Gordofobia: o preconceito contra o sobrepeso

Equilíbrio
27 de Janeiro, 2022
Gordofobia: o preconceito contra o sobrepeso

Uma conversa recente entre Lucas Bissoli e Tiago Abravanel, participantes do Big Brother Brasil 22, está dando o que falar. O ator e neto de Silvio Santos expôs suas vivências em relação à gordofobia – que acontecem frequentemente.

“A gordofobia vai além do estético. Eu não passo em catracas, o cinto da poltrona do avião não cabe em mim. As pessoas gordas são excluídas da sociedade”, disse Tiago no BBB 22.

De acordo com Deise Moraes Saluti, psicóloga, neuropsicopedagoga e escritora, quem pratica gordofobia geralmente são pessoas com baixa autoestima. Assim, elas tendem a ofender e tentar prejudicar psicologicamente o outro justamente para aliviar a dor emocional que sentem.

Leia também: Obesidade: O que é e como evitar essa condição

A saúde mental das vítimas de gordofobia

Também conhecida como Fat-Shaming, a gordofobia, assim como outros tipos de preconceito, afetam drasticamente a saúde mental das vítimas. “Pode causar diversos tipos de transtornos ou, muitas vezes, traumas que podem ser irreversíveis. Pois as pessoas que sofrem o preconceito podem tirar a própria vida acreditando que viver não tem mais sentido”, afirma a psicóloga.

Dessa forma, o objetivo principal dos preconceituosos é afetar psicologicamente as pessoas com essas características.

Obesidade

Basicamente, a obesidade é o excesso de peso corporal, um estágio que causa prejuízos à saúde física e mental.

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), uma pessoa se torna obesa quando seu IMC (Índice de Massa Corporal) é maior ou igual a 30 kg/m2. Contudo, apesar dessa consideração, os profissionais de saúde atualmente levam mais em conta a composição corporal de gordura do que o peso total e o IMC.

“Circunferência abdominal acima de 80 cm para mulheres e 92 cm para homens e um percentual de gordura corporal maior que 28% para mulheres e maior que 20% para homens já devem chamar a atenção, mesmo que o IMC seja abaixo de 30 kg/m2”, explica o Dr. Márcio Velasques, especialista em emagrecimento.

Um estudo publicado em fevereiro de 2014 pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA), indica que muitos casos da doença poderiam ser evitados no país caso nossos indicadores de obesidade fossem menores.

A obesidade é tratada como uma doença multifatorial. Ou seja, também é ligada a fatores genéticos, metabólicos, sociais, ambientais e psicológicos do indivíduo.

“A maior preocupação de médicos e especialistas em obesidade é que os pacientes chegam sempre carregando muita culpa, que tudo acontece somente por culpa dele e todos nós sabemos os fatores negativos que podem causar”, ressalta Deise Moraes.

Estar acima do peso nem sempre significa não estar saudável

 “O problema social hoje é que as pessoas olham para alguém gordo e automaticamente falam que ela não é saudável”  disse o ator Tiago Abravanel no BBB 22, em conversa com Lucas Bissoli, estudante de medicina.

Estar acima do peso na balança não quer dizer que você tenha uma saúde ruim. 

“Se a nossa composição corporal estiver adequada, uma quantidade ideal de e massa magra e massa óssea e uma baixa quantidade de gordura, sem prejuízos a nossa saúde, podemos considerar Ok. Agora, se estivermos falando de gordura corporal, aí sim é preocupante e a saúde vai ser comprometida”, destaca Dr. Márcio Velasques.

Para o especialista, o que define um corpo saudável é ter uma boa saúde intestinal, se alimentar corretamente, estar emocionalmente equilibrado, disposta, ter o sono regulado, entre outros.

“Precisamos ter cuidado para não estarmos sendo altamente influenciados pelo padrão social e esquecendo a saúde real. O “padrão” de corpo criado pela internet, não tem história, não tem família, não tem estresse e problemas com trabalho”, finaliza Dr. Márcio.

Como lidar com a gordofobia

Apesar de a prática não ser considerada crime no Brasil, a vítima pode denunciar por injúria e danos morais. Além disso, qualquer tipo de prova do ocorrido pode ser útil no tribunal, caso haja um possível processo. 

“Indico a qualquer pessoa que se sente de maneira culposa ou constrangedora a buscar um profissional da saúde mental, caso contrário, Thiago Abravanel está corretíssimo: achar que uma pessoa gorda não tem saúde é, além de indiscreto, uma grande ignorância”, finaliza a especialista.

Fontes:  Deise Moraes Saluti, psicóloga, neuropsicopedagoga e escritora; Dr. Márcio Velasques, especialista em emagrecimento.

Sobre o autor

Julia Moraes
Jornalista e repórter da Vitat. Especialista em fitness, saúde mental e emocional.

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