Melasma: O que é, tipos, cuidados e mais

Beleza Saúde
15 de Outubro, 2021
Melasma: O que é, tipos, cuidados e mais

Embora o termo seja muito comum, nem todas as pessoas sabem o que significa melasma — e algumas até se assustam com o nome.

Contudo, diante do enorme alcance das redes sociais, o tema veio à tona diversas vezes após algumas famosas revelarem que vivem com o problema, rendendo cada vez mais destaque ao assunto. 

Cleo Pires foi uma delas, quando desabafou que passou por momentos turbulentos, mas que agora está tratando o problema de forma adequada, além de conhecer melhor a enfermidade e o que ela pode causar.

Preta Gil, por sua vez, fez questão de mostrar diversas vezes o rosto sem qualquer maquiagem ou filtro, exaltando a presença do melasma que já existe desde sua infância e que é tratado com visitas constantes ao dermatologista.

Leia também: O que acontece com sua pele quando você está estressada

O que é melasma

O melasma é uma doença que leva ao surgimento de manchas mais escuras e sem formato definido na pele. Geralmente, essas marcas são mais recorrentes em mulheres entre 20 e 50 anos e surgem em locais que estão mais expostos à luz solar, como mãos, rosto, braços e colo.

De acordo com uma pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual Paulista (Unesp), a estimativa é de que este problema acometa de 15% a 35% das mulheres brasileiras.

Leia também: Causas, cuidados e tratamentos para manchas na pele negra

“O fato é que quando nos expomos ao sol sem proteção, nosso corpo acaba sintetizando mais melanina para nos proteger da radiação. A melanina gera a cor marrom na pele, e quando se deposita nela, acaba gerando manchinhas de melasma”, explica a dermatologista Priscila Camara de Camargo, da Clínica Camargo, em São Paulo.  

Tipos de melasma

O Melasma pode ser classificado em 6 formas diferentes quanto ao tipo e região, sendo elas:

  • Dérmico: ocorre quando há um depósito de melanina ao redor de vasos profundos e superficiais da pele, ou seja, na derme superior e média;
  • Epidérmico: quando o pigmento ocorre na camada mais superficial da pele, a epiderme;
  • Misto: tipo mais recorrente, ele acontece quando o melasma atinge áreas da derme e da epiderme ao mesmo tempo;
  • Centrofacial – é o mais comum e pode envolver as regiões malar, frontal, mentoniana, supralabial e nasal, sendo todas elas juntas ou algumas delas;
  • Malar – engloba áreas malar e nasal;
  • Mandibular – acomete somente a região da mandíbula.

Principais causas do melasma no rosto

O melasma pode surgir por uma série de fatores, variando para cada indivíduo.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia – Regional do Estado de São Paulo (SBD-RESP), as causas mais comuns são:

  • Genética: ainda não existem pesquisas que comprovem de fato a relação de genes específicos que poderiam explicar o aparecimento do melasma. Contudo, a prevalência das manchas em determinados biotipos sugere a ligação. O que se sabe, por hora, é que mulheres morenas, negras e asiáticas têm mais predisposição do que as bem brancas, como as europeias.
  • Exposição solar: a hiperpigmentação ocorre no rosto quando qualquer outra parte do corpo é exposta ao sol sem proteção, mesmo que a face em si tenha sido protegida. Diante disso, acontece uma produção do hormônio que estimula o bronzeamento, com receptores que acabam reativando o melasma.
  • Calor: de acordo com especialistas, as altas temperaturas dilatam os vasos do rosto, evidenciando as manchas de melasma em peles predispostas.
  • Alterações hormonais: uso de anticoncepcionais, tratamentos de fertilização e a gestação são fatores apontados como desencadeadores do melasma, sendo o hormônio feminino estrógeno o principal responsável.

Leia também: 7 erros que você comete ao tomar sol

Ainda assim, diante de tantas possibilidades de causas, a dermatologista Priscila Camara de Camargo afirma que a maioria dos casos está relacionada à exposição solar.

