Saúde mental feminina foi afetada pela pandemia. Confira causas e dicas
A saúde mental feminina é um assunto sério que muitas vezes não recebe a merecida atenção. Para você ter uma ideia, uma em cada cinco mulheres (entre 16 e 25 anos) já apresentou algum problema psicológico, como afirma um estudo realizado pela Mental Health Foundation, no Reino Unido.
Além disso, o coronavírus parece ter potencializado a questão. Uma pesquisa conduzida entre maio e junho de 2020 pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP mostrou que, durante a pandemia da Covid-19, elas foram as mais afetadas psicologicamente, com 40,5% apresentando sintomas de depressão, 34,9% de ansiedade e 37,3% de estresse.
De acordo com a psiquiatra Maria Francisca Mauro, Mestre em Psiquiatria pelo PROPSAM/IPUB/UFRJ, isso se deve ao fato de as mulheres acumularem diferentes funções, dentro e fora do trabalho.
“Muitas se dividem entre o trabalho e as obrigações com a casa e os filhos. Por isso, o esgotamento físico e mental é tão evidente. No mais, as mulheres são mais afetadas por problemas psicológicos do que homens”, pontua.
Acúmulo de funções, padrões de beleza impostos e pressão pelo corpo perfeito contribuem para a sobrecarga emocional. E, por isso, os eventos e as mudanças sociais podem afetar a sua saúde mental em diferentes fases da vida. Vale mencionar que o mercado de trabalho ainda é muito rígido com mulheres que são mães, e muitas delas são demitidas após terem filhos.
Saúde mental feminina em diferentes fases da vida
A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) revela que a depressão é uma das principais causas de doença e incapacidade entre adolescentes no mundo todo. “Uma vez não tratada, as condições de saúde mental podem se estender à fase adulta”, comenta a psiquiatra, que faz parte da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).
Na outra ponta do mesmo iceberg, está a mulher idosa. Uma pesquisa publicada na revista científica Aging & Mental Health revela que a saúde mental delas nessa faixa etária está associada às relações sociais e financeiras que fazem ao longo da vida, pois a diminuição da força de trabalho pode determinar a diminuição do poder aquisitivo.
Como cuidar da saúde mental feminina?
A especialista dá as dicas:
Fale sobre os seus sentimentos
Às vezes, negligenciamos a forma como nos sentimos, deixando as emoções ruins de lado. No fim, todo esse turbilhão de sentimentos vai se tornar uma bola de neve. Por isso, não guarde nada para si, fale com os outros como se sente.
Mantenha-se ativa
A prática de exercícios também é um ótimo jeito de lidar com os sentimentos difíceis, além de fortalecer o seu corpo e cuidar da sua saúde. Desse modo, se for feita com frequência e intensidade corretas, a atividade física pode contribuir para diminuição de sintomas emocionais negativos.
Saúde mental feminina: alimente-se bem
Nem sempre dá para se alimentar bem, no entanto, você pode começar aos poucos, inserindo alimentos saudáveis na rotina.
Não abuse do álcool
Na maioria das vezes, achamos que o álcool tem o poder de desaparecer com os nossos problemas, mas esse efeito é temporário. Quando ele passa, você geralmente se sente pior.
Saúde mental feminina: converse com amigos e familiares
Contar com pessoas próximas pode melhorar o seu humor. Assim, sempre que se sentir sobrecarregada, converse com alguém.
Não tenha medo de pedir ajuda
Se as coisas ficarem pesadas demais, peça ajuda. Fale com seu companheiro, redistribua as tarefas de casa e o cuidado com as crianças. Além disso, entenda a importância de criar uma rede de apoio: busque compartilhar seus anseios com outras pessoas do seu ciclo.
E o mais importante: não adie a busca por ajuda profissional, já que psicólogos e psiquiatras podem identificar o que está acontecendo com você.
Faça pausas
Realizar pausas no dia a dia é essencial para a sua saúde mental. Por isso, lembre-se de fazer algo que goste, como ler ou ouvir sua música favorita.
Faça algo que te agrade
Uma ótima forma de cuidar da saúde mental é praticar o autocuidado. Cozinhe o seu prato favorito e assista a um filme, pois esses pequenos momentos vão te ajudar a enfrentar a rotina.
Ame a si mesma
Parece clichê, mas quando falamos de aceitar quem você é, é mais saudável do que se comparar a outras pessoas.
Fonte: Maria Francisca Mauro, psiquiatra, membro da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), doutoranda em psiquiatria e saúde mental pelo PROPSAM/IPUB/UFRJ e representante discente da pós-graduação do IPUB/UFRJ.
Links úteis:
Estudo Mental Health Foundation
Saúde mental de adolescentes, OPAS