediador, pode ser uma forma de se conhecer e modificar sua realidade.
Psicologia positiva
Uma das técnicas que estão em alta no momento, a psicologia positiva surgiu na década de 1990, sugerida por Martin Seligman, presidente da Associação de Psicologia (APA) na época. No geral, as linhas da psicologia focam em problemas e no que há de errado com as pessoas. Como o próprio nome sugere, a psicologia positiva mira em pontos e situações positivas da vida, valorizando as qualidades e como tais virtudes favorecem a evolução do indivíduo. “Precisamos olhar o que dá certo com as pessoas”, afirmou Seligman ao defender sua linha.
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Fonte: Yuri Busin, psicólogo doutor em neurociência do comportamento e diretor do Centro de Atenção à Saúde Mental – Equilíbrio (CASME).