Síndrome do intestino curto: o que é e como tratar
Sintomas como diarreia e dificuldade do intestino absorver nutrientes essenciais para o nosso corpo são sinais da síndrome do intestino curto. O distúrbio pode surgir após alguma sequela de procedimentos que exigem a retirada parcial do intestino delgado, como acontece com quem tem doença de Crohn, inflamação do intestino causada por radiação (enterite por radiação), câncer, dobra intestinal torcida (vólvulo) e deficiências congênitas.
A boa notícia é que é possível conviver com a síndrome, desde que o acompanhamento médico permaneça em dia e todas as recomendações sejam seguidas. A alimentação, por exemplo, é um hábito que deve permanecer saudável para manter a síndrome controlada, além da prática regular de atividade física. Conheça as causas, bem como o tratamento da síndrome do intestino curto.
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Por que a síndrome se manifesta?
O intestino delgado é, acima de tudo, o maior responsável pela digestão e absorção dos nutrientes. Embora seja um órgão poderoso, que mede entre 4 e 6 metros de comprimento, pode ter deficiências em seu funcionamento dependendo da região e extensão removidas.
O órgão é dividido em três partes: duodeno, jejuno e íleo. Quando o jejuno tem sua maior parte retirada, o íleo assume a demanda de absorção de nutrientes da área e se adapta. Porém, se maior parte removida for a do íleo, em consequência, ocorre a má absorção de gorduras, de vitaminas lipossolúveis e de vitamina B12. Além disso, ácidos biliares não absorvidos no cólon provocam diarreia secretora. A preservação do cólon pode reduzir de modo significativo as perdas de água e eletrólitos.
Como diagnosticar e tratar a síndrome do intestino curto
Primeiramente, para diagnosticar a síndrome do intestino curto, são necessários diversos exames laboratoriais e de imagem. Com base nos resultados, o médico analisa o histórico, incluindo se foi feito algum tipo de cirurgia. Se o diagnóstico for positivo, o tratamento dependerá da gravidade da síndrome. Em quadros mais severo de desnutrição, é inserida a alimentação intravenosa, chamada de nutrição parenteral total (NPT), até que a pessoa restabeleça sua saúde.
Em casos menos graves, a mudança na alimentação é o principal. Atitudes como restrição de alimentos com potencial laxativo, além de diminuição da quantidade de porções ao longo do dia, por exemplo, devem ser priorizadas no dia-a-dia. Gorduras e proteínas da dieta são usualmente bem toleradas, diferentemente dos carboidratos. Dessa forma, o ideal é que 40% das calorias sejam constituídas de gordura. Por fim, é comum a prescrição de medicamentos para controlar a diarreia, como a loperamida, 1 hora após a refeição. Já a colestiramina administrada com as refeições, por sua vez, reduz a diarreia associada à má absorção de ácidos biliares decorrente da ressecção ileal.
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Fonte: Felipe Borges, médico cirurgião do aparelho digestivo com ênfase em fígado. Atua na clínica Gastrofig, em São Paulo (SP).