Qual é o impacto da obesidade na fertilidade feminina e masculina?
A relação entre obesidade e distúrbios reprodutivos em mulheres é conhecida dos especialistas, e um estudo divulgado recentemente na revista científica PLOS Medicine reforça essa associação, principalmente do impacto da obesidade na fertilidade. A partir da análise de dados de mais de 257 mil mulheres, entre 40 e 69 anos, pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, criaram um modelo estatístico para estimar a ligação entre o Índice de Massa Corporal (IMC) e a proporção entre a cintura e o quadril com o risco de condições reprodutivas em mulheres, como endometriose, alto fluxo menstrual, pré-eclâmpsia e infertilidade.
Impacto da obesidade na fertilidade
Nos resultados, eles observaram que a condição poderia ser associada a uma série de doenças, incluindo mioma uterino e síndrome do ovário policístico. De acordo com Ana Paula Beck, médica ginecologista e obstetra do Hospital Israelita Albert Einstein, a pesquisa envolveu um número grande de dados de pacientes. Além disso, ela afirma que a análise estatística é completa, o que traz credibilidade aos resultados.
“O estudo mostrou que o IMC aumentado tem um impacto na já conhecida relação entre essas doenças reprodutivas (miomas uterinos, síndrome dos ovários policísticos, sangramento menstrual intenso e pré-eclâmpsia, entre outras) e a infertilidade”, destaca a especialista.
Há, no entanto, algumas limitações na pesquisa, destacada pelos próprios autores. Por exemplo, há uma baixa prevalência de desordens reprodutivas entre as participantes. Além disso, não há dados de IMC e da proporção cintura-quadril anteriores, para efeito comparativo. Além disso, as informações analisadas são apenas de mulheres de origem europeia.
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Fertilidade masculina
Homens também têm a fertilidade impactada pela obesidade. De acordo com Sidney Glina, médico urologista do Hospital Israelita Albert Einstein, dois mecanismos explicam essa relação. O primeiro é hormonal, porque a obesidade e o excesso de gordura visceral levam a uma maior transformação da testosterona em estrógeno, impactando negativamente na produção dos espermatozoides.
“O segundo mecanismo é que o homem com obesidade, devido ao aumento do abdome e das coxas, tende a ‘encaixotar’ os testículos, mantendo-os em uma temperatura mais elevada. As gônadas masculinas precisam ficar em uma temperatura de pelo menos 1 °C
abaixo da temperatura corporal e este aumento prejudica a formação de espermatozoides”, explica Glina.
(Fonte: Agência Einstein)