Hepatite aguda infantil: o que é e como identificar os sinais

Saúde
06 de Maio, 2022
Hepatite aguda infantil: o que é e como identificar os sinais

Há poucas semanas, no dia 15 de abril, a Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu um alerta sobre um surto de casos de hepatite aguda infantil de causa desconhecida. O Reino Unido identificou os primeiros dez casos em crianças com menos de dez anos. Além disso, elas não tinham doenças pré-existentes. O país comunicou os casos à entidade no começo de abril. Em outros países europes, nos Estados Unidos e na Ásia, cerca de 200 casos já forma registrados até agora. Desde então, cientistas do mundo todo tentam descobrir o que está causando a doença. Mas o que é exatamente a hepatite infantil?

“A hepatite é nome dado a um processo inflamatório do fígado, que acontece, sobretudo, em decorrência de quadros infecciosos”, explica o infectologista pediátrico Alfredo Elias Gilio, coordenador da Clínica de Imunizações do Hospital Israelita Albert Einstein e professor doutor da Faculdade de Medicina da USP. As principais causas da hepatite são os vírus (A, B, C, D, E). Mas o uso excessivo de alguns medicamentos, doença autoimune, uso de álcool e drogas também podem desencadear a doença.

A hepatite aguda infantil normalmente se manifesta com dor abdominal, diarreia, vômito, enjoo e perda de apetite. Na maioria dos casos evolui para a icterícia – que é aquela cor amarelada na pele e no branco dos olhos. Outros sinais da hepatite são a urina escura e as fezes esbranquiçadas. “Por fim,há casos em que a criança não vai ter a icterícia, mas, em geral, é essa cor amarelada nos olhos que chama a atenção dos pais. É nesse momento que eles costumam procurar um médico”, alerta Gilio.

Como é o diagnóstico de hepatite aguda?

Em geral, diante desses sintomas e depois de uma anamnese detalhada do quadro e do histórico clínico da criança, o médico pede alguns exames das enzimas hepáticas no sangue para confirmar o diagnóstico – quando há inflamação no fígado, aumenta a quantidade dessas enzimas na corrente sanguínea.

Confirmado o diagnóstico, é preciso saber a causa/origem da hepatite. “Nas crianças, na maioria absoluta das vezes, a causa mais comum é a hepatite A. Em geral não requer internação, não costuma ser grave, e a maioria dos casos evolui bem. Além disso, não há um remédio específico para o tratamento, a gente cuida dos sintomas e o próprio organismo se recupera sozinho”, explica Gilio.

Sobretudo, a transmissão da hepatite A ocorre por contágio fecal-oral, pela ingestão de alimentos e/ou água contaminados e em locais que possuem condições precárias de saneamento. Uma forma menos comum de transmissão é pelo ato sexual. Casos de crianças que recebem o diagnóstico de hepatite viral são cada vez mais raros. Isso acontece já que existe vacina para hepatite A e B no Calendário Nacional de Vacinação.

Leia também: Hepatite B: Como é transmitida, tratamento e importância da vacinação

Casos de origem desconhecida

O que chamou a atenção das autoridades nos casos do Reino Unido foi a origem desconhecida do surto nas crianças – todas menores de 16 anos, a maioria abaixo de 10 anos, todas saudáveis. Os vírus dos tipos A, B, C, D e E, que são as causas mais comuns da doença, foram descartados. Após a realização de uma série de exames, os cientistas perceberam que a maioria dos casos tinha a presença do adenovírus 41F.

De acordo com Gilio, existem mais de 50 subtipos de adenovírus e, no geral, eles causam quadros leves de problemas respiratórios e não gastrointestinais. Mas ainda não é possível afirmar que esse subtipo seja o causador dos quadros agudos de hepatite infantil. Pois, não encontraram-no em todas as amostras.

Causa

“A causa desse surto de hepatite aguda infantil ainda é uma suposição, uma observação. Precisamos de dados mais robustos para responder às perguntas: será que esses casos têm alguma relação com a infecção prévia da criança por Covid-19? Será que a Covid-19 altera a resposta imunológica das crianças? Será que é realmente o adenovírus que está causando a hepatite? Ou quem sabe o genoma desse adenovírus mudou e ele se tornou mais agressivo? São inúmeras perguntas que ainda não sabemos responder”, afirmou Gilio. “Uma coisa que a gente já sabe é que os casos não têm nenhuma relação com a vacina contra o coronavírus, principalmente porque aconteceram em crianças numa faixa etária que não foi vacinada [abaixo de 5 anos]. É preciso reforçar essa afirmação”, continuou o professor.

Ainda não há respostas sobre a origem do surto mas, segundo Gilio, não há motivo para pânico dos pais. Assim, a orientação é procurar um médico caso a criança apresente algum dos sintomas relacionados à doença. “Não é preciso desespero, ainda não temos conhecimento de nenhum caso no Brasil”, finalizou.

Fonte: Agência Einstein

Leia também:

Saúde

Infarto aumenta o risco de desenvolver complicações de saúde a longo prazo

Pessoas com histórico de infarto têm mais risco de desenvolver outros problemas de saúde a longo prazo, como insuficiências cardíaca e renal, arritmias e até depressão,

Saúde

Infarto aumenta o risco de desenvolver complicações de saúde a longo prazo

Problemas como insuficiências cardíaca e até depressão são mais frequentes em quem sofreu um ataque cardíaco

Bem-estar Equilíbrio Saúde

“É impossível ser feliz sozinho”: cultivar relacionamentos está entre os segredos para viver mais

Indo na direção contrária da longevidade, um estudo revelou que quase ¼ das pessoas em todo o mundo se sentem sozinhas