Surto de sarampo no Brasil: novos casos acendem alerta

Saúde
13 de Abril, 2022
Surto de sarampo no Brasil: novos casos acendem alerta

A pandemia de Covid-19 trouxe diversas mudanças para o mundo em que vivemos. Uma delas foi o descrédito, por parte da população, das tradicionais vacinas. É o caso da vacina contra o sarampo. Atualmente, 25 casos suspeitos da doença estão sob investigação no estado de São Paulo, acendendo um alerta sobre um possível surto de sarampo no país.

Leia mais: Sarampo no bebê: conheça os sintomas e a importância da vacina

Brasil vive surto de sarampo?

Inicialmente, vale fazer um resgate da história. Em 2016, o Brasil recebeu um certificado de erradicação do sarampo. O ato simbólico foi motivo de orgulho para um país que sofreu tanto com a doença que era uma das principais causas de mortalidade infantil. No entanto, já no ano seguinte, em 2017, novos casos voltaram a surgir. Dessa forma, em 2019 o Brasil teve um surto de sarampo. Foram quase 21 mil diagnósticos confirmados apenas naquele ano, segundo informações da Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde.

Em 2020, com as medidas restritivas para conter o avanço da Covid-19, os casos de sarampo ficaram sob controle. A doença teve sua incidência reduzida até dezembro de 2021, quando foi registrado apenas um caso em todo o país naquele mês. Ao todo, em 2021, foram registrados apenas dois óbitos por sarampo no Brasil, ambos no estado do Amapá.

Especialistas temem que a baixa cobertura vacinal leve a novos surtos da doença. O cenário não é impossível, haja vista os novos casos sob investigação em São Paulo. Vale lembrar, ainda, que em 2021 apenas 50,1% do público-alvo no Brasil recebeu a segunda dose da vacina da tríplice viral, que protege contra o sarampo.

O que é o sarampo

O sarampo afeta, principalmente, bebês e crianças, mas pode acometer qualquer faixa etária, inclusive adultos, especialmente aqueles que nunca foram vacinados.

Trata-se de uma infecção grave, causada pelo vírus Measles morbillivirus e que pode, em casos extremos, levar à morte. A transmissão costuma ser muito fácil, uma vez que se dá por meio de gotículas respiratórias, assim como acontece com outros problemas virais, a exemplo da gripe comum e da Covid-19. Ou seja, o contágio ocorre por atitudes simples, entre elas tosse, espirro, fala e respiração.

Quais são os sintomas?

O sarampo é caracterizado, principalmente, por febre, exantema (manchas vermelhas pelo corpo), tosse, coriza e conjuntivite, podendo evoluir para pneumonia, Esses sinais costumam ser confundidos com gripe, resfriado ou alergia. Por isso, é importante avaliar a temperatura corporal – a febre ultrapassa os 39º C e pode durar até uma semana – e ainda outros sintomas, como irritabilidade, dor de garganta, cansaço excessivo e perda de apetite.

Já as manchas avermelhadas, em geral, aparecem primeiro no couro cabeludo, espalhando-se depois para o restante do corpo. É possível ainda que surjam, no interior da boca, algumas manchas brancas. É essencial procurar um médico assim que os primeiros sintomas aparecerem. Ao confirmar a presença do sarampo, é importante isolar o paciente para evitar a contaminação de outras pessoas. 

Vacinação é a melhor forma de prevenir surto de sarampo

A vacina tríplice viral é a vacina que protege contra o sarampo, além de caxumba e rubéola. O imunizante faz parte do Programa Nacional de Imunização (PNI) e é aplicado gratuitamente nos postos de saúde para bebês aos 12 e 15 meses de idade. Em 2022, o Ministério da Saúde anunciou que a vacina contra o sarampo será aplicada juntamente com o imunizante contra influenza. Assim, crianças e trabalhadores de saúde devem tomar a vacina contra o sarampo.

A meta é vacinar todas as crianças de forma indiscriminada, mesmo que já tenham recebido o imunizante, além de atualizar a caderneta dos trabalhadores de saúde. Lembrando que o imunizante contra a gripe é indicado para crianças a partir de 6 meses. A campanha de vacinação já começou, iniciando pelos grupos prioritários, ou seja, idosos acima de 60 anos e trabalhadores da área de saúde. As crianças serão vacinadas na segunda etapa – que vai de 3 de maio a 3 de junho.

Atualmente, o Brasil vive uma queda na cobertura vacinal contra a doença. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES), apenas 75% das crianças parte do público-alvo foram imunizadas em 2021, 20% a menos que a meta de 95%. Em nota, a secretaria reforçou a importância da vacinação e lembrou que há no momento uma campanha em andamento para frear o vírus.

Leia mais: Vacinas para crianças: afinal, quais são as principais?

Pode tomar as doses de gripe e sarampo no mesmo dia?

Não há nenhuma contraindicação em receber as vacinas contra a gripe e o sarampo de forma simultânea. O Ministério da Saúde adotou essa estratégia para aproveitar uma única ida da família aos postos para a aplicação dos dois imunizantes. Assim, elevam-se as coberturas vacinais e garantiremos maior proteção à população.

Pode tomar a vacina da gripe ou do sarampo junto com a da Covid-19?

Pessoas acima de 12 anos não precisam cumprir intervalo entre os imunizantes. Dessa forma, as doses das vacinas podem ser administradas no mesmo dia.

A exceção é para crianças entre 5 e 11 anos que sejam indígenas, que tenham alguma comorbidade ou deficiência. Isso porque esse público é considerado nas campanhas pelo critério do grupo prioritário, e não da faixa etária. Portanto, devem esperar prazo de 15 dias, após o imunizante da Covid-19, para receber as vacinas de gripe, sarampo, e demais vacinas do PNI. O Ministério da Saúde orienta, ainda, que seja priorizada a vacina contra a Covid-19.

Importante lembrar que não existem vacinas Covid-19 aprovadas para crianças menores que 5 anos, público-alvo da campanha de gripe e sarampo. Dessa forma, o intervalo não se aplica.

Surto de sarampo: em quais situações a vacina é contraindicada?

A vacina de sarampo é contraindicada para gestantes e crianças menores de 5 anos com imunodepressão grave por pelo menos 6 meses ou com sintomatologia grave. Pessoas que tiveram reação alérgica grave quando tomaram a vacina tríplice viral anteriormente também não devem ser vacinadas contra o sarampo. A vacina também é contraindicada para pessoas alérgicas aos componentes do imunizante.

Fontes: Ministério da Saúde e Secretaria Estadual de Saúde.

Sobre o autor

Fernanda Lima
Jornalista e Subeditora da Vitat. Especialista em saúde

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