TDAH: Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade

Equilíbrio
26 de Maio, 2022
TDAH: Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade

Provavelmente você já ouviu falar sobre TDAH. Isso porque, principalmente nos dias atuais, o assunto tem sido abordado cada vez mais. No BBB 22 (Big Brother Brasil), por exemplo, o tema veio à tona quando o participante Pedro Scooby afirmou que tinha o transtorno.

O que é TDAH?

O TDAH (transtorno do déficit de atenção com hiperatividade) é um transtorno neurobiológico que se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade. Dessa maneira, o transtorno surge na infância e afeta de 3% a 5% das crianças em idade escolar, com maior prevalência entre os meninos. Frequentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida, entretanto, diversos casos são diagnosticados apenas na fase adulta. 

Sendo assim, a maior dificuldade do TDAH durante a infância é para manter o foco nas tarefas e a agitação motora, que podem prejudicar o aproveitamento escolar.

Sintomas em crianças

De acordo com o Dr. Ariel Lipman, médico psiquiatra e diretor da SIG Residência Terapêutica, os sintomas de TDAH podem ser diversos, pois há diferentes tipos de TDAH. “Ele pode ser predominantemente desatento, predominantemente hiperativo ou misto. Os sintomas de desatenção podem ser dificuldade de se concentrar em aulas ou tarefas, esquecer ou perder objetos, cometer erros por descuido, parecer mal prestar atenção no que é falado, desorganização, entre outros. Os sintomas de hiperatividade podem ser incapacidade de ficar parado, sensação de ter grande energia, falar muito e muitas vezes em voz alta, impulsividade”, explica.

Para Rosangela Sampaio, psicóloga, a hiperatividade costuma ser mais evidente em crianças, que costumam ser inquietas, agitadas e falam demasiadamente. Por isso, é comum que elas estejam sempre pulando e correndo.

Sintomas em adultos

Os sintomas em adultos costumam ser parecidos, com mais predomínio do tipo desatento. “O que acontece é que a tolerância com os sintomas na vida adulta costumam ser menores, com consequências mais graves, no trabalho, relacionamento, etc”, ressalta o Dr. Ariel.

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Como diferenciar a falta de foco do TDAH

É comum as pessoas associarem a falta de foco com o TDAH. Especialmente durante o período de pandemia, a desatenção aumentou ainda mais e, com isso, muitos acreditaram estar com déficit de atenção.

“Sempre que falamos de transtorno na psiquiatria, temos que ter em mente que ele precisa ser grave suficiente e duradouro suficiente pra gerar desfuncionalidade. As pessoas não têm a mesma capacidade de atenção, foco ou o mesmo comportamento no dia a dia. O que difere uma pessoa ansiosa ou desfocada de uma pessoa com TDAH é a intensidade e prejuízo que os sintomas trazem”, ressalta o psiquiatra.

Causas

De acordo com a psicóloga Rosangela Sampaio, o predomínio do TDAH é semelhante em diferentes regiões, indicando que o transtorno não é secundário aos fatores culturais, mas sim, de causas genéticas. 

Nesse sentido, tem a ver com as alterações na região frontal e as suas conexões com o resto do cérebro. “A região frontal orbital é uma das mais desenvolvidas no ser humano em comparação com outras espécies animais. Sendo responsável por controlar ou inibir comportamentos inadequados, pela capacidade de prestar atenção, memória, autocontrole, organização e planejamento. Quando o funcionamento dos neurotransmissores estão alterados, o distúrbio pode se desenvolver” explica a psicóloga.

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Especialidades envolvidas no tratamento de TDAH

  • Psicólogo: costuma ser o primeiro profissional a ser consultado. O psicólogo leva mais em conta aspectos emocionais;
  • Psiquiatra: responsável pelo tratamento medicamentoso, receitando os remédios de acordo com o nível do transtorno;
  • Neuropsicólogo: realiza testes para obter o diagnóstico e avaliar a concentração e percepção do paciente.

Perguntas frequentes

1. Existe cura para o TDAH?

O Dr. Ariel afirma que esse transtorno tem natureza incurável, mas há tratamento. Desse modo, os medicamentos ajudam a controlar os sintomas e outras estratégias podem ajudar a atenua-los. Sendo assim, o paciente pode aprender a se proteger e até chegar a não precisar mais de medicação. Ou seja, é sempre uma questão de custo x beneficio.

2. É hereditário?

Sim, é possível herdar o transtorno, tanto do pai quanto da mãe. De acordo com estudos, crianças com pais diagnosticados com TDAH tem mais chances de desenvolver o problema.

Diagnóstico e tratamento

 O diagnóstico é feito pelas avaliações com o psiquiatra. Dessa forma, outros profissionais podem ajudar a elucidar o diagnóstico como por exemplo o neuropsicólogo, com a realização de testes.

Não há cura para o TDAH, mas a boa notícia é que existe tratamento, que consiste, basicamente, em medicamento e psicoterapia. Segundo Rosangela Sampaio, a abordagem a ser utilizada irá depender da individualidade de cada paciente e da gravidade do transtorno.

Medicamentos usados para tratar TDAH

 Os medicamentos que tendem a ajudar no controle dos sintomas são os psicoestimulantes, como, por exemplo, o metilfenidato ou o dimesilato de lisdexanfetamima.

Os exercícios físicos ajudam a reduzir os sintomas

Os benefícios dos exercícios físicos são comprovados cada vez mais. Mas você sabia que eles também ajudam a reduzir os sintomas de déficit de atenção e hiperatividade? É o que diz um estudo, conduzido pela Universidade de Montreal, no Canadá.

A pesquisa contou com a participação de 1.997 crianças. Entre os participantes 991 eram meninas e 1.006 meninos. Assim, os pesquisadores utilizaram um questionário aos pais das crianças com seis anos. As perguntas eram sobre a prática de atividades extracurriculares com professores ou instrutores. O próximo passo foi perguntar aos instrutores das crianças com 12 anos a respeito do comportamento durante a realização das atividades.

Com os dados em mãos, os pesquisadores da universidade canadense fizeram associação com os sintomas do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). O resultado mostrou que meninas que praticam esportes regularmente melhoram seus sintomas em relação a garotas que participam de forma irregular.

A razão, segundo os estudiosos, é que a prática de esportes melhora a concentração e o relacionamento com colegas. Essas questões são fundamentais em um tratamento de jovens com TDAH. “Portanto, de uma visão de saúde pública, esporte tem potencial de ser positivo, sem rotular e inserindo abordagens que promovem um bem-estar psicológico”, conta Linda Pagani, psicóloga e pesquisadora da Universidade de Montreal.

Dicas de concentração

O Dr. Ariel diz que há uma grande expectativa das pessoas em ter uma fórmula mágica para se concentrar. “O que muitas vezes as pessoas não entendem é que ter uma alta capacidade de focar, para realizar grandes feitos como passar em um concurso ou realizar seu trabalho com excelência é um desafio pra todas as pessoas. Envolve comprometimento, abnegação, esforço. Mas não há fórmula mágica.”

Mas existem algumas técnicas que podem ajudar. Portanto, confira:

  • Organize o espaço ao seu redor: quando as coisas estão em ordem, sua mente pode relaxar e focar no que precisa ser feito. 
  • Aposte nos exercícios físicos: além de melhorar sua qualidade de vida e trazer mais saúde ao seu corpo, as atividades aeróbicas estimulam áreas do cérebro ligadas à memória e à concentração. 
  • Invista em uma alimentação balanceada: alimentos como café, peixes, sálvia e feijão, por exemplo, contêm nutrientes que dão uma forcinha extra na concentração.
  • Aprenda a fazer listas: elas te ajudam na organização e a visualizar melhor suas tarefas ao longo do dia. Assim, você pode usar uma agenda, post-its ou ainda aplicativos no celular.
  • Estabeleça suas prioridades: ficará mais fácil entender a ordem em que precisa realizar suas atividades.
  • Fuja das distrações: especialmente as armadilhas tecnológicas, como as redes sociais. Por isso, silencie as notificações do celular e defina um horário específico para acessar a internet.
  • Estimule seu cérebro por meio de jogos mentais: como sudoku e palavras cruzadas.
  • Não se esqueça de fazer pequenas pausas ao longo do dia: você não é uma máquina e precisa ter períodos de descanso para que possa voltar a se concentrar em uma atividade. Além disso, a técnica Pomodoro é muito utilizada: a cada 25 minutos de trabalho, descanse por 5 minutos.

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Fontes

  • Rosangela Sampaio, psicóloga e apresentadora do Programa Mulheres em Flow.
  • Dr. Ariel Lipman, médico psiquiatra e diretor da SIG Residência Terapêutica.

Links úteis

Instituto NeuroSaber

Agência Einstein

Sobre o autor

Julia Moraes
Jornalista e repórter da Vitat. Especialista em fitness, saúde mental e emocional.

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