Epilepsia: conheça os sintomas e tratamentos da doença neurológica

Saúde
07 de Fevereiro, 2022
Epilepsia: conheça os sintomas e tratamentos da doença neurológica

A epilepsia é uma das doenças neurológicas mais comuns. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), afeta quase 50 milhões de pessoas em todo o mundo. Por isso, assim como a maioria das comorbidades, um diagnóstico precoce evita desdobramentos mais graves da doença. 

O que é uma crise epiléptica?

A crise epiléptica é uma descarga elétrica anormal do cérebro, que causa convulsões. A epilepsia pode desencadear alterações do comportamento e do movimento do corpo e, em alguns casos, perda de consciência. Vale destacar que um único episódio de crise convulsiva não caracteriza a epilepsia. Por isso, para diagnosticar a doença, são necessárias pelo menos duas ou mais crises com intervalos variáveis.

As crises podem afetar apenas uma parte do cérebro ou várias, em pessoas de todas as idades. Os picos, normalmente, ocorrem entre crianças e adultos com mais de 60 anos. Quando é identificada uma crise convulsiva, deve-se buscar orientação médica especializada para investigação. “Analisamos sempre a recorrência dos fenômenos – com as alterações motoras, salivação, perda da consciência – aliada ao eletroencefalograma, exames de imagem e de sangue”, pontua Alfredo Löhr Junior, neurologista pediátrico.

Quais são as causas da epilepsia?

As causas da epilepsia podem ser genéticas ou então decorrentes de algum agravo de doença neurológica. Além disso, também pode ter como causa alguma lesão que deixou sequela e que, devido ao trauma, desencadeia crises convulsivas de repetição.

Sintomas

São três os principais sintomas da epilepsia. O ataque epilético, que se caracteriza pelas crises convulsivas; a crise de ausência, quando a pessoa fica com um olhar fixo, sem fazer comunicação com quem está ao redor; e as crises parciais, onde há distorções de percepção da realidade e sensações diferentes no corpo.

Há diferentes tipos de crise, por isso, a pessoa pode se desligar, ficar aérea, ter contração voluntária dos lábios, desde ter movimentos involuntários no corpo. As crises epiléticas raramente deixam sequelas, mas é possível que o paciente sofra lesões cerebrais definitivas, caso não controladas.

A importância do tratamento para epilepsia

A epilepsia pode ser controlada com medicações específicas, denominadas fármacos antiepilépticos. Quando o tratamento com as drogas anticonvulsivantes não é suficiente para o controle as crises, pode-se considerar uma epilepsia farmacorresistente, então outras formas de terapias devem ser consideradas, como o uso da dieta cetogênica (que, entre outras ações, restringe o consumo de carboidratos), a intervenção cirúrgica ou a utilização do canabidiol. 

Nas epilepsias farmacorresistentes, pode-se lançar mão também do gerador de impulsos elétricos ao nervo vago (Estimulador do Nervo Vago), importante elo entre o corpo e o cérebro, podendo diminuir as crises. Outras opções são os neuromoduladores, responsáveis por enviar estímulos elétricos ao cérebro, que reduzem significativamente as crises epilépticas. Todos os tratamentos devem ser prescritos de acordo com diagnóstico e orientação médica.

Segundo o neurologista pediátrico, o tratamento é individualizado e de longo prazo, podendo durar de dois a quatro anos, ou até mesmo a vida inteira. “Caso o paciente não tenha uma epilepsia farmacorresistente, a chance de ter uma vida normal, com quase nenhuma limitação, é uma realidade. Nosso principal recado é: tomem a medicação, sigam a orientação do médico, especialmente na adolescência, que é uma fase que acaba deixando de lado esse cuidado. Só assim podemos saber se o tratamento está fazendo efeito ou se é necessário reajustar algo”, alerta.

O que fazer diante de uma crise convulsiva

Confira algumas orientações de como agir em caso de crises convulsivas e o que não deve ser feito nesses casos, de acordo com o neurologista pediátrico Alfredo Löhr Junior:

  • Mantenha a pessoa deitada, de preferência com a cabeça voltada para algum lado;
  • Retire objetos próximos com os quais a pessoa possa machucar-se, como tesouras e facas, por exemplo;
  • Afrouxe as roupas, se necessário;
  • Deixe as vias aéreas livres, para facilitar a passagem de ar;
  • Não introduza o dedo ou qualquer outro objeto na boca durante a crise;
  • Não jogue água sobre ela nem ofereça nada para ela beber ou comer;
  • Permaneça ao lado da pessoa até que ela recupere a consciência;
  • Aguarde até cinco minutos para que ocorra a interrupção da crise. Caso contrário, o paciente deve ser levado ao pronto-atendimento ou, então, chame o SAMU;
  • Quando a crise passar, deixe a pessoa descansar.

Fonte: Alfredo Löhr Junior, neurologista pediátrico e chefe do Serviço de Neurologia do Hospital Pequeno Príncipe.

Sobre o autor

Fernanda Lima
Jornalista e Subeditora da Vitat. Especialista em saúde

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