Raiva silenciosa: Uma emoção que adoece

Equilíbrio
26 de Setembro, 2019
Raiva silenciosa: Uma emoção que adoece

O sentimento de raiva silenciosa tem andado muito presente em nossas vidas, seja reprimindo ou expressando de forma violenta, o fato é que nos incomoda provocando muita culpa.

A raiva contém muita energia. Quando ficamos zangados, no fundo ficamos amedrontados e, por defesa, atacamos. Esse sentimento tem origem no medo, no desespero.

Essa dor pode ser causada por vários motivos: a morte de um ente querido, a perda de um emprego, situação financeira, término de um relacionamento, ter sido maltratado ou outros fatores.

Importante ressaltar que a dor não desaparece com um acesso de raiva, muito pelo contrário, pode gerar mais dor por suas conseqüências. 

Como funciona

Associamos a raiva com explosões, nas quais dizemos ou fazemos coisas que quase sempre nos arrependemos. Interessante observar que o excesso de raiva nem sempre se manifesta na expressão de um rosto zangado, carrancudo, em alguém que conduz a vida gritando, respondendo de maneira inapropriada.

Alguns desses sentimentos e emoções estão presentes nas nossas palavras e ações diárias, enquanto outras podem permanecer silenciosamente no nosso interior.

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O ser humano pode vivenciar uma raiva silenciosa durante praticamente toda a sua existência. 

Como por exemplo: sofrer maus tratos ou abandono de um dos pais pode ser muitas vezes a raiz desse problema.

O que mais desencadeia o sentimento de raiva dentro de nós é o sentimento de impotência frente a nossa falha em controlar uma pessoa, uma situação ou a nós mesmos. É o nosso medo de nos mostrarmos vulneráveis. 

Não poderia ser diferente: controlar significa gerar alguma espécie de tensão. Isso explica porque é tão difícil alguém superar um vício, emagrecer ou mesmo se relacionar quando o que o move é o sentimento do controle.

Raiva é um sentimento. Não há nenhum problema em sentir, o que não é saudável é a maneira como expressamos, reprimimos e o que fazermos com ela. 

O grande problema é quando a raiva se torna frequente, intensa demais, quando dura muito , quando leva à agressão e violência e quando interfere nas relações interpessoais.

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Por que devemos nos preocupar com a raiva silenciosa?

Porque existem pessoas que sentem raiva com extrema frequência, estão sempre sob o domínio deste sentimento. Suas ações, muitas vezes, fogem do seu controle. 

As consequências afetam sua saúde e se manifestam em termos de hipertensão, úlceras, depressão, obesidade, perda de emprego, abuso físico ou psicológico de familiares e amigos. 

Resultando em uma autoestima prejudicada, relações interpessoais tumultuadas e um alto nível de estresse emocional. 

Quando a interpretação que se dá a algo que ocorreu em nossa vida ultrapassa a ameaça, a injustiça ou a afronta, então, a raiva fica desproporcional e intensa.

Importante lembrar que guardar para si esta sensação ruim só potencializa a angústia, por isso é imprescindível ponderação e equilíbrio na hora de lidar com ela. 

O sentimento de raiva é desencadeado por não termos nossas expectativas concretizadas, surgindo o sentimento de frustração.

Controlando a raiva

O foco é reparar a raiva e não negá-la: 

A raiva em si não é ruim, mas o acúmulo desta emoção é perigoso. Permita-se sentir mágoa. Uma vez que a rejeição, o desapontamento, a traição, a vergonha ou o fracasso acontece, evitar-los só pode piorar.

O cuidado com sua saúde emocional começam quando você admite a verdade da dor. Reconhece as suas fraquezas, deixando de manter uma imagem de que é forte e perfeito o tempo todo.

Se alguém o magoou expresse a sua mágoa no momento que achar adequado, respeite o seu tempo interior, sinta essa emoção e a liberte-a. 

Reflita as possibilidades e finalmente transforme-a em perdão e recomeço.

