Síndrome da gaiola: O medo de voltar à escola
Em alguns países, a quarentena não é mais obrigatória. Portanto, as pessoas já estão retomando suas rotinas. Alguns jovens estão ansiosos para voltar aos estudos e encontrar os colegas. Contudo, outros estão com medo do convívio social na escola. É possível que eles estejam sofrendo com a síndrome da gaiola.
O termo foi criado por Gabriel Lopes, psiquiatra da infância e adolescência da Associação Brasileira de Psiquiatria. Dessa maneira, a síndrome da gaiola é uma alusão aos pássaros que continuam em cativeiro. Isto é, crianças e adolescentes que não querem ter contato com o mundo exterior e apoiam-se nas modalidades virtuais.
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Esse fator pode se tornar preocupante para os pais, pois a escola não proporciona apenas benefícios acadêmicos para os alunos. Mas também é fundamental para a criação de valores, regras, politização, independência e habilidade de lidar com conflitos.
Os transtornos mentais e a síndrome da gaiola
Durante a pandemia, a saúde mental das crianças e adolescentes teve uma grande piora. Segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), de março a outubro, os casos de emergência relacionados à saúde mental de jovens entre 12 e 17 anos aumentaram 31% quando comparados a 2019. Já em crianças de 5 a 11 anos, aumentaram 24%.
O psiquiatra da infância e adolescência da Universidade de São Paulo (USP) Guilherme Polanczyk explica que voltar à escola pode aumentar ainda mais a ansiedade.
“Muitas vezes, em casa, o ensino online está sendo feito de uma forma parcial: os alunos assistem às aulas deitados na cama, ou não assistem. Eles deixam a câmara ligada e, geralmente, as provas são feitas com consulta. Então, a retomada da aula presencial significa um esforço maior e uma necessidade real de dedicação. E para alguém que está deprimido, isso é algo muito difícil” explica o especialista.