Fenótipos da obesidade: Entendê-los ajuda na abordagem personalizada da condição

Saúde
21 de Julho, 2021
Fenótipos da obesidade: Entendê-los ajuda na abordagem personalizada da condição

As iniciativas de medicina individualizada (voltada para as particularidades de cada paciente) se concentram principalmente nas doenças raras ou no câncer. Já no que diz respeito às condições não transmissíveis (obesidade, por exemplo), as possibilidades de intervenções são muitas. Mas pouco se fala em tratamento que leva em conta os fenótipos da obesidade.

Isso mesmo. “A perda de peso duradoura com as opções de tratamento atuais continua sendo um desafio na prática clínica”, diz o gastroenterologista e especialista em obesidade Andres Acosta (Ph.D.), da Mayo Clinic.

Para abordar essa questão, o médico e uma equipe de pesquisadores da Mayo Clinic iniciaram um estudo de medicamentos baseados em fenótipos da obesidade para o aumento da perda de peso.

Leia também: Obesidade: O que é e como evitar essa condição

Mas o que são os fenótipos da obesidade?

Primeiro, vale entender: um fenótipo é um conjunto de características observáveis de uma pessoa resultante da interação de seu genótipo com o ambiente. Dessa forma, a equipe conseguiu classificar quatro fenótipos da obesidade:

  • Cérebro faminto: Controlado principalmente pelo eixo cérebro-intestino. Nele, uma quantidade anormal de calorias é necessária para atingir a saciedade;
  • Alimentação emocional: Desejo de comer para lidar com emoções positivas ou negativas;
  • Intestino com fome: Duração anormal (menor) da saciedade;
  • Queima lenta: Diminuição da taxa metabólica.

De acordo com os pesquisadores, essas quatro características são capazes de ditar o peso corporal. Isso porque os principais motivadores para a ingestão de alimentos são a saciedade, a duração da saciedade e a alimentação emocional.

Já os principais fatores envolvidos na queima de calorias são: gasto energético em repouso; atividade física sem exercício; exercício; e efeito termogênico (aumento da taxa metabólica após uma refeição).

“Foi essencial explicar as diferenças entre os pacientes em alguns desses componentes mensuráveis de ingestão alimentar e gasto de energia e avaliar seu potencial de individualização da terapia para a obesidade”, diz Acosta.

A equipe, então, queria investigar se essas diferenças entre pessoas com obesidade significariam a necessidade de tratamentos individualizados para o emagrecimento de cada um. “Nosso objetivo foi classificar os fenótipos da obesidade e avaliar a eficácia dos medicamentos antiobesidade com base em fenótipos em comparação com medicamentos não baseados em fenótipos.”

Como funcionou o estudo

A equipe da Mayo conduziu um ensaio clínico durante um ano em um centro de controle de peso, onde 312 pacientes foram aleatoriamente designados para tratamento com base ou não em fenótipos, incluindo medicamentos antiobesidade.

Seus resultados, publicados na revista Obesity, mostram que uma abordagem baseada em fenótipos da obesidade foi associada a uma perda de peso 1,75 vez maior após um ano; e a proporção de pacientes que perderam mais de 10% do peso em um ano foi de 79%, em comparação com 34% daqueles cujo tratamento não foi guiado pelo fenótipo.

Leia também: Como diminuir a obesidade infantil em tempos de coronavírus

Sobre o autor

Redação
Todos os textos assinados pela nossa equipe editorial, nutricional e educadores físicos.

Leia também:

Saúde

Infarto aumenta o risco de desenvolver complicações de saúde a longo prazo

Pessoas com histórico de infarto têm mais risco de desenvolver outros problemas de saúde a longo prazo, como insuficiências cardíaca e renal, arritmias e até depressão,

Saúde

Infarto aumenta o risco de desenvolver complicações de saúde a longo prazo

Problemas como insuficiências cardíaca e até depressão são mais frequentes em quem sofreu um ataque cardíaco

Bem-estar Equilíbrio Saúde

“É impossível ser feliz sozinho”: cultivar relacionamentos está entre os segredos para viver mais

Indo na direção contrária da longevidade, um estudo revelou que quase ¼ das pessoas em todo o mundo se sentem sozinhas