Puerpério: O que muda no sexo durante essa fase

Gravidez e maternidade Saúde
08 de Abril, 2022
Puerpério: O que muda no sexo durante essa fase

O puerpério é um dos período mais difíceis para as mamães, e ocorre após o nascimento do bebê. Ocorre intensas transformações físicas e psicológicas nas mulheres em um curto espaço de tempo. De acordo com a literatura médica, ele começa após o nascimento da criança e dura até que alterações sistêmicas e locais provocadas pela gestação e pelo parto voltem ao “normal”.

Mas o puerpério afeta não só a mãe, como também o pai, afinal, há uma reviravolta na vida sexual do casal. Uma pesquisa britânica publicada em 2018 apontou que cerca de 47% das mulheres e 43% dos homens acham que seus relacionamentos íntimos pioraram. De acordo com o estudo, o desejo sexual diminui em 61% das mulheres e em 30% dos homens depois de colocar filhos no mundo. A frequência de relações sexuais dos casais diminui em 47%.  

O que é puerpério?

Nesta fase, um dos hormônios predominantes no organismo materno é a prolactina (PRL), cuja função é iniciar e manter a lactação. Dessa forma, ela tem um papel fundamental na diferenciação das células da glândula mamária, controlando o processo bioquímico envolvido na produção do leite. Fora do período de amamentação, a concentração de PRL no organismo feminino é muito baixa. 

“Entretanto, em grande quantidade, a PRL inibe o eixo hormonal responsável pela ovulação (para que não ocorra nova gestação nesse período) e, consequentemente, inibe a produção dos hormônios femininos estrogênio e progesterona, resultando em alterações físicas e psicológicas na mulher”, afirma o Dr. Carlos Moraes, ginecologista e obstetra pela Santa Casa/SP, Membro da FEBRASGO.

Consequências do puerpério no sexo

Falta de lubrificação e libido no puerpério

O estrogênio é o principal responsável pela manutenção do trofismo (função do organismo vinculada à nutrição, ao desenvolvimento e à conservação de um tecido) e da lubrificação vaginal. “No puerpério, devido à falta de estrogênio, a mulher pode sentir a vagina mais seca, ocasionando maior dificuldade em ter relações sexuais devido ao incômodo e a dor que surgem durante a penetração. A PRL aumentada também pode causar diminuição da libido em algumas mulheres”, explica o ginecologista.  

Desconforto no períneo 

De acordo com Carlos Moraes, quando o bebê nasce de parto normal, o trauma perineal ou a cicatrização da episiotomia (incisão efetuada na região do períneo para ampliar o canal de parto) também podem resultar na dificuldade da penetração. Isso porque a mulher pode sentir dor ou até mesmo mesmo receio em machucar mais o local em processo de cicatrização. 

Leia também: Pré-natal psicológico: Cuidar da mente durante a gestação

Depressão pós-parto 

O quadro mais leve e transitório de depressão, conhecido como “maternity blues”, chega a acometer 60% das mulheres no pós-parto. Os sintomas, como tristeza, choro fácil, labilidade das emoções e desânimo, são sentidos nos primeiros dias, logo após o parto.  

Já a depressão pós-parto, que ocorre nas primeiras 4 a 6 semanas após o nascimento do bebê, é mais grave, e pode surgir antes mesmo do parto, no final da gestação. Os sintomas são similares aos da depressão comum, como tristeza, apatia, ideias de culpa, insônia e até desinteresse pelo bebê. Obviamente que o contexto sexual também é afetado. 

Assim, estima-se que 85% das novas mães sentem tristeza após o nascimento do bebê. Entretanto, para 16% das mulheres, essa tristeza é grave o suficiente para ser diagnosticada como um tipo de depressão. 

“Essas dificuldades podem causar medo e ansiedade na mulher na hora de ter relações sexuais. Vale lembrar que esta é uma fase normal, mas, ainda assim, buscar apoio médico ajuda a encontrar soluções, evitando problemas na vida íntima do casal. O ideal é procurar seu ginecologista para receber orientações sobre o quadro e como proceder diante dessa situação. No caso da depressão pós-parto, o tratamento pode incluir medicação antidepressiva, sempre com orientação médica, principalmente se a mãe estiver amamentando o bebê”, aconselha Carlos Moraes. 

Fonte: Dr. Carlos Moraes, ginecologista e obstetra pela Santa Casa/SP, Membro da FEBRASGO e Especialista em Perinatologia pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein, e em Infertilidade Conjugal e Ultrassom em Ginecologia e Obstetrícia pela FEBRASGO, e médico nos hospitais Albert Einstein, São Luiz e Pro Matre. 

Sobre o autor

Julia Moraes
Jornalista e repórter da Vitat. Especialista em fitness, saúde mental e emocional.

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