Negros com demência no Brasil têm risco quase duas vezes maior de morrer
A mortalidade de pacientes negros com demência no Brasil registrou um aumento de 65% entre os anos de 2019 e 2020. Entre os pardos, o crescimento foi de 43%. Em comparação, no mesmo período — que compreende parte da pandemia de Covid-19 —, os pacientes brancos apresentaram uma redução de 9%.
O recorte étnico-racial deriva de um estudo realizado por pesquisadores das universidades federais de Pelotas (UFPel) e do Rio Grande do Sul (UFRGS), em parceria com a Universidade de Queensland, na Austrália.
Publicado nos Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz, o estudo comparou os dados de internações de pacientes com demência do Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS). Desse modo, foram analisados o total de hospitalizações, o valor médio reembolsado por admissão hospitalar e a taxa de mortalidade dos pacientes internados.
Os resultados reforçam, de acordo com os pesquisadores, a disparidade no acesso da população negra ao SUS e a necessidade de ações para aumentar o direito à saúde, especialmente durante a pandemia.
“Caso contrário, não apenas o transtorno da demência poderá ser aumentado após — e durante — a pandemia de Covid-19, mas também a disparidade étnico-racial deste transtorno”, destacam os autores no artigo publicado.
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Disparidades regionais entre negros e brancos com demência no Brasil
Além disso, a pesquisa observou os dados divididos por regiões do país. O maior destaque fica para as taxas de mortalidade da região Nordeste, que tiveram um aumento de 134,1%. Outro crescimento foi registrado no Sudeste, com 19,7%. Contudo, os pesquisadores não tiveram acesso aos dados da região Norte.
As demais regiões apresentaram reduções. No Centro-Oeste, por exemplo, a mortalidade foi 9,5% menor, já no Sul, 4,1%.
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(Fonte: Agência Einstein)