Estágios da privação de sono: de lentidão à alucinação

Sono
24 de Fevereiro, 2022
Estágios da privação de sono: de lentidão à alucinação

Passar apenas uma noite em claro não é um grande problema. No entanto, se a privação de sono se tornar contínua, os sistemas que regulam as funções do corpo se descompensam e diferentes problemas de saúde passam a surgir. Veja alguns estágios da privação de sono:

Ficar 18 horas sem dormir, por exemplo, prejudica os reflexos motores, julgamento e o tempo de reação quando dirigimos. Isso implica em um efeito parecido com o de estar embriagado (o equivalente a uma concentração de 0,05% de álcool no sangue), por exemplo, o que aumenta o risco de acidentes de trânsito.

Se o período desperto é maior, de 24 horas, a inabilidade se equipara a alguém com a taxa de álcool de 0,10%, de acordo com informações do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês).

Estudo sobre o sono

Além disso, um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, em 2004, mostrou que há uma ligação entre noites mal dormidas e o aumento no Índice de Massa Corporal (IMC) — o que indica que a duração do sono é um importante regulador de peso e do metabolismo.

Quem não dorme o suficiente também tem um aumento da corticosterona, um dos hormônios que o corpo libera em situações de estresse. “Isso provoca uma queda na produção de novas células do cérebro, afetando, assim, a cognição, especialmente a formação de memória e a capacidade de concentração”, explica o psiquiatra Adiel Rios, pesquisador do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e membro da Associação Brasileira de Psiquiatria.

De acordo com o especialista, a falta crônica de descanso favorece ainda a fadiga, o envelhecimento precoce, queda na imunidade e sonolência durante o dia, além do aumento no risco de desenvolver doenças crônicas como transtornos psiquiátricos e cardiovasculares. Embora a recomendação geral seja de 8 a 10 horas de sono por noite, no Brasil as pessoas descansam, em média, 6,4 horas, segundo dados da Associação Brasileira do Sono.

Leia também; A importância do sono para ficar com o corpo em forma

Estágios da privação de sono

Descubra quais são os estágios da privação de sono e os sintomas causados:

24 horas sem dormir

Uma noite sem descanso já é o suficiente para provocar o mesmo efeito que após o consumo de bebidas alcoólicas. Outros sintomas comuns são irritabilidade, dificuldade de concentração e cognição, tremores, fadiga, redução na coordenação e compulsão alimentar (desejo por comidas especialmente calóricas).

36 horas sem dormir

Os sintomas ficam mais intensos e a vontade de dormir se torna urgente. Nessa fase, é comum ter pequenos cochilos, de cerca de 30 segundos, sem perceber — o que pode provocar acidentes durante a realização de atividades. A pessoa pode sentir, ainda, uma fadiga extrema, ter dificuldades em socializar e em tomar decisões, além de apresentar mudanças de comportamento.

48 horas sem dormir

Também conhecida como uma privação extrema do sono, nesse momento a fadiga e a irritabilidade se tornam ainda mais intensas. Por isso, é possível que o indivíduo comece a alucinar, ouvindo e vendo coisas que não existem. Além disso, aumento no nível de estresse e ansiedade também podem ocorrer.

72 horas sem dormir

A partir do terceiro dia sem dormir, a necessidade de repousar fica mais forte e há a tendência de os cochilos involuntários acontecerem com mais frequência. A falta de sono impacta a percepção do indivíduo.

96 horas sem dormir

A percepção de realidade acaba distorcida, após quatro dias sem dormir. A necessidade de descansar se torna insuportável e a pessoa pode ter quadros de psicose por privação de sono. Situação que impacta na forma com a qual ela vê a realidade ao seu redor. Em geral, esses sintomas diminuem depois que a pessoa descansa o suficiente.

Como melhorar a qualidade do sono?

Criar hábitos saudáveis e manter uma rotina para a hora de dormir são passos importantes para melhorar a qualidade do sono. Reduzir o consumo de cafeína durante o dia e de bebidas alcoólicas antes de ir para a cama, não usar aparelhos eletrônicos na cama e criar um ritual à noite (como tomar um banho ou ler um livro) ajudam o corpo a entrar em um estado de relaxamento.

Mas, se mesmo com mudanças na rotina, a privação de sono persistir, é importante buscar ajuda especializada para entender quais problemas de saúde podem estar interferindo no repouso.

(Fonte: Agência Einstein)

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