Vulnerabilidade: Você não é tão forte como tenta demonstrar 

Vulnerabilidades são as dificuldades internas, mentais, vivenciadas ao longo da vida. 

Algumas vulnerabilidades existem desde o nascimento, e outras são dificuldades emocionais que aparecem no decorrer da nossa vivência e aos fatos que ocorrem.

Independente de serem genéticas ou adquiridas, sempre é possível aliviar essas vulnerabilidades emocionais. Comece admitindo que você não é perfeito, que tem limites. Proteja-se, coloque limites respeite os seus.

Vulnerabilidade não é um estado permanente. Não a negue. É preciso reconhecê-la para depois estabelecer meios e estratégias de como controlar e administrar essa emoção.

Autoestima e autovalorização

Nem sempre será possível resolvermos os problemas que originaram a raiva silenciosa em nós. E nesse sentido é preciso olhar com mais carinho e cuidado para dentro de si. Trabalhar o valor pessoal, potencial humano, apreço e aceitação de si.

Fortalecer o sentimento de respeito próprio, a sensação de ser competente no que se faz a capacidade de olhar para a própria vida e os desafios que surgem diante de nós.

Fazer escolhas e superar obstáculos. É um processo em constante movimento, pois estamos sempre buscando nos realizarmos, seja no campo profissional, pessoal, relacionamentos, conhecimento.

Mantenha os pensamentos úteis, descarte os inúteis

Nossa mente é uma fábrica incessante de ideias e, na maioria das vezes, está focada naquela fonte de dor, naquela decepção, naquele fato do passado, e infelizmente o que resulta é um sobrepeso mental, minando todo e qualquer objetivo de nos sentirmos melhor.

O primeiro passo para controlar esse foco de pensamentos, sensações e angústias é tomar consciência, esclarecer.

Fazendo uma hierarquia começando pelos que considera problemas pequenos, até chegar aos mais paralisantes, aqueles, que evita entrar em contato, como por exemplo: um diagnóstico em relação à saúde, um relacionamento que chegou ao fim, mas que relutamos em finalizar, entre outros.

Para cada situação-problema, escreva três alternativas de solução. Uma vez que tiver essa ordem mental e visual, reflita sobre cada ponto e dê solução a cada um deles. Mantenha um diálogo interno cuidadoso, útil e saudável. 

Finalizando

Nós intensificamos com a imobilidade, com a procrastinação, com nossos pensamentos rígidos ancorados a acontecimentos do passado e que no presente já nem são reais.

Permita-se avançar, ressignificar, mudar e reparar os danos. Estabeleça novos objetivos, favorecendo mudanças, ceie um novo cenário que permita se sentir competente e se conectar com novas pessoas, novos aprendizados.

Para refletir

Em muitos momentos, o silêncio é mais valioso do que um discurso, principalmente quando estamos com raiva, o silêncio pode evitar atitudes impulsivas.

Pensar antes de reagir é uma ferramenta poderosa nas relações pessoais e tomada de decisões. Nesse curto espaço de tempo, somos controlados pelas zonas de conflito, que nos limitam o acesso a serenidade, a coerência, ao raciocínio crítico.

Busque métodos alternativos para aliviar sua tensão: exercícios físicos e meditação são ótimas opções. A raiva é como uma toxina, e precisa ser liberada para não se converter em coisas ruins.

Não culpe ninguém pelo que você está sentindo. A raiva começou em você e terminará em você. O mundo exterior é apenas uma desculpa.

Em momentos de intensa emoção é essencial esperar a poeira baixar, não “meter os pés pelas mãos”. Nesse momento, em que tudo é rápido e tudo acontece imediatamente, é preciso entender que algumas coisas não precisam ser ditas, mas que sufocá-las pode ser ainda pior.

Linda Vieira – Psicóloga Clínica com com abordagem Fenomenológico-Existencial. Experiência em: depressão, fobias, estresse, ansiedade, sexualidade, relacionamentos e medos. Parceira no Programa de Emagrecimento Tecnonutri.

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