Jogos de passatempo potencializam a saúde cerebral

Equilíbrio
29 de Março, 2022
Jogos de passatempo potencializam a saúde cerebral

No início de 2022, a internet foi dominada por postagens misteriosas que exibiam jogos de passatempo, incluindo sequências de blocos verdes, amarelos e pretos. Tais publicações permitiam que os usuários de redes sociais compartilhassem sua pontuação no Wordle, jogo viral de adivinhação de palavras, sem dar um spoiler para aqueles que ainda não haviam completado o desafio diário.

Criado por Josh Wardle, o Wordle – cujo título é um trocadilho que combina o sobrenome do autor e o termo em inglês word, que significa palavra – é um quebra-cabeça on-line. O game propõe ao jogador descobrir uma palavra secreta de cinco letras por dia, em até seis tentativas. O sucesso do passatempo foi tanto que logo surgiram versões em português, como os jogos Term.ooo e Letreco, que funcionam da mesma maneira.

Leia mais: Jogos eletrônicos: Quando a diversão se torna uma doença

Jogos de passatempo estimulam o cérebro

De acordo com Sonia Maria Dozzi Brucki, neurologista no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, os jogos de passatempo são benéficos para o cérebro. Isso porque além de oferecer uma divertida distração, games como o Wordle podem auxiliar na formação de novos neurônios, ou seja, células responsáveis pela transmissão dos impulsos nervosos cerebrais. “Qualquer tipo de atividade intelectual fará com que você crie novas sinapses”, diz a médica.

Assim, a cada partida, o jogador precisa desenvolver uma nova linha de raciocínio, o que estimula a neurogênese em áreas cerebrais diversas. Dessa forma, mesmo jogos baseados na repetição, como o próprio Wordle, que apresenta aos jogadores um mesmo desafio diariamente – a única mudança é a palavra que deve ser encontrada –, são benéficos para a amplificação das sinapses.

Outros fatores cotidianos também podem potencializar o funcionamento cerebral. Sonia indica aliar as atividades intelectuais à atividade física, social e também a uma alimentação adequada e saudável. “Uma boa alimentação é aquela que tem pouca carne vermelha e derivados lácteos, mas muitos peixes, nozes, verduras, legumes e azeites”, explica.

O controle de doenças, como a diabete, hipertensão e alterações no colesterol também é um aspecto importante para a boa manutenção dos neurônios. “Além disso, é fundamental tratar a depressão, se a pessoa tiver; corrigir alterações sensoriais como distúrbios auditivos e visuais e também não fumar, porque o cigarro é deletério para a circulação sanguínea”, continua a neurologista.

Diversão aliada à saúde

Não há passatempos mais ou menos recomendados para a conservação da saúde do cérebro: a atividade deve ser escolhida com base em preferências individuais. Por isso, jogos, leitura, escuta de música, jardinagem, estudo de outras línguas e até mesmo faxinas são exercícios que podem contribuir para a vitalidade encefálica.

“Uma atividade interessante, também, e que estimula o convívio social, são os jogos de cartas e de tabuleiro. Há uma infinidade enorme. Mas o importante é que a pessoa faça tudo com alegria, com bom humor, com felicidade, não adianta querer que alguém realize uma atividade sem ter vontade alguma”, finaliza Sonia.

Fonte: Jornal da USP.

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