Janeiro Seco: Dicas (e motivos) para dar uma pausa no consumo de álcool

Alimentação
07 de Janeiro, 2022
Janeiro Seco: Dicas (e motivos) para dar uma pausa no consumo de álcool

Você sabe o que significa Janeiro Seco? Trata-se de uma campanha do Reino Unido que estimula o controle do consumo de álcool. Quem deseja participar precisa topar o desafio de ficar o mês inteiro sem ingerir bebidas alcoólicas, e pode garantir inúmeros benefícios com o ato. Saiba mais e confira dicas para fazer isso:

Por que aderir ao Janeiro Seco?

Não é difícil achar quem tenha aumentado o consumo de álcool durante a pandemia — e principalmente depois das comemorações de Natal e Ano Novo. De acordo com uma pesquisa da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), 42% dos entrevistados no Brasil relataram uma alta na ingestão da substância.

“O álcool é uma substância tóxica para o organismo humano, e pode provocar doenças mentais, cânceres, problemas hepáticos (como a cirrose), alterações cardiovasculares (com risco de infarto e acidente vascular cerebral), e diminuição da imunidade, além de favorecer a desidratação, a inflamação e o acúmulo de líquidos”, diz a médica nutróloga Marcella Garcez.

Leia também: Calorias das bebidas alcoólicas: Conheça o ranking

Em todo o mundo, a iniciativa Janeiro Seco visa desafiar a população a passar os 31 dias do mês sem álcool. E, mesmo que os malefícios não sumam do dia para a noite, acredite: um mês sem ele traz benefícios. Bebedores regulares que se abstiveram de álcool por 30 dias dormiram melhor, tiveram mais energia e perderam peso, de acordo com um estudo no BMJ Open. Veja outros motivos:

Janeiro Seco: O álcool reduz o metabolismo

O fígado é o responsável por digerir as bebidas alcóolicas. Porém, esse mesmo órgão também metaboliza (isto é, queima) as gorduras.

“O fígado trabalha diariamente quebrando as gorduras da sua alimentação e eliminando as toxinas. Quando você bebe álcool, acaba adicionando mais uma tarefa na função do órgão. Dessa forma, seu fígado não consegue processar a gordura de maneira rápida e eficiente, pois estará, também, trabalhando para expelir o álcool. Como consequência, ocorre a desaceleração do metabolismo, levando, inclusive, ao acúmulo de gordura”, explica Marcella.

Logo, como o fígado já estará sobrecarregado na tentativa de metabolizar o álcool, o recomendado é que, depois de consumir bebidas alcóolicas, você evite alimentos pesados, como carnes vermelhas, dando preferência a carnes brancas cozidas e grelhadas, além de muita salada e frutas.

Vale lembrar, por fim, que a substância é bem calórica: 1g dela tem aproximadamente 7 calorias.

Ele pode causar infertilidade

Segundo o ginecologista obstetra Fernando Prado, um estudo do ano passado publicado no Human Reproduction, jornal mensal da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia (ESHRE), mostrou que as mulheres que desejam engravidar devem evitar o consumo excessivo de álcool.

“Na segunda metade do ciclo menstrual, mesmo o consumo moderado está relacionado a chances reduzidas de gravidez, de acordo com o trabalho”, explica o especialista. Isso porque, possivelmente, a ingestão dele afeta os processos envolvidos na ovulação, de modo que nenhum óvulo é liberado durante o período ovulatório do ciclo. Além disso, a substância pode afetar a capacidade de um óvulo fertilizado se implantar no útero.

Leia também: Mindful drinking: Método aposta no consumo consciente de álcool

Janeiro Seco: Hábitos ruins prejudicam o cérebro

Uma análise de adultos com 80 anos ou mais mostra que um estilo de vida mais saudável está associado a um menor risco de comprometimento cognitivo. Os dados foram publicados no meio do ano passado no periódico PLOS Medicine.

A pesquisa levou em consideração pontos como tabagismo, peso corporal, padrão alimentar, atividade física e, também, o consumo de álcool – que já foi relacionado a problemas de memória. “A análise confirmou que os participantes com estilos de vida saudáveis eram significativamente menos propensos a ter prejuízo cognitivo do que aqueles com estilo de vida não saudável”, diz o médico neurologista e neuro-oncologista Gabriel Novaes de Rezende Batistella.

Sua pele também sofre!

A perda de água causada por drinks e doses afeta a saúde da pele. “A pele é um dos tecidos periféricos de onde o organismo retira água para metabolizar o álcool. Como resultado, o tecido cutâneo pode sofrer com desidratação, descamação e perda de viço e brilho”, afirma a dermatologista Paola Pomerantzeff.

Além disso, também pode haver mais processos inflamatórios. “A inflamação crônica piora a qualidade da pele, prejudicando sua firmeza e sua elasticidade e acelerando o envelhecimento cutâneo, além de favorecer o surgimento de doenças como acne, psoríase, rosácea e dermatite seborreica”, complementa o dermatologista Daniel Cassiano.

Janeiro Seco: O risco de problemas circulatórios aumenta

Por favorecer a desidratação, o álcool, além de aumentar a incidência de cãibras e dores musculares, também pode fazer com que o organismo retenha mais líquidos. “Ficamos, desse modo, mais inchados e a pressão sobre as veias e as artérias aumenta, o que pode contribuir para o surgimento de problemas vasculares como varizes e trombose”, destaca a cirurgiã vascular Aline Lamaita.

Por fim, a saúde bucal pode sair perdendo

Outra estrutura afetada é a boca, com danos principalmente aos dentes e à gengiva. “A desidratação provoca uma diminuição na produção de saliva. Assim, ficamos mais suscetíveis ao desenvolvimento de doenças como cáries, gengivite e erosão dental, visto que uma das principais funções da saliva é justamente proteger os dentes e as mucosas orais”, conta o cirurgião-dentista Hugo Lewgoy.

Leia também: Bebida alcoólica pode baixar a imunidade?

Janeiro Seco: Como parar de beber (ou reduzir o consumo de álcool)?

A gente sabe que nem sempre é fácil cortar por completo as bebidinhas do cardápio. Mas tentar apenas diminuir a ingestão delas já é um bom começo! Confira algumas dicas que podem ajudar no processo:

  • Escolha quando você vai beber: vale ir aos poucos e apostar nos drinks apenas aos fins de semana, por exemplo;
  • Estabeleça um limite semanal: sejam três shots por semana, duas latinhas ou uma taça;
  • Não beba de estômago vazio: uma vez que isso pode potencializar os efeitos do álcool no organismo — e te deixar com uma ressaca forte;
  • Beba água: antes, durante e depois da ingestão de álcool;
  • Desenvolva novos hobbys: em vez de ir para o bar, por que não ir para a aula de yoga?;
  • Reveja algumas amizades: sim, pode ser necessário se afastar um pouco daquele grupo social que só pensa em beber. Mas se eles forem seus amigos, entenderão completamente o motivo!

Fontes: Marcella Garcez, médica nutróloga e diretora da Associação Brasileira de Nutrologia; Fernando Prado, ginecologista e obstetra especialista em Reprodução Humana, Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e diretor clínico da Neo Vita; Gabriel Novaes de Rezende Batistella, médico neurologista e neuro-oncologista, membro da Society for Neuro-Oncology Latin America (SNOLA); Paola Pomerantzeff, dermatologista membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia; Daniel Cassiano, dermatologista da Clínica GRU Saúde e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia; Aline Lamaita, cirurgiã vascular membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular e Hugo Lewgoy, cirurgião-dentista, doutor em Odontologia pela USP e parceiro da Curaprox.

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