“Por isso, é importante caprichar no uso do filtro com alto FPS (sempre acima de 30)”, ela destaca, ressaltando que é essencial manter o acompanhamento com um dermatologista especializado para identificar a real causa do melasma.

Luz artificial também causa estas manchas?

Se engana quem pensa que apenas a luz dos raios solares pode desencadear o melasma.

Luzes artificiais, como lâmpadas, luminárias e telas de computador, celular, tablets e televisão são fontes de radiação que também podem influenciar na piora das manchas faciais.

Esta informação vem sendo comprovada por estudos que apontaram que este tipo de luz também tem efeito direto sobre a produção de radicais livres – embora em menor proporção à luz solar –, danificando as células da face, incluindo os melanócitos, ou seja, as células especializadas na produção de melanina.

Leia também: Luz azul do celular pode danificar a pele. Saiba como reverter

Por este motivo, é indicado o uso de filtro solar também em locais fechados, para que ele proteja a pele da luz artificial.

Não são todos os produtos, contudo, que são capazes de oferecer essa ação protetora. Neste caso, é necessário usar um filtro com dióxido de titânio ou óxido de zinco.

Melasma tem cura?

O melasma é um problema de pele crônico e recidivante – ou seja, que acontece de forma recorrente ou repetitiva – que não possui cura.

Vale ressaltar que, por ser uma doença de caráter predominantemente estético, ele não oferece nenhum risco de saúde associado.

Ainda assim, o ideal é que seu aparecimento seja controlado com alguns cuidados, uma vez que as manchas surgem e desaparecem da pele de forma recorrente.

Leia também: Motivos para usar filtro solar no home office

Prevenção do melasma

De acordo com Priscila, é possível adotar algumas medidas para prevenir o surgimento das manchas na pele.

A primeira e mais importante delas é usar filtro solar diariamente. Isso porque, além de prevenir o melasma, ele também reduz a piora dos quadros já existentes e ainda protege a derme do risco do câncer de pele.

Se houver predisposição ao melasma, também é interessante conversar com um médico antes de iniciar um tratamento de reposição hormonal ou com pílulas anticoncepcionais, uma vez que estes medicamentos poder levar a uma piora das marcas faciais.

Leia também: Conheça os efeitos colaterais ao parar de tomar anticoncepcional

Tratamento para melasma

Uma vez que as manchas surgiram na pele e não têm cura, a melhor opção é apostar em um tratamento para melasma, seja ele através de produtos ou procedimentos.

Uma técnica bastante usada é a aplicação de substâncias despigmentantes na pele. Como o próprio nome diz, o produto age para diminuir a pigmentação da região, minimizando as manchas na face. A associação destes ativos com com alguns tipos de ácidos, inclusive, pode aumentar a eficácia do tratamento.

Aparelhos que geram esfoliação superficial no rosto, como a microdermoabrasão (peeling de diamante de cristal ou de diamante) e o peeling ultrassônico, por exemplo, também podem colaborar para a permeação de ácidos e substâncias clareadoras, auxiliando na remoção do pigmento das camadas superiores da pele.

Leia também: Benefícios dos diferentes ácidos para a pele

Outro procedimento bem conhecido é o agulhamento, que pode ser feito tanto com o rolinho de microagulhamento, quanto com o dermógrafo.

Neste caso, as microagulhas causam pequenas lesões na pele para ativar os fagócitos – ou seja, as células de limpeza do organismo –, que farão a limpeza da região e removem junto a melanina. Como consequência, ao fim deste processo a pele estará pronta para uma permeação mais profunda dos produtos para tratamento.

Por fim, o laser também pode contribuir para amenizar o melasma, uma vez que ele promove um choque de energia no pigmento em um intervalo de tempo curto, causando um “impacto” que quebra a estrutura do pigmento. Com isso, a melanina será fagocitada e absorvida totalmente pelas células.

Vale lembrar que a vitamina C também é uma ótima substância para amenizar o melasma, uma vez que ela é antioxidante e inibe a ação da tirosinase – enzima considerada chave na coloração de pele e que tem papel importante na biossíntese de melanina.

