Hipotireoidismo: conheça as causas, sintomas e tratamento da doença

Saúde
02 de Maio, 2022
Hipotireoidismo: conheça as causas, sintomas e tratamento da doença

Uma deficiência na produção de hormônios da tireoide causa o chamado hipotireoidismo, doença que atinge 12 milhões de brasileiros. A glândula tireoide — localizada no pescoço — controla funções importantes para o metabolismo. Dessa forma, age diretamente em órgãos como coração, cérebro e fígado, regulando diversas atividades, entre elas batimentos cardíacos, ciclos menstruais, temperatura e peso corporal.

Ao deixar de produzir a quantidade suficiente de hormônios, surge então o hipotireoidismo, que desencadeia uma lentidão em diversas funções do organismo. Confira agora quais são as causas da doença, além do tratamento e os sintomas que indicam o seu surgimento.

Leia mais: Autoexame da tireoide: Por que e como fazer?

As causas do hipotireodismo

Várias são as razões para o desenvolvimento do hipotireodismo. De acordo com a Dra. Carolina Ferraz, endocrinologista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo (SBEM-SP), a condição é diagnosticada principalmente em pacientes que:

  • Possuem uma doença autoimune conhecida como Tireoidite de Hashimoto, que ataca e destrói as células que produzem os hormônios da tireoide.
  • Retiraram a tireoide por cirurgia.
  • Fazem tratamento com iodo radioativo, que é utilizado, principalmente, em certos casos de hipertireoidismo ou câncer da tireóide.

Além disso, as doenças causadas pelo mau funcionamento da tireoide são mais comuns no sexo feminino, sendo que os riscos aumentam com a idade. Por isso, endocrinologistas orientam mulheres acima de 40 anos, em especial, a fazerem o autoexame da tireoide periodicamente.

Leia mais: Tireoidite de Hashimoto: Sintomas, diagnóstico e tratamentos

Sintomas do hipotireodismo

A falta do hormônio da tireoide resulta em uma diminuição do metabolismo em geral. Dessa forma, segundo a médica, “os sintomas vão da unha do pé até o fio de cabelo”. A pele, por exemplo, é atingida, dando sinais de ressecamento. Além disso, o funcionamento dos órgãos fica mais lento. Dessa forma, o intestino pode ficar preso e o coração bater de forma mais lenta (assim como a frequência cardíaca). 

Por fim, quem tem hipotireodismo também pode ter o raciocínio prejudicado. Além de ficar mais lento, pode haver esquecimentos. Do mesmo modo, são comuns sintomas de depressão e retenção de líquidos – causando inchaço e aumento de peso. Se o hipotireoidismo for diagnosticado em crianças, explica a endocrinologista, elas podem ter prejuízos no desenvolvimento, atrapalhando, por exemplo, seu crescimento e desenvolvimento cognitivo.

Quem é o especialista mais indicado para tratar o hipotireoidismo?

O profissional mais indicado para tratar o hipotireoidismo é o endocrinologista, médico especialista em hormônios. Ele é responsável por investigar a causa da doença, além de avaliar o melhor momento para começar a repor os hormônios perdidos, incluindo a dose ideal. Além disso, o especialista saberá escolher o melhor tipo de tratamento, seja ele com medicamentos ou até cirurgia.

Como diagnosticar?

Para saber se uma pessoa tem hipotireoidismo, primeiramente é feita uma análise dos sintomas do paciente. “O médico vai notar que ele, provavelmente, está com o cabelo mais opaco, a pele mais fria, além de possíveis edemas e inchaço, principalmente nas pernas. Muitas vezes, eles também notam uma lentidão de resposta do paciente, assim como um quadro de cansaço e queixas relacionadas ao sono”, detalha Carolina.

Além do exame físico, para confirmar o diagnóstico é feito um exame de sangue para analisar o TSH e o T4 livre, que são os dois principais hormônios da tireoide. Para descobrir a causa da doença, a médica esclarece que é necessária uma análise mais detalhada a partir de exames específicos.

Tratamento do hipotireoidismo 

A falta de controle ou o tratamento inadequado do hipotireoidismo oferecem riscos. Entre os principais, estão problemas cardíacos, obesidade, colesterol alto, diabetes e infertilidade. Dessa forma, o tratamento é fundamental. De acordo com a endocrinologista, ele é feito por meio da reposição do hormônio da tireoide.

“Atualmente, a reposição é feita só com o hormônio T4, pois é o que nos traz mais segurança, segundo as evidências científicas. A medicação é vendida nas farmácias, e a gente adapta o tratamento de acordo com a necessidade individual. Ele é importante, pois possibilita maior qualidade de vida para o paciente. Assim, com os hormônios equilibrados, ele passa a ter mais rendimento, a dormir bem, dentre outros benefícios. O principal é deixar o nível de hormônio dentro da normalidade”, completa a médica.

É possível prevenir? Como?

Cirurgia parcial e melhora no estilo de vida são algumas das formas de evitar o desenvolvimento do hipotireoidismo. “Quando o paciente tem indicação de cirurgia da tireoide, a gente sugere um método mais conservador, como tirar apenas metade da tireoide, por exemplo”, diz a endocrinologista.

No entanto, quando a pessoa diagnosticada com hipotireoidismo tem Tireoidite de Hashimoto, é possível evitar a progressão da doença melhorando seu estilo de vida, já que não existe tratamento para doenças autoimunes, mas sim uma melhora significativa a partir de mudança de hábitos. Dessa forma, pacientes podem ter um sono com mais qualidade, assim como redução de estresse com ajuda de terapia, medicação, entre outros.

“Se a pessoa for sedentária, ter uma alimentação baseada em industrializados e em alimentos ricos em gorduras saturadas e muito conservantes, isso pode levar a uma resposta mais inflamatória que pode até piorar as doenças autoimuines”, diz Carolina.

É possível ter uma vida normal com hipotireoidismo?

A boa notícia é que sim. No entanto, o tratamento deve ser feito da maneira correta. “Apesar de ter uma doença crônica e sem cura, o tratamento permite que a pessoa tenha os hormônios controlados. Por isso, mulheres com hipotireoidismo podem engravidar e crianças conseguem se desenvolver sem prejuízo, por exemplo”. Dessa forma, é fundamental fazer o diagnóstico, tratamento e sempre acompanhar a doença por meio de exames de sangue. Assim, é possível ter qualidade de vida, além de evitar as complicações do hipotireoidismo.

MAT-BR-2200553

Leia mais em: Tireoide e coração: Você conhece a relação?

Fonte: Dra. Carolina Ferraz, endocrinologista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo (SBEM-SP).

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