Gestantes bariátricas: quais são os ricos e cuidados?

Saúde
03 de Fevereiro, 2022
Gestantes bariátricas: quais são os ricos e cuidados?

Engravidar antes ou depois da cirurgia bariátrica? Quais são as dificuldades de quem passa pelo procedimento e pretende ser mãe? Essas são algumas das dúvidas mais comuns das gestantes bariátricas.

Segundo a Dra. Mariana Rosario, ginecologista e mastologista, após a perda de peso, existe maior facilidade de a mulher engravidar, já que os níveis hormonais tendem a se normalizar. Com o peso estabilizado, a mulher também corre menos risco de desenvolver o diabetes gestacional e a pré-eclâmpsia, doenças que podem afetar também a saúde do bebê. Conheça mais os riscos e cuidados importantes.

Leia mais: Cirurgia bariátrica: O que é, para que serve e diferentes tipos

Gestantes bariátricas: quando fazer a cirurgia?

De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, “estão aptos a fazer (cirurgia bariátrica) pacientes com IMC acima de 40 kg/m², independentemente da presença de comorbidades; IMC entre 35 e 40 kg/m² na presença de comorbidades; IMC entre 30 e 35 kg/m² na presença de comorbidades que tenham obrigatoriamente a classificação ‘grave’ por um médico especialista na respectiva área da doença”. 

Seguindo esse raciocínio, uma mulher que passará por uma cirurgia bariátrica tem indicação clínica para lidar com a obesidade, já que o seu quadro está lhe causando riscos à saúde. “Como a gestação é um período em que a mulher precisa estar saudável e deve preparar a ‘casa’ para receber o bebê, é importante que ela faça a cirurgia bariátrica antes da gestação – e não depois dela, se essa for a indicação de seu cirurgião”, conclui ginecologista. “Dessa forma, após a perda de peso, espera-se que ela tenha uma gestação mais saudável”, estima.

Leia mais: Como deve ser a dieta pós-cirurgia bariátrica?

Quanto tempo esperar para engravidar?

Ainda segundo a SBCBM, é indicado que a mulher aguarde pelo menos um ano para engravidar após a bariátrica. “O que percebemos é que, após a grande perda de peso, os níveis hormonais tendem a se estabilizar. Com isso, problemas que prejudicam a concepção e a implantação do embrião podem ser minimizados”, explica a médica.

“Muitas gestantes bariátricas que sofrem com a SOP (Síndrome dos Ovários Policísticos) e a Síndrome Metabólica, por exemplo, após emagrecerem e adotarem hábitos saudáveis voltam a ovular e conseguem engravidar. E esse é apenas um dos exemplos”, completa a médica. Quem passa pela bariátrica, portanto, tem mais chances de engravidar. 

Leia mais: Exercício físico reverte perda de massa muscular em mulheres que fizeram cirurgia bariátrica

E em relação ao desenvolvimento da gestação? 

De acordo com a Dra. Mariana Rosario, as mulheres com excesso de peso têm mais chance de desenvolver diabetes gestacional e pré-eclâmpsia não apenas pelo peso, mas porque geralmente têm maus hábitos. “Essas doenças não são exclusivas de quem tem sobrepeso e obesidade, mas estão muito ligadas a hábitos nada saudáveis. Quem não pratica atividades físicas, se alimenta mal, não faz um bom pré-natal e não usa os suplementos adequados, paor exemplo, corre grandes riscos de desenvolvê-las. Também acontece com quem fuma e usa drogas”.  

Quando a mulher passa pela bariátrica, ela geralmente adota novos hábitos. Além de comer em pouca quantidade, a maior parte das pacientes passa a comer melhor, abandonando refrigerantes e outros alimentos ultraprocessados. Com a autoestima restabelecida, elas também começam a se exercitar. “E, então, o diabetes gestacional não se desenvolve, bem como a hipertensão arterial é controlada, não causando a pré-eclâmpsia”. Vale lembrar que essas duas doenças gestacionais podem afetar a saúde do bebê. 

Atendimento da gestantes bariátricas precisa ser especializado

A preocupação da Dra. Mariana Rosario com as gestantes bariátricas está relacionada, principalmente, ao atendimento pré-natal. Segundo ela, a cirurgia faz com que o organismo absorva menos os nutrientes. Por isso, a suplementação da gestante deve ser observada com critério redobrado. 

“É necessário que se faça um preparo ainda maior antes da gestação e um acompanhamento muito preciso durante toda a gravidez. Essa mulher corre o risco de desnutrição e a depleção de seu organismo pode causar danos ao bebê, que pode não se desenvolver adequadamente. Além disso, existe risco de parto prematuro, devido à falta de nutrientes”, alerta.

Para que a gestação seja plena, é preciso que a gestante tenha o acompanhamento de um obstetra que avalie sua situação individualmente e tenha conhecimento das necessidades do paciente bariátrico. “O obstetra tem um grande desafio quando aceita uma paciente pós-bariátrica. Ele precisa atualizar-se nas diretrizes da SBCBM, cruzando dados com os que praticamos na obstetrícia. Mais do que isso, é necessário entender a condição dessa mulher, seus hábitos alimentares e de vida e orientá-la adequadamente, para que ela mostre aderência ao tratamento”, pondera.

Gestantes bariátricas: outros cuidados

Dessa forma, a suplementação das gestantes bariátricas poderá necessitar de mais nutrientes, bem como de dose reforçada de Ferro, por exemplo. “As pacientes bariátricas podem ter anemia e isso deve ser constantemente verificado, dentre outros aspectos”.

Por fim, em relação ao parto, Dra. Mariana diz que ele poderá ser normal, caso a paciente tenha condições para isso. “Nada muda de uma mulher que passou pela bariátrica, em relação às demais. Tudo dependerá da escolha dela e das condições físicas que se apresentarem”, finaliza a obstetra.

Leia mais: Uma em cada duas grávidas tem falta de ferro, aponta estudo canadense

Fonte: Dra. Mariana Rosario – Ginecologista, Obstetra e Mastologista. CRM – SP: 127087.

Sobre o autor

Fernanda Lima
Jornalista e Subeditora da Vitat. Especialista em saúde

Leia também:

Saúde

Infarto aumenta o risco de desenvolver complicações de saúde a longo prazo

Pessoas com histórico de infarto têm mais risco de desenvolver outros problemas de saúde a longo prazo, como insuficiências cardíaca e renal, arritmias e até depressão,

Saúde

Infarto aumenta o risco de desenvolver complicações de saúde a longo prazo

Problemas como insuficiências cardíaca e até depressão são mais frequentes em quem sofreu um ataque cardíaco

Bem-estar Equilíbrio Saúde

“É impossível ser feliz sozinho”: cultivar relacionamentos está entre os segredos para viver mais

Indo na direção contrária da longevidade, um estudo revelou que quase ¼ das pessoas em todo o mundo se sentem sozinhas