Simone Biles nas Olimpíadas: Importância do cuidado com a saúde mental dos atletas
Um grande nome das Olimpíadas de Tóquio teve coragem de expor questões delicadas sobre saúde mental no esporte de alta performance. A ginasta americana Simone Biles decidiu não continuar na disputa por uma medalha para cuidar de questões emocionais. Entenda melhor:
Simone Biles
A atleta americana era a favorita da competição individual, e também prometia levar seu grupo ao pódio na modalidade em equipe. Contudo, a estrela dos Jogos Olímpicos não pareceu muito confortável desde que chegou no Japão. Durante a fase de classificação, por exemplo, ela cometeu alguns erros nos aparelhos — continuou em primeiro lugar, mas com uma vantagem menor do que a esperada.
Na terça-feira (27/07), durante a final por equipes, Simone Biles foi mal no primeiro salto e resolveu deixar a disputa para preservar a sua saúde mental e não prejudicar as colegas. Na quarta (28/07), pela manhã, veio a notícia: a atleta também não participará da final individual geral. Em seguida, Biles declarou: “Eu apenas não queria continuar. Não houve lesão, mas sim um pouco de orgulho ferido por uma prova ruim e um tanto mais de cuidado com a saúde mental.”
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Caso Naomi Osaka
Entretanto, Simone Biles não é a única. A tenista japonesa Naomi Osaka, considerada uma das melhores do mundo, se despediu do torneio precocemente ao ser derrotada pela tcheca Marketa Vondrousova. Ela já falou que enfrenta problemas emocionais e que a pressão do esporte a está deixando com um sentimento de vulnerabilidade.
Simone Biles, Naomi Osaka e a saúde mental dos atletas
Níveis muito elevados de expectativa e cobrança como os que ocorrem em competições internacionais (Olimpíadas de Tóquio, por exemplo), aumentam os riscos de ansiedade, depressão e outros transtornos mentais. Dessa forma, momentos como esse aumentam as discussões sobre as chamadas habilidades socioemocionais — capacidade do ser humano de identificar e controlar suas emoções.
“A pressão por um excelente desempenho pode provocar alterações na saúde mental dos profissionais esportivos. Por isso, a competição acaba sendo difícil para eles”, avalia o psiquiatra Celso Lopes de Souza.
Ele também chama atenção para a necessidade de trazer o assunto à tona nas escolas. Afinal, de acordo com o especialista, o desenvolvimento das habilidades socioemocionais (como regulação das emoções, autocontrole e autoconhecimento) é um poderoso instrumento de transformação para uma vida mais saudável.
Como a mente pode afetar o desempenho?
“O único objetivo em uma grande disputa é a vitória. Mas existem outros ingredientes que fazem parte do caldeirão olímpico e que devem ser considerados e avaliados com muita cautela. Pois, além do talento, o emocional saudável do competidor também é fundamental para que, nos momentos mais decisivos, ele consiga se sentir seguro e preparado psicologicamente”, complementa a doutora em psicanáise Andréa Ladislau.
De acordo com a profissional, a performance de um atleta não é influenciada somente pela preparação física para o desafio. Mas também por questões como motivação, autoconfiança, autocontrole, concentração, foco e suporte emocional adequado. “Enfim, por trás de cada atleta existe um indivíduo único que busca no esporte a superação de seus limites. Entretanto, essa busca pode e deve ser melhor trabalhada considerando o fator psíquico e emocional”, finaliza.
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Fonte: Celso Lopes de Souza, psiquiatra pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e o idealizados do Programa Semente / Andréa Ladislau, doutora em psicanálise e Membro da Academia Fluminense de Letras – cadeira de numero 15 de Ciências Sociais.