Mas não se esqueça que cada organismo funciona de uma forma diferente e, por isso, é necessário que cada caso seja avaliado individualmente para que se realize um tratamento conforme as necessidades e restrições do paciente.

Alimentos para melasma

Assim como acontece com inúmeros outros diagnósticos, a alimentação possui uma enorme influência na intensidade com que o melasma aparece na pele.

De acordo com a dermatologista Juliana Toma, de São Paulo, saber quais alimentos devem ser evitados e quais merecem prioridade pode ajudar a prevenir ou atenuar as manchas no rosto.

Alimentos que pioram o melasma

Os principais vilões do melasma são aqueles alimentos que contribuem para o aumento na produção do hormônio estrogenio. Contudo, outros nutrientes também podem prejudicar este quadro.

Veja abaixo a lista indicada por Juliana:

Além de oferecer inúmeros riscos para a saúde, o açúcar é um dos alimentos que mais contribuem para o aumento no índice glicêmico, sendo o principal catalisador de processos inflamatórios e, consequentemente, intensificando as manchas.

Salgadinhos, salsicha, nuggets, fast-food e congelados também são alimentos que promovem processos inflamatórios e causam uma série de reações químicas que produzem substâncias que geram um ambiente inflamatório no organismo.

Apesar de ser apontado como um alimento saudável em muitas dietas, algumas versões do pão multigrão possui ingredientes que podem contribuir com o escurecimento das marcas, como é o caso do trigo e da linhaça.

Isso ocorre porque ambos são ricos em estrogênio que, como já explicado anteriormente, pode piorar o quadro de melasma.

Vale ressaltar, contudo, que em relação às manchas, não é necessário tirar estes itens da dieta, mas sim reduzir seu consumo.

Estas substâncias normalmente presentes em pizzas, pães, salgados e outros tipos de massa são ricas em açúcar, intensificam a produção de óleo na pele e esgotam as bactérias boas do organismo.

Derivados do leite também são naturalmente pró-inflamatórios. Além disso, podem conter hormônios sintéticos, que por não serem digeridos corretamente, podem contribuir com a inflamação das manchas. O ideal, neste caso, é evitar o excesso de consumo.

Leia também: Conheça os melhores e os piores alimentos para quem tem vitiligo

Alternativa para leites de origem animal, a bebida oferece uma série de benefícios à saúde, porém também é rica em estrogênio. A dica é substituí-lo por leite de aveia ou amêndoas.

Assim como o leite de soja, o tofu é um ingrediente saudável, mas que também tem efeitos negativos para o melasma, uma vez que possui alta concentração de fitoestrogênio, que imita a ação do estrogênio natural, causando desequilíbrios que pioram o melasma.

Além de causar a desidratação, bebidas como cerveja são ricas em trigo e açúcares, e também comprometem o fígado. Como resultado, elas liberam toxinas na pele, causando processos inflamatórios e de pigmentação, como o melasma.

É o mesmo caso das bebidas alcoólicas, em que se afeta o fígado, porém com o agravante: a cafeína aumenta a produção do hormônio do estresse cortisol, que pode piorar as condições da pele.

O consumo excessivo de ervilha pode piorar o melasma, uma vez que ela é rica em estrogênio e amiláceo, responsável por seu maior teor calórico em comparação a outros legumes.

Alimentos que melhoram o melasma

Segundo Juliana, alimentos com características de fotoproteção, antioxidantes e anti-inflamatórios, são os aliados das pessoas que sofrem com manchas.

“É recomendada a ingestão de alimentos ricos em folato, flavonoides,  vitaminas A,C,E (antioxidantes), resveratrol, betacaroteno, licopeno, luteína e selênio”, aponta a dermatologista.

Entre os alimentos com alta concentração desses nutrientes, estão:

Por fim, é importante manter uma boa hidratação do corpo, consumindo bastante água ao longo do dia.

“Vale ressaltar também que a melhora na dieta não ajuda apenas na prevenção e clareamento do melasma, como também na saúde em geral da pele. A boa alimentação reduz manchas, vermelhidão, melhora o tônus, a textura, entre outros sinais de envelhecimento”, finaliza a profissional.

