Sangramento uterino anormal (SUA): Saiba o que é
Você já cancelou compromissos por estar menstruada? Ou então precisou enrolar um moletom ao redor da cintura porque o sangue da menstruação manchou sua roupa? Talvez ao se queixar de alguma dessas situações, você já tenha ouvido que “menstruar é assim mesmo”. Não é. Pode ser que você apresente sangramento uterino anormal (SUA), um quadro que, embora comum, não representa um padrão que toda mulher tem que passar.
Mas como desconfiar que o seu fluxo está fora do normal? E quais são as opções de tratamento? Essas e outras dúvidas sobre o assunto estão respondidas a seguir, confira.
O sangramento uterino anormal (SUA)
Como o próprio nome aponta, o SUA representa todo sangramento anormal proveniente do corpo uterino. Essa anormalidade pode atingir aspectos como volume, frequência ou duração. Vale salientar que o quadro diz respeito a sangramentos em mulheres que não estão grávidas.
Sintomas e diagnóstico
A mulher pode desconfiar do SUA caso os seus ciclos menstruais durem mais de 28 dias ou se ela ficar mais de oito dias menstruada. Agora, pode ser também que esses sintomas não estejam presentes, mas a mulher considere que o seu fluxo impacta negativamente na sua vida, e essa situação também pode configurar SUA.
É por isso que o diagnóstico leva muito em conta as queixas da paciente. Caso você desconfie que tenha o quadro, converse com o seu ginecologista. O médico deverá avaliar sua história clínica, os sintomas relatados e correlacionar esses dados a outros que impactam no diagnóstico, como a sua idade e há quanto tempo esses incômodos acontecem. Exame ginecológico e outros, como de imagem (ultrassom) e sangue, também podem ser solicitados.
Existem riscos à saúde?
Uma das principais consequências de sangramentos excessivos e prolongados é a anemia. É por isso que em muitos casos o ginecologista pede que a paciente faça um exame de sangue, para avaliar se há alguma alteração. Outros efeitos que o SUA pode causar são indisposição e dificuldade para realizar certas atividades, como exercícios físicos.
Em casos mais graves, repercussões hemodinâmicas (relacionadas à circulação sanguínea) e alterações endometriais, como câncer, podem ocorrer. Se a mulher apresenta outras condições de saúde, o SUA, associado a elas, também pode causar mais riscos ao organismo, como infertilidade.
Por que tem mulheres que menstruam mais?
As causas do SUA são diversas. Pode ser que o quadro seja desencadeado pela presença de pólipos ou miomas, ou então por alterações hormonais. Às vezes o uso de algum medicamento também pode contribuir. Somente o ginecologista, por meio de avaliação e exames, poderá identificar a causa.
Sangramento uterino anormal: Tratamentos em prol da qualidade de vida
Uma vez identificada a causa do SUA, o médico irá indicar o tratamento mais adequado, que pode ser medicamentoso ou cirúrgico. Uma boa orientação também é fundamental, pois às vezes nem se requer alguma interferência maior.
Dependendo da idade da paciente, da presença de outras complicações e até do desejo de engravidar, o médico pode orientar o uso de anti-inflamatórios, ácido tranexâmico (medicamento contra hemorragias), tratamentos hormonais (como DIU ou pílula anticoncepcional, por exemplo) ou então procedimentos cirúrgicos.
Por fim, para controlar o sangramento uterino anormal, ginecologista e paciente decidem, juntos, o melhor caminho em prol de mais qualidade de vida. Mas, o SUA não é normal e qualquer desconforto com o fluxo menstrual deve ser avaliado. Converse com o seu médico.
Fonte: Cristina Benetti Pinto é ginecologista (CRM-SP 46595) e preside a Comissão Nacional Especializada em Ginecologia Endócrina da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).