Incompetência istmocervical: o que é e como tratar?

Gravidez e maternidade Saúde
27 de Maio, 2022
Incompetência istmocervical: o que é e como tratar?

Uma falha no sistema oclusivo do colo uterino na gravidez. Assim a medicina define a incompetência istmocervical (IIC). Mas o que isso significa? Trata-se de uma condição que predispõe a abortos tardios ou partos prematuros, conferindo alto risco à gestação.

Na prática, a ICC ocorre geralmente no segundo trimestre de gravidez. Quando o peso do feto causa uma pressão no colo uterino e a região, não aguentando esse peso, dilata muito antes da data prevista do parto – e daí o bebê nasce prematuramente. Mas, o que acontece é que depois que o colo do útero se dilata, ocorrem roturas das membranas amnióticas e a expulsão rápida do feto, associada a pouca dor e sangramento.

Como é possível tratar incompetência istmocervical?

O tratamento é feito através de uma cirurgia chamada cerclagem do colo uterino. Que são pontos no colo para deixá-lo fechado e mais resistente ao peso da gravidez com o passar dos dias e meses.

A técnica de cerclagem mais usada é a técnica de McDonald, mas existem várias e o cirurgião deve optar pela qual possui mais habilidade. De preferência, o procedimento deve ser feito entre 12 e 16 semanas de gravidez. Mas, há casos de urgência em que realiza-se depois desse período.

Outra forma de tratamento é a colocação do pessário, um anel de silicone ou borracha que também tem a finalidade de manter o colo fechado e mais resistente ao peso da gestação.

Além disso, para completar, recomenda-se associar o uso de progesterona via vaginal durante a gravidez em alguns casos.

Contudo, vale destacar que tanto o fio da cerclagem quanto o pessário são retirados por volta da 37ª semana de gravidez ou antes, caso aconteçam situações como rotura prematura das membranas amnióticas, trabalho de parto ou alteração na vitalidade fetal.

Por que a incompetência istmocervical ocorre?

Não é possível identificar uma causa específica para a IIC, que pode ser adquirida ou congênita.

Mas existem alguns fatores de risco, como:

  • lesão ou cirurgia no colo uterino;
  • histórico de abortos espontâneos no segundo trimestre da gestação;
  • curetagem;
  • aborto induzido;
  • defeitos congênitos no útero;
  • síndrome de Ehlers-Danlos (doença do tecido conjuntivo presente no nascimento).

O quadro tende a se repetir?

Sim. Como visto nas condições acima, histórico de parto prematuro ou aborto tardio configuram fatores de risco. Já que a causa da incompetência istmocervical é a insuficiência do colo uterino em suportar o peso do bebê à medida que a gravidez evolui.

Leia também: Atonia uterina: o que é, causas e os principais tratamentos

Diagnóstico e prevenção

Durante o pré-natal, no ultrassom transvaginal realizado a partir da 12ª semana de gestação, é possível medir o colo uterino e ver se ele é curto. Contudo, esse protocolo é do apenas para gestantes que já tiveram parto prematuro ou algum outro fator de risco.

Mas também é importante ressaltar que somente o fato de o colo ser curto não fecha o diagnóstico de IIC. Essa informação, na verdade, só auxilia no diagnóstico quando já houver história prévia de prematuridade.

Em alguns casos, a suspeita de ICC também pode vir a partir do ultrassom, como se a imagem mostrar a bolsa amniótica “invadindo” o colo uterino. Mas, em geral, são as perdas gestacionais prévias que levantam a suspeita.

Fonte: Dra. Marcela Lorenzo é ginecologista e obstetra e possui aprimoramento em reprodução humana e laser vaginal

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