Melasma na gravidez

O melasma que surge na gravidez possui um nome diferente dos demais: cloasma. Suas características, contudo, não se diferem da versão normal do problema crônico, uma vez que ele consiste no surgimento de manchas, em especial após a ausência de proteção solar.

É importante esclarecer que apenas durante o período de gestação este quadro é chamado cloasma. Passado o parto, caso as manchas persistam, o diagnóstico se torna melasma.

Leia também: 9 mudanças no corpo e na mente durante a gravidez

Além disso, em alguns casos em que a gestante não se expõe ao sol, as marcas podem desaparecer espontaneamente após a gravidez.

Para prevenir este problema, a indicação é a mesma para mulheres não gestantes: usar constantemente protetor solar, além de hidratar bem a pele e reduzir a exposição solar, especialmente nos horários em que o sol fica mais forte.

Outra opção é, caso haja orientação médica, usar dermocosméticos com vitamina C em sua composição, após o início do terceiro trimestre da gravidez.

Quais profissionais procurar

Se você notou o aparecimento de melasma no seu rosto, o ideal é procurar um dermatologista para avaliar o que são e quais foram as causas do surgimento destas marcas.

Além de cuidar das manchas na pele, o médico dermatologista é especialista no diagnóstico, tratamento e prevenção de doenças da pele, mucosas, cabelos, unhas e pelos.

O que perguntar para o médico na consulta

Ao marcar uma consulta com o profissional, é ideal que você já tenha em mente quais dúvidas tirar, para esclarecer quaisquer questões envolvidas com seu caso.

Algumas perguntas importantes são:

  • Qual tipo de melasma eu tenho? Após uma avaliação completa em consultório, o profissional poderá apontar qual é o tipo de manchas que você possui.
  • Por que as manchas apareceram? Sabendo um pouco mais de sua rotina e seu estilo de vida, o médico consegue indicar quais fatores levaram ao surgimento das marcas em sua face.
  • Qual tratamento devo fazer? Depois do diagnóstico, o dermatologista saberá como conduzir seu tratamento, seja ele com cuidados caseiros, procedimentos feitos em consultório ou a associação de ambos.
  • O que fazer no dia a dia para diminuir o melasma? Adicionar alguns cuidados simples em sua rotina podem contribuir para que as marcas faciais fiquem mais amenas, além de evitar o escurecimento delas. Anote as dicas do profissional!
  • Quem tem melasma pode tomar sol? Por ser um dos fatores que estimulam o aparecimento das manchas, o ideal é que a exposição solar seja moderada, e sempre com o uso de filtro solar e bloqueadores físicos como chapéu ou boné.
  • Melasma só aparece no rosto? Apesar de ser mais recorrente na face, as manchas também podem ocorrer, raramente, em outros locais como colo, pescoço e braços. Esta é a chamada melasma extra-facial.

Programa Vitat – Detox da Pele

Clique e saiba mais

Fontes:

Priscila Camara de Camargo, dermatologista da Clínica Camargo, de São Paulo;

Igor Lustosa, fisioterapeuta dermatofuncional de São Luis, Maranhão.

Juliana Toma, dermatologista de São Paulo.

Sociedade Brasileira de Dermatologia

SBD – Regional São Paulo

SBD – Regional Rio de Janeiro

Sobre o autor

Redação
Todos os textos assinados pela nossa equipe editorial, nutricional e educadores físicos.

Leia também:

Saúde

Infarto aumenta o risco de desenvolver complicações de saúde a longo prazo

Pessoas com histórico de infarto têm mais risco de desenvolver outros problemas de saúde a longo prazo, como insuficiências cardíaca e renal, arritmias e até depressão,

Saúde

Infarto aumenta o risco de desenvolver complicações de saúde a longo prazo

Problemas como insuficiências cardíaca e até depressão são mais frequentes em quem sofreu um ataque cardíaco

Bem-estar Equilíbrio Saúde

“É impossível ser feliz sozinho”: cultivar relacionamentos está entre os segredos para viver mais

Indo na direção contrária da longevidade, um estudo revelou que quase ¼ das pessoas em todo o mundo se sentem sozinhas