Intolerância à lactose: o que é e como ter uma rotina saudável
Durante muito tempo, a intolerância à lactose foi um dilema para quem convive com os desconfortos da condição. Felizmente, hoje há muitas soluções que auxiliam as pessoas a ter uma alimentação prazerosa sem abrir mão de suas preferências. Saiba quais são e como é possível ter uma vida saudável com elas.
Mas o que é a intolerância à lactose?
A nutricionista Tatiana Schallitz explica que a intolerância à lactose ocorre quando há pouca ou nenhuma produção de lactase. Essa enzima está presente no intestino delgado e digere a lactose, que é um tipo de açúcar presente no leite. “Dependendo da quantidade de lactose consumida, a pessoa sente desconfortos abdominais como diarreia ou constipação, gases, distensão, fadiga e dor de cabeça”, explica.
Tipos de intolerância à lactose
De acordo com Schallitz, há três tipos de intolerância à lactose. São elas:
Intolerância congênita
Muito rara, este tipo de intolerância é genético e impede o bebê de se alimentar do leite materno. “Esse recém-nascido, então, precisa ser nutrido com uma fórmula para lactentes sem lactose”, acrescenta a especialista.
Primária
Também de origem genética, é a mais comum — aproximadamente 40% da população mundial adulta possui a intolerância primária. Vale dizer que pessoas com esse tipo de intolerância à lactose sentem os sintomas de forma diferente. Assim, cada indivíduo possui níveis distintos de produção de lactase, que pode amenizar ou intensificar os inconvenientes típicos da intolerância alimentar.
Secundária
A princípio, está associada a lesões no intestino delgado, que tem como um dos sintomas a deficiência da produção da lactase. Ao contrário dos demais tipos, a intolerância secundária pode diminuir ou desaparecer. Afinal, está relacionada a doenças e inflamações que podem ser tratadas e controladas, como doença de Crohn, giardíase e doença celíaca. Além disso, existe outro fator responsável pela intolerância secundária: o estresse. Por isso, é importante manter a saúde emocional para evitar desconfortos, mesmo que sejam passageiros.
Dicas para uma vida saudável com intolerância à lactose
Uma das principais dúvidas sobre a intolerância à lactose é a alimentação. Realmente é preciso evitar alimentos que me deixam desconfortável? Antes de mais nada, é importante rever a alimentação do dia a dia e reduzir a ingestão de produtos com lactose. Contudo, isso não significa que a mudança traga privações. Atualmente, há alternativas que ajudam a pessoa com intolerância à lactose a ter prazer em sua dieta. Por exemplo:
Cápsulas de lactase
Às vezes, alguns restaurantes e eventos não possuem um menu livre de lactose. Por isso, as cápsulas de lactase tornam-se ótimas aliadas nessas situações inesperadas. Disponíveis em farmácias e lojas especializadas, essas cápsulas contêm a enzima lactase, que quebram as moléculas de lactose durante a digestão e evitam os desconfortos. Por ser um suplemento alimentar e não um medicamento, não há contraindicação ou restrição de uso. Então, não há problema para o consumo diário ou sempre que houver produtos lácteos no cardápio. Como recomendação, as cápsulas de lactase devem ser ingeridas com a refeição que terá lactose, para que possam agir na digestão.
Produtos livres de lactose
As prateleiras dos supermercados estão repletas de opções sem lactose. Além dos produtos destinados a esse público, é possível preparar receitas e consumir leites de origem vegetal, naturalmente livres da substância. Por isso, sempre observe os rótulos e visite lojas do segmento para ter mais novidades.
Ajuda profissional
Contar com o apoio de um nutricionista pode ajudar a ampliar as possibilidades de alimentação. Dessa forma, procure o suporte desse tipo de profissional para elaborar um plano alimentar com variedades e substituições saudáveis.
Como descobrir se tenho intolerância à lactose?
Primeiro os sintomas aparecem ao consumir um alimento com lactose. Logo, a maioria das pessoas se incomoda e procura ajuda médica, como um clínico geral ou gastroenterologista. Ambas as especialidades podem diagnosticar o quadro, que envolve:
- Avaliação clínica: o profissional fará uma análise detalhada do seu estilo de vida. Por exemplo, alimentação, uso de medicamentos, se sofreu algum episódio recente de estresse, histórico de doenças, sintomas, entre outros.
- Exames: segundo Tatiana, há quatro testes específicos. “No teste de intolerância à lactose, o paciente recebe uma dose de lactose em jejum. Após algumas horas, o sangue é colhido para medir os níveis de glicose. Como resultado, a glicose permanece inalterada se houver intolerância”, relata. Por sua vez, o teste de hidrogênio na respiração mede o hidrogênio eliminado na expiração após ingerir doses altas de lactose. Já o teste de acidez nas fezes identifica ácidos que o corpo produz quando não existe lactase no organismo. “Por fim, o teste genético de intolerância à lactose, que é muito mais simples e analisa o gene MCM6, responsável pela produção da lactase. Para o procedimento, basta a coleta de amostra de sangue ou de raspado de mucosa bucal”, conclui.
Fonte: Tatiane Schallitz, nutricionista pela UERJ e pós-graduanda em fitoterapia pela UNIFATEC.