Leptospirose: o que é, causas, sintomas e como tratar
O aumento de casos de leptospirose após as enchentes em Petrópolis, no Rio de Janeiro, dispararam entre janeiro e março. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, foram 99 casos na cidade registrados no primeiro trimestre do ano contra apenas 3 em 2021, fato que disparou o alerta para a saúde pública da região. Infelizmente, segundo o órgão, a tendência é que as ocorrências aumentem devido aos temporais não apenas em Petrópolis, mas em diversos pontos do estado.
Veja também: Doenças que podem ser transmitidas por água de enchentes e como preveni-las
O que é a leptospirose?
A leptospirose é uma doença transmitida pela bactéria Leptospira interrogans, cujo ambiente de proliferação são a urina de animais contaminados — os ratos são os principais transmissores da patologia. Geralmente, esse tipo de bactéria vive nos rins dos animais, que podem ser porcos, cães, bovinos etc. Dessa forma, crianças e adultos que entram em contato com a urina, geralmente o fazem por meio da água infectada, como a de enchentes e alagamentos. Como resultado, a leptospirose causa reações variadas, que podem ser desde assintomáticas (ou seja, a pessoa não percebe nenhum sinal da doença) até casos graves que levam à morte.
Causas
A princípio, a mais relevante e comum é a exposição à água contaminada pela urina. Portanto, enchentes e temporais exigem atenção redobrada para evitar a contaminação, pois basta que o indivíduo permaneça imerso por longos períodos ou, se a pele tiver algum tipo de lesão exposta, como uma ferida aberta, pouco tempo de contato com a água já é o suficiente (por exemplo, pisar em uma poça e permanecer com os pés molhados por essa água). Outros motivos que viabilizam a leptospirose são ingerir água contaminada e viver em locais insalubres onde há falta de saneamento básico e higiene.
Sintomas da leptospirose
Após a infecção, há um período de incubação que pode variar bastante, e pode demorar até cerca de 4 semanas para a manifestação dos sintomas; situações de alta contaminação levam menos tempo — de 1 a 2 semanas. Quando há sinais da doença, são eles:
- Febre alta.
- Dor de cabeça.
- Diarreia.
- Dor nas articulações.
- Dor e cãibras musculares, sobretudo nas panturrilhas.
- Inapetência (falta de apetite).
- Náuseas e vômitos.
Porém, nem sempre a pessoa apresentará todos os sintomas, e alguns deles são facilmente confundidos com os de outras doenças, como dengue ou gripe. No entanto, é preciso buscar ajuda médica, principalmente se houve contato com água contaminada. Além dos sintomas listados, o indivíduo pode sentir alterações nos olhos, como vermelhidão, sensibilidade à luz e dor.
Complicações da leptospirose
Por sua vez, casos mais graves provocam alterações na pele e no funcionamento dos rins. Esse quadro mais delicado é chamado síndrome de Weil e, apesar de ser menos comum, pode ser fatal. Os três principais sintomas que caracterizam a síndrome são icterícia rubínica, cuja pele fica com o tom fortemente alaranjado; insuficiência renal; e hemorragia, que exige rápido controle para evitar a morte do indivíduo. Além da síndrome de Weil, existem outras complicações igualmente letais que geralmente surgem logo na primeira semana de contaminação e atingem o sistema respiratório:
- Hemorragia pulmonar: lesão pulmonar aguda e sangramento maciço.
- Enfraquecimento dos pulmões: os principais sintomas são tosse seca, dispneia e expectoração hemoptoica.
- Síndrome da Angústia Respiratória Aguda – SARA: dificuldade em respirar acompanhada de inflamação nas vias respiratórias, tosse e pulmões carregados de muco são indícios da síndrome, que pode exigir intubação.
- Hemorragia generalizada: atinge, sobretudo, os órgãos e o sistema nervoso central e vascular.
- Pancreatite: a inflamação do pâncreas é outra condição que desencadeia complicações graves.
- Meningite: a doença causa inflamação das meninges, membranas que envolvem o cérebro. A do tipo bacteriana, causada pela leptospirose e outros micro-organismos, é a mais séria, pois pode ocasionar sequelas graves no sistema nervoso.
Tratamento
Tanto casos leves quanto graves exigem diagnóstico e prescrição médica. Para identificar a doença, são realizados exames laboratoriais para mapear a bactéria da leptospirose. Se a pessoa estiver muito debilitada e com indícios de hemorragia, precisa ser hospitalizada para gerenciar o quadro. Já condições leves não exigem internação, apenas cuidados e repouso em casa. Por se tratar de uma infecção bacteriana, a primeira orientação é a utilização de antibióticos para conter a proliferação da leptospirose.
Contudo, dependendo da gravidade e das complicações causadas pela leptospirose, serão necessários outros tipos de medicamento para tratar a doença. Em hipótese alguma é recomendada a automedicação, pois determinadas substâncias podem agravar os sintomas, como o ácido acetilsalicílico.
Dúvidas frequentes
Como posso prevenir a leptospirose?
Evitar o contato com ambientes alagados, água de esgoto e poças podem prevenir a contaminação. Algumas situações podem ser inevitáveis, pois ninguém espera enfrentar uma situação de enchente. Por isso, após a exposição, é importante retirar toda a roupa molhada, tomar banho e secar bem o corpo. Além disso, uma forma de se manter afastado do problema é manter a casa limpa e livre de pragas, como ratos. Além disso, animais domésticos devem permanecer dentro de casa e vacinados. Por fim, sempre que pisar em uma poça na rua, lave imediatamente os pés e calçados, e nunca ande descalço em locais públicos.
A leptospirose é contagiosa?
Não é possível transmitir a doença de uma pessoa para outra. Apenas animais com a urina contaminada são capazes de trazer riscos para os humanos.
O que devo fazer se tiver algum sintoma?
Procurar um médico imediatamente em uma unidade básica de saúde ou hospitais na área de pronto atendimento. Os especialistas irão avaliar o seu caso e direcioná-lo para o tratamento em casa ou para a internação, se for necessária.
Quais são os cuidados principais para o tratamento em casa?
Fazer repouso, evitar esforço físico e manter a alimentação são fundamentais. Faça refeições leve e em porções menores, pois é normal sentir náusea e redução no apetite. Também é essencial beber bastante água, pois a ingestão de líquidos ajuda a manter a hidratação e a eliminar as toxinas.
Afinal, existe vacina para a leptospirose?
Por enquanto, não há um imunizante específico para se proteger contra os riscos da doença. Por outro lado, caso você tenha animais em casa, é possível vaciná-los em clínicas veterinárias particulares.
Links úteis
Para mais informações sobre a leptospirose, acesse as páginas de instituições renomadas:
Centers for Disease Control and Prevention (CDC).
Secretaria de Saúde do Paraná.