Enxaqueca: o que é, causas, sintomas, tratamento, diagnóstico e prevenção
Basta uma noite mal dormida ou, então, um estresse no trabalho para a enxaqueca prejudicar a rotina de qualquer indivíduo. Esse desconforto, que atinge tanto homens quanto mulheres, é capaz de alterar a rotina de qualquer pessoa. “Preciso parar tudo que estou fazendo, desligar a luz e dormir. Caso contrário, a situação só piora”, explica o jornalista Matheus de Azevedo.
A declaração não é um exagero do profissional, tanto que a Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu a condição no rol de doenças mais incapacitantes.
Mas, afinal, o que é enxaqueca? Além disso, qual é a diferença entre ela e a dor de cabeça e como prevenir? É isso, então, que discutiremos abaixo.
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O que é enxaqueca?
Trata-se de uma doença neurovascular que traz crises frequentes de dor de cabeça. Assim, esse desconforto pode ocorrer durante um determinado período ou acompanhar o paciente no decorrer da vida.
Geralmente, um quadro de enxaqueca é diagnosticado quando o paciente sente uma dor que ocupa metade da cabeça. Desse modo, à medida que o indivíduo faz atividade física, a crise piora.
A enxaqueca está relacionada a outros sintomas, como: náusea, vômitos