Suicídio entre idosos: Conheça os fatores de risco e como identificar

Equilíbrio
16 de Setembro, 2021
Suicídio entre idosos: Conheça os fatores de risco e como identificar

Cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio por ano em todo o mundo, segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, 14 540 pessoas tiraram a própria vida só em 2019, o que equivale a 39 óbitos por dia. Mas se engana quem acredita que os números dizem respeito apenas a jovens. Isso porque o número de casos de suicídio entre idosos é ainda mais alarmante.

Um relatório divulgado pelo Ministério da Saúde, em 2017, mostrou que enquanto a taxa geral de suicídio entre os brasileiros é de 5,8 para cada 100 mil habitantes, entre pessoas com mais de 70 anos, ela sobe para 8,9 por 100 mil habitantes.

A psicóloga especializada em suicídios e professora da Escola de Saúde Pública do Rio Grande do Sul, Cláudia Weyne Cruz, explica que o suicídio, apesar de ter múltiplas causas e se manifestar de forma individual, pode ser determinado por questões sociais.

“Quando as pessoas ficam mais velhas, elas vão acumulando perdas: do cônjuge, dos amigos, do trabalho e dos papéis sociais”, diz a psicóloga. Além disso, questões como adoecimento, dor crônica, dificuldade de acesso a medicamentos, perda de autonomia por doenças incapacitantes, maus tratos, depressão ou outros transtornos mentais aumentam as chances de um idoso tirar a própria vida.

Leia também: Setembro Amarelo: Campanha de prevenção ao suicídio

Como ajudar a evitar o suicídio entre idosos

A psicóloga afirma que amigos, parentes e vizinhos de idosos devem estar atentos a comportamentos que podem indicar a intenção de suicídio. Por exemplo, desistência de atividades prazerosas, perda de interesse por compromissos sociais, descuido com higiene pessoal, doação dos seus pertences, conversas em tom de despedida ou ainda afirmações claras da intenção de tirar a própria vida.

“Não podemos achar que essas atitudes são só para chamar a atenção”, diz Cláudia.

Nem sempre, porém, os sinais são tão explícitos — por isso a importância de ouvir o idoso e acolhê-lo em suas queixas e angústias. “O suicídio é multifatorial e os sinais de que ele pode ocorrer não estão sempre claros. Conversar é a melhor solução”, diz João Batista, voluntário do Centro de Valorização da Vida (CVV).

Esteja sempre disposto a ouvi-los

Neste Setembro Amarelo, mês de prevenção ao suicídio, o tema da campanha promovida pela organização é justamente a importância de falar sobre o tema.

“Estar disposto a ouvir e prestar atenção nas pessoas são as melhores formas de prevenção. Isso pode mudar a vida de alguém”, avalia Batista, que atua no centro há 21 anos. Ele dedica quatro horas semanais do seu tempo para oferecer apoio emocional às pessoas que ligam para o número 188. As ligações são gratuitas e sigilosas. Quem disca escolhe o tema da conversa e a duração dela.

“São pessoas que precisam desabafar, dividir com alguém que não vai julgar ou fazer críticas, que vai acolher. Algumas passam muito tempo conversando. Outras, contudo, ligam só para saber que a gente existe”, conta.

Portanto, como a ideação suicida costuma estar relacionada a quadros de transtornos mentais, é essencial buscar acompanhamento psicológico e psiquiátrico quando aparecerem alguns dos sinais de alerta.

Assim, Cláudia ressalta que reduzir a incidência de suicídios entre idosos também depende de mudanças em como a sociedade lida com o envelhecimento. “Isso envolve várias questões culturais e a luta por direitos. Só assim conseguiremos reduzir esse número”, defende.

De acordo com a especialista, entre as ações coletivas que podem prevenir o suicídio entre idosos estão a oferta de serviços de saúde de qualidade e um maior investimento na promoção do envelhecimento ativo, com ações e políticas que permitam a manutenção do papel social, econômico e político do idoso.

(Fonte: Agência Einstein)

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