Rubéola na gravidez: O que é, como identificar e tratar
Existem algumas doenças que, em geral, não oferecem grandes riscos de complicações, porém, se ocorrem durante a gestação, daí a história é um pouco diferente. Uma delas é a rubéola na gravidez. Transmitida por um vírus, a enfermidade tem como maior preocupação o desenvolvimento da síndrome da rubéola congênita (SRC) no feto, que pode causar uma série de complicações. A seguir, entenda mais sobre o assunto.
O que é rubéola
A rubéola é uma doença infectocontagiosa, ou seja, de fácil e rápida transmissão. Seus sintomas lembram os de outras viroses: mal-estar, febre… “Mas, o mais característico é o aumento dos linfonodos (gânglios), principalmente na região do pescoço, e a vermelhidão na pele, que aparece, em geral, depois de duas a três semanas da infecção”, informa a bióloga Camila Sacchelli, especialista em doenças infecciosas.
O ginecologista e obstetra Angelo Iácono Neto completa que essa vermelhidão na pele, chamada de exantema, raramente causa complicações maiores. De maneira geral, observa o médico, os sintomas na mãe são leves e a doença pode até mesmo ser assintomática. “Contudo, dentro das complicações maiores, podemos ter encefalite, artrite ou uma queda muito grande nas plaquetas (trombocitemia)”, coloca.
Como identificar rubéola na gravidez
A principal suspeita dos profissionais de saúde vem da vermelhidão na pele. Assim, nesses casos, para confirmar o diagnóstico de rubéola na gravidez, normalmente é solicitado que a mulher faça um exame de sangue, que irá identificar se ela já teve contato com o vírus causador da doença.
Mais uma opção de teste, lembra Camila, é o esfregaço nasofaríngeo, já que “a mucosa oral e nasal é bastante afetada quando o paciente está com o vírus”, pontua a bióloga.
“Mas, se tiver a suspeita e a confirmação pela sorologia, aí temos que ver se teve infecção fetal. Dessa maneira, para essa confirmação, normalmente fazemos o PCR do líquido amniótico”, explica Angelo. Ou seja, o PCR é um exame que detecta a presença do vírus. No caso, será retirada uma amostra do líquido da barriga da mãe para verificar a infecção.
Para completar, além dessas, outras formas de diagnóstico são pelo sangue fetal ou por ultrassom. Os exames de imagem ajudam porque se o feto apresentar a síndrome da rubéola congênita ele pode sofrer malformações. Assim, durante o ultrassom é possível ver se há microcefalia, cardiopatias, alterações no cérebro, restrição de crescimento, entre outros aspectos que acabam sendo sugestivos para a identificação da doença.
Quais complicações a rubéola na gravidez pode provocar?
Além da já citada síndrome da rubéola congênita que pode causar malformações no feto, entre as consequências mais preocupantes da rubéola na gravidez está o risco de aborto. “Quanto mais perto da concepção for a infecção, maior é o dano produzido, porque o feto será mais sensível”, pontua Angelo. “Então pode acontecer aborto espontâneo, óbito fetal, além da síndrome da rubéola congênita.”
Tratamento
O tratamento da rubéola na gravidez na mulher será baseado nos sintomas que ela apresentar. Assim, podem ser receitados, por exemplo, antitérmicos e outros medicamentos para aliviar as manifestações da doença.
Porém, pelos riscos ao bebê, a atenção da equipe de saúde será redobrada. “No geral, o que é feito é dar suporte para a paciente e ficar atento ao bem-estar fetal, pois será uma gestação de alto risco”, afirma Angelo. Também é fundamental o cuidado à identificação da melhor hora para o parto, e que este ocorra em uma maternidade que ofereça um bom suporte neonatal.
Como prevenir a rubéola na gravidez
Vimos até aqui que os riscos da rubéola na gravidez, especialmente para o bebê, são muitos. A boa notícia é que é possível se proteger da doença de maneira simples: por meio da vacinação.
“Sabemos que o grande avanço para a diminuição dos casos de rubéola congênita foi a vacinação. A vacina é indicada para crianças e mulheres não grávidas em idade fértil”, salienta Angelo. A proteção contra a rubéola está na vacina tríplice viral, que ainda protege contra a caxumba e o sarampo. Segundo o Ministério da Saúde, aos 12 meses as crianças devem receber uma dose da tríplice e, aos 15 meses, a segunda dose, que é feita pela vacina tetravalente, que também oferece proteção contra a varicela. Ambas são oferecidas gratuitamente, pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Como funciona a vacina
É importante salientar, contudo, que essas vacinas não são indicadas para mulheres grávidas. A questão é que esses imunizantes são elaborados a partir dos vírus vivos e atenuados, então a contraindicação, segundo consta na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), se dá pela precaução ao desenvolvimento dessas doenças. “Caso aconteça de a mulher se vacinar durante a gravidez, sabemos que pode ter um acometimento fetal, mas é muito baixo o risco de acontecer com a vacinação”, coloca Angelo, lembrando que o ideal é que a mulher evite a concepção nos próximos 30 dias após ter sido imunizada.
Mas, de maneira geral, não é preciso ficar com um pé atrás sobre o imunizante. “A melhor estratégia para evitar a infecção da gestante e consequentemente da doença mais grave que é a rubéola congênita é a vacinação”, reforça Camila. “A vacina é gratuita, não tem importantes efeitos colaterais e possui um nível de proteção muito bom contra a rubéola”, conclui a bióloga.
Fontes: Angelo Iácono Neto (CRM-MS/6685), ginecologista e obstetra do Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados – HU-UFGD (MS), e Camila Sacchelli, especialista em doenças infecciosas e professora de Biologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie.