Infertilidade feminina: Conheça as principais causas e os tratamentos

Gravidez e maternidade Saúde
02 de Agosto, 2021
Infertilidade feminina: Conheça as principais causas e os tratamentos

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 15% da população mundial sofre com a infertilidade, o que significa que cerca de um em cada cinco casais tem problemas para engravidar. Esse diagnóstico é feito, em geral, após 12 meses de tentativas sem o uso de qualquer método contraceptivo. Para mulheres acima de 35 anos, o prazo para a investigação cai para seis meses de tentativas de forma natural, já que a partir dessa idade a capacidade reprodutiva diminui progressivamente, podendo gerar a infertilidade feminina.

Em 40% dos casos, a origem do distúrbio está relacionada a condições naturais, com inúmeros fatores desencadeantes. “Os mais comuns são a síndrome do ovário policístico, a baixa reserva de óvulos, a endometriose e a obstrução nas trompas. Pessoas com histórico de infertilidade feminina na família ou que precisaram fazer quimioterapia ou radioterapia também têm um risco maior de ter perda na fertilidade”, afirma o ginecologista e especialista em reprodução assistida João Pedro Junqueira Caetano.

Outro motivo muito frequente é a idade, pois, devido ao processo de envelhecimento, há uma diminuição natural da quantidade dos óvulos. “Existem, ainda, os distúrbios uterinos, as malformações uterinas congênitas e os miomas dentro do útero, que podem ser causas de infertilidade feminina. O ideal é sempre fazer exame ginecológico de rotina para diminuir o risco de infecções genitais e também avaliar qualquer fator de risco para endometriose (quando o endométrio – tecido que reveste o interior uterino – está fora da cavidade do útero)”, complementa o ginecologista obstetra e especialista em reprodução humana Rodrigo da Rosa Filho.

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Vilões da infertilidade feminina

Além dessas causas, alguns hábitos de vida podem interferir nas chances de um casal engravidar. Confira os principais:

Tabagismo

Um dos principais agentes causadores da infertilidade é o cigarro. Isso porque ele contém substâncias tóxicas, como nicotina e alcatrão, que pioram severamente a qualidade reprodutiva. “Nas mulheres, o tabagismo é capaz de favorecer a deterioração dos óvulos, envelhecendo-os em até dez anos e acelerando o início da menopausa. O que é especialmente prejudicial hoje em dia, quando as mulheres estão querendo engravidar cada vez mais tarde”, alerta Rodrigo.

Excesso de bebidas alcoólicas

O consumo excessivo de álcool também pode interferir na fertilidade, principalmente a dos homens. Mas, apesar de ter efeitos ainda pouco esclarecidos sobre as mulheres, a ciência já sabe que a substância pode reduzir as chances de gravidez e ainda permanece por um certo período no organismo após a ingestão, levando a problemas durante a gestação, como malformação do feto e síndrome de abstinência no recém-nascido.

Alimentação desbalanceada

Garantir uma rotina de alimentação saudável é essencial para todos os processos do organismo, uma vez que fornece os nutrientes necessários para que as células funcionem corretamente. Isso também vale quando o assunto é fertilidade. “A falta de vitaminas e minerais, provenientes principalmente de frutas, vegetais e legumes, compromete o bom funcionamento do organismo e, consequentemente, leva à infertilidade feminina”, diz Rodrigo.

Por outro lado, existem alimentos que auxiliam na produção de hormônios envolvidos na fertilidade. Como peixes, ovos e sementes, que dão uma forcinha para a saúde dos órgãos reprodutores.

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Estresse

Altos níveis de estresse podem dificultar as chances de um casal engravidar. “Isso porque o estresse causa processos fisiológicos que podem interferir na produção de hormônios reprodutivos importantes”, alerta Rodrigo.

Peso inadequado

Além de favorecer o surgimento de doenças como diabetes e hipertensão — que podem causar problemas durante a gestação —, a obesidade influencia diretamente a fertilidade feminina.

Segundo Rodrigo, “o peso inadequado interfere na produção dos hormônios sexuais das mulheres, principalmente o estrogênio, o que, consequentemente, atrapalha o processo de ovulação. E, nesse caso, não se trata apenas da obesidade, já que mulheres excessivamente magras, como quem sofre de anorexia, também têm menor chance de engravidar, além de possuírem um risco maior de entrar na menopausa precocemente.”

Sono desequilibrado

O bom funcionamento da hipófise, glândula presente no cérebro e responsável pela produção de uma série de hormônios, inclusive os que estimulam os ovários, depende do sono da mulher. Logo, quando o período de repouso é curto ou de pouca qualidade, essa glândula não funciona da maneira como deveria. O que, consequentemente, atrapalha na hora de engravidar.

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Opções de tratamentos para a infertilidade feminina

A medicina oferece hoje inúmeras técnicas de reprodução assistida que ajudam os casais que sofrem com a infertilidade feminina. Rodrigo divide os tratamentos em: baixa complexidade (inseminação artificial) e alta complexidade (fertilização in vitro). “A inseminação artificial é indicada naqueles casos em que a mulher não está ovulando. Mas tem que ter um estado de gravidez espontânea, já que a inseminação é o depósito do sêmen no interior da cavidade uterina e o encontro entre o óvulo e o espermatozóide vai acontecer na trompa. Então, é uma gravidez que acontece dentro do organismo da mulher, por isso as duas trompas devem estar funcionando”, esclarece Rodrigo.

Já a fertilização in vitro é um tratamento em que o encontro do óvulo com o espermatozóide acontece fora do organismo da mulher, em um laboratório. “A gente indica principalmente quando há alteração do sêmen ou quando é pouco provável que aconteça uma gravidez espontânea — nos casos de alteração das trompas, endometriose grave, alteração genética ou idade mais avançada”, afirma o médico.

Outras opções de tratamento para infertilidade feminina

Existem ainda outras opções de tratamento para infertilidade feminina. Como indução da ovulação, ovodoação, congelamento de óvulos ou embriões (criopreservação), além do ICSI (técnica chamada de injeção intracitoplasmática de espermatozóide, em que um único espermatozóide, especialmente selecionado, é injetado em cada óvulo disponível). “Há menos de duas décadas, as taxas de sucesso da fertilização in vitro, por exemplo, eram cerca de 20%. Atualmente, as clínicas brasileiras trabalham com uma taxa de até 50-60% de êxito nesse tipo de tratamento para pacientes até 34 anos”, destaca João Pedro.

Por fim, é importante ressaltar que adotar um estilo de vida saudável, com alimentação balanceada, boas noites de sono e prática regular de exercícios físicos, é a melhor maneira de manter o bom funcionamento do organismo e, como resultado, melhorar a fertilidade e as chances de gravidez. “No entanto, caso o casal perceba que está tendo problemas para engravidar, ambos devem consultar um médico especializado, já que apenas ele poderá realizar uma avaliação e identificar a real causa do problema, recomendando assim o tratamento adequado ou, quando a causa da infertilidade não pode ser revertida, métodos de reprodução assistida”, finaliza Rodrigo.

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Fontes: João Pedro Junqueira Caetano, ginecologista e especialista em reprodução assistida da clínica Huntington Pró-Criar; e Rodrigo da Rosa Filho, ginecologista obstetra, especialista em reprodução humana e membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH).

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