Influenza e Covid-19: Transmissão e prevenção são as mesmas
Além do aumento expressivo nos casos de covid-19 após o ano novo, nas últimas semanas o Brasil também tem experimentado um surto de influenza (gripe) com a cepa H3N2. Em alguns casos, há a ocorrência das duas doenças, de forma simultânea, na mesma pessoa. Assim, tanto a covid-19 quanto a gripe são causadas por vírus e, na presença de sintomas, o indivíduo precisa do diagnóstico correto para o manejo mais adequado.
“Estamos diante de duas doenças cuja transmissão se dá exatamente da mesma maneira: de pessoa para pessoa. Isso através de gotículas emitidas pela fala, respiração, tosse ou espirro, e pelo contato com superfícies contaminadas e posterior toque no nariz, boca e até olhos, sem a higienização adequada das mãos”, explica o médico infectologista Jamal Suleiman, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas.
Dessa forma, locais com muitas pessoas e pouca ventilação favorecem a transmissão aérea (por aerossol) tanto do coronavírus quanto do vírus causador da influenza. Não se sabe exatamente quanto tempo os vírus se mantêm no ar, mas é comprovado que o vento é capaz de levar esses microrganismos para longe — reforçando a importância de se manter ambientes abertos e bem ventilados.
Além disso, as duas doenças também têm alta taxa de transmissibilidade. “No caso do SARS-CoV-2, o vírus da covid-19, a transmissibilidade aumentou sensivelmente com a variante Ômicron, apesar da menor agressividade”, destaca Suleiman.
Segundo o especialista, também não há diferenças nas medidas de prevenção para ambas. “Geralmente, doenças respiratórias exigem estratégias não farmacológicas, tais como distanciamento físico de, pelo menos, um metro e meio entre pessoas, higiene satisfatória e constante das mãos e, muito importante, o uso correto de máscara”, reforça.
Diferencie covid-19 e influenza pelos sintomas
Quanto aos sintomas, há semelhanças e diferenças que podem ajudar o indivíduo a identificar. Sendo assim, de acordo com Suleiman, a gripe tem início súbito, com:
- Febre alta;
- Intensa dor de cabeça;
- Dor de garganta;
- Congestão do trato respiratório alto (nariz, garganta, faringe e laringe);
- Sinais de infecção viral sistêmica: fadiga, dor no corpo e mal-estar geral.
“Eventualmente, na infecção por H3N2 se tem notado náusea e diarreia”, afirma o especialista. Por outro lado, no caso da covid-19, são esperados sintomas como:
- Febre;
- Tosse;
- Dor de cabeça;
- Dor no corpo;
- Fadiga;
- Dor de garganta, que não vinha sendo vista nas cepas anteriores.
“Já a perda de olfato e paladar, comum nas outras variantes, pouco tem sido vista na Ômicron”, comenta Suleiman.
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Atenção ao tempo de início dos sintomas
Ainda segundo o infectologista, uma diferença importante entre as doenças reside no tempo de incubação, ou o intervalo de tempo entre o contato com o vírus e o início dos sintomas.
- No caso da gripe, esse intervalo é muito curto, de três a cinco dias.
- No caso da covid-19, a incubação pode durar até 14 dias, ainda que, na média geral, os sintomas comecem a surgir a partir do quinto dia.
“O importante é que, se sentindo doente, o paciente busque assistência médica imediata para dar chance a um diagnóstico preciso. Pois uma vez definida a infecção viral, serão usadas estratégias para cada caso. O ideal é que, para o diagnóstico, seja feito um painel viral respiratório, se disponível, que aborda uma ampla gama de vírus. Porém, os testes moleculares rápidos têm sido perfeitamente indicados tanto para influenza quanto para covid-19, com acesso ao resultado em um curto período de tempo”, diz o médico.
Cuidados semelhantes
Diagnosticada qualquer uma das duas doenças, o isolamento é uma medida essencial. Dessa maneira, o tempo exigido pela influenza é bem mais curto.
“Quando não complicada, são indicados quatro dias. Se houver tratamento antiviral, ele será destinado à sintomatologia da gripe e também encurtará a cadeia de transmissão. Mas para a covid-19, agora conhecendo mais a doença, o isolamento passou de 14 para 10 dias. Em casos leves, se no quinto dia não houver mais sintomas, o paciente que não mora sozinho está livre para sair do isolamento. Contudo, deve permanecer em casa e usar máscara, preferencialmente a PFF2, até que se completem 10 dias contados a partir do primeiro dia de sintomas”, orienta o especialista.
Assim, quando não há complicações dO tratamento da covid-19, em casa, os sintomas exigem monitoramento e observação dos sinais de alarme. “Infelizmente, nenhum medicamento é capaz de mudar a história natural dessa doença, ao contrário da influenza, que conta com antivirais”, comenta.
Por fim, quanto à prevenção, além das medidas comportamentais, há imunizantes disponíveis tanto para a gripe quanto para a covid. “A vacina é uma importante estratégia farmacológica de contenção para as duas doenças. Mas lembre-se que ambas podem evoluir, como temos visto, para casos graves, especialmente em idosos, portadores de doenças prévias e pacientes com comprometimento do sistema imunológico. Ou seja, os fatores agravantes também são os mesmos”, finaliza o médico.
(Fonte: Agência Einstein)