Pressão arterial dos norte-americanos aumentou durante a pandemia

Saúde
09 de Fevereiro, 2022
Pressão arterial dos norte-americanos aumentou durante a pandemia

Beber demais, dormir de menos, estresse aumentado, falta de atividade física e de cuidados médicos regulares durante a pandemia da covid-19 levaram ao aumento da pressão arterial dos norte-americanos. A constatação foi observada por pesquisadores da Cleveland Clinic e da Quest Diagnostics, e divulgada em uma carta científica publicada no periódico Circulation.

Primeiramente, os autores examinaram os dados cadastrados em programas de bem-estar que monitoram a pressão arterial e outros indicadores de saúde de cerca de 465 mil moradores de 50 estados americanos, além do distrito federal. Os indivíduos avaliados apresentavam tanto uma pressão arterial normal quanto elevada no início da pesquisa.

Embora os dados tenham mudado pouco entre 2019 e os três primeiros meses de 2020, a partir de abril houve um aumento significativo. Aumento este que seguiu até dezembro, em comparação com o ano anterior. Em valores, a variação média mensal da pressão arterial sistólica (contração do coração e envio do sangue para o corpo) passou de 1,10 mmHg (em 2019) a 2,50 mmHg (em 2020). No caso da pressão arterial diastólica (repouso do coração, com a passagem do sangue), foi de 0,14 para 0,53.

Alerta para o Brasil

Assim como nos Estados Unidos, no Brasil também houve mudanças no comportamento da população durante o isolamento pela pandemia. O aumento do consumo de bebidas alcoólicas e a falta de atividade física foram alguns desses hábitos. Como resultado, essas alterações na rotina podem ter contribuído com um aumento da pressão arterial dos brasileiros também, segundo Carlos Alberto Machado, cardiologista.

“Não temos dados, mas certamente por aqui também houve um aumento da pressão arterial”, afirma o especialista e assessor científico da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp).

Além disso, o abandono dos cuidados médicos no período é outro fator que chama atenção para a saúde cardíaca. “Apesar de ter uma atenção básica muito melhor que nos Estados Unidos, com quase 40 mil Unidades Básicas de Saúde (UBS) no país inteiro, durante a pandemia foi priorizado o atendimento dos pacientes respiratórios. Por isso, muitos doentes com hipertensão e diabetes ficaram em casa e não procuraram o médico com medo de se contaminar”, explica.

Variações na média da pressão arterial na pandemia

Machado explica que pequenas alterações na média da pressão arterial são suficientes para aumentar – ou diminuir – os riscos de eventos cardiovasculares.

Uma meta-análise que examinou 61 estudos no mundo, com mais de um milhão de adultos, cita o especialista, identificou que uma redução de 2 mmHg na pressão arterial sistólica média reduz a mortalidade por doença do coração em 7% e por AVC em 10%. “Outra meta-análise que avaliou quase 600 mil pacientes mostrou que uma redução de 3 mmHg na pressão arterial diastólica reduz o risco de AVC de 22% a 29%, e de doença arterial coronariana de 13% a 17%”, afirma o cardiologista.

“Essa pequena variação apresentada no estudo, em termos de aumentar a mortalidade por infarto e AVC, é extremamente importante. Sem contar, ainda, internação e comprometimento da função renal. O grande problema é que a hipertensão é assintomática”, alerta Machado.

Leia também: Quer diminuir a pressão arterial? Faça pilates

Riscos do aumento da pressão arterial

A hipertensão, se não tratada, pode danificar diversos órgãos, como coração, cérebro, rins e olhos, além de prejudicar a função sexual. Além disso, ela pode agravar a saúde de pessoas infectadas com o novo coronavírus. “O paciente hipertenso, geralmente, tem obesidade, diabetes e colesterol alto. Ele tem um pacote metabólico. Por isso, é um fator de risco”, diz o cardiologista.

Portanto, diminuir o consumo de sal, praticar atividade física, manter o peso dentro do normal, abandonar o tabagismo e evitar a ingestão de bebidas alcóolicas são algumas recomendações para conter o aumento da pressão arterial. “Além de tomar remédio, se necessário. São medidas não somente para viver mais, mas para ter qualidade de vida”, enfatiza.

(Fonte: Agência Einstein)

Leia também:

Saúde

Infarto aumenta o risco de desenvolver complicações de saúde a longo prazo

Pessoas com histórico de infarto têm mais risco de desenvolver outros problemas de saúde a longo prazo, como insuficiências cardíaca e renal, arritmias e até depressão,

Saúde

Infarto aumenta o risco de desenvolver complicações de saúde a longo prazo

Problemas como insuficiências cardíaca e até depressão são mais frequentes em quem sofreu um ataque cardíaco

Bem-estar Equilíbrio Saúde

“É impossível ser feliz sozinho”: cultivar relacionamentos está entre os segredos para viver mais

Indo na direção contrária da longevidade, um estudo revelou que quase ¼ das pessoas em todo o mundo se sentem sozinhas