Lipo LAD: A romantização das plásticas e a saúde mental

Equilíbrio
05 de Novembro, 2020
Lipo LAD: A romantização das plásticas e a saúde mental

Nos últimos meses, a Lipo LAD – também conhecida como Lipo de Alta Definição ou Lipo HD – vem sendo um tema muito abordado nas redes sociais. Isso porque influencers digitais como Giovanna Chaves, Virginia Fonseca, Viih Tube, Ludmilla e Flay, ex-participante do BBB20, realizaram o procedimento. Contudo, o maior debate é sobre a romantização das cirurgias plásticas e o quanto a saúde mental é afetada.

Basicamente, o objetivo desta cirurgia é aspirar a gordura localizada abaixo da pele com a ajuda de cânulas ligadas a um lipoaspirador, assim como a cirurgia tradicional. Contudo, a diferença é que a Lipo LAD prioriza mostrar ainda mais os contornos do corpo. 

Cirurgia Lipo LAD da influencer Virginia Fonseca.

O procedimento pode durar em torno de 4 horas. Além disso, músculos do abdômen, tórax, braços, coxas ou costas também são valorizados para ter um aspecto mais tonificado. No entanto, a cirurgia não é recomendada para quem está acima do peso, por conta dos riscos.

Qual a relação entre a Lipo LAD e a saúde mental?

Apesar de parecer apenas algo estético, a cirurgia Lipo LAD também está associada a saúde mental, visto que é um procedimento que visa modificar a imagem do indivíduo.

Diariamente as pessoas veem imagens de corpos “perfeitos” nas redes sociais, especialmente das influencers digitais.  De acordo com a psicóloga Mariete Duarte, o ser humano tem a necessidade de pertencer ou ser aceito em determinado grupos, muitas vezes negligenciando as próprias vontades ou necessidades.

Virginia Fonseca mostra seu corpo após a cirurgia no Instagram.

“As pessoas entram em um ciclo vicioso, acreditando que manipular a própria imagem é mais importante para o seu bem-estar. Essa distorção faz com que as mulheres entendam que não são perfeitas e estão fora do padrão ideal, o que irá gerar angústia, baixa autoestima e uma frustração imensa” explica a psicanalista Andréa Ladislau.

A insatisfação com o próprio corpo e a busca constante pela aprovação promove a tendência de baixa autoestima, podendo aumentar ainda mais os casos de ansiedade e depressão.

Além disso, a preocupação demasiada com a aparência pode estar associada a algo mais grave: o Transtorno Dismórfico Corporal. Assim, quem sofre dessa condição tem a percepção de um defeito imaginário na aparência, o que faz com que acredite que todos percebem essa anomalia.

Leia também: Obsessão por filtros pode causar distúrbios de imagem

Como identificar e tratar a busca insaciável pelo corpo “perfeito”

Muitas pessoas não enxergam esse fator como um problema. Contudo, segundo as especialistas, a partir do momento em que a pessoa não se encontra satisfeita com a própria imagem, a ponto de não se reconhecer mais, é importante buscar ajuda psicológica. 

“A origem da insatisfação pode estar ligada a questões mais profundas, questões primárias que podem, muitas vezes, ter surgido na infância e adolescência. Por isso, falar sobre o assunto é essencial, assim como trabalhar a autoaceitação, e que nossas buscas devem ser individuais e saudáveis” completa a psicóloga.

Portanto, além do auxílio com a psicoterapia, reflita sobre seu comportamento e imponha limites a si mesmo. Entenda o quanto não é saudável utilizar as redes sociais demasiadamente. Estar vivendo momentos de sofrimento, angústia e até insanidade para estar sempre belo, não é normal. Ame-se em primeiro lugar!

Fontes: Dra. Andréa Ladislau, psicanalista. Mariete Duarte, psicóloga da Clínica Maia.

Sobre o autor

Julia Moraes
Jornalista e repórter da Vitat. Especialista em fitness, saúde mental e emocional.

Leia também:

Bem-estar Equilíbrio Saúde

“É impossível ser feliz sozinho”: cultivar relacionamentos está entre os segredos para viver mais

Indo na direção contrária da longevidade, um estudo revelou que quase ¼ das pessoas em todo o mundo se sentem sozinhas

misofonia
Bem-estar Equilíbrio

Misofonia: O que é a síndrome que viralizou no TikTok?

A misofonia é uma condição que provoca uma reação negativa aos sons. Saiba mais

Bem-estar Equilíbrio Saúde

Taxas de suicídio e de autolesão de crianças e jovens aumentam no Brasil

País registrou o aumento de 3,7% nas taxas de suicídio e de 21% nos casos de automutilação entre os anos de 2011 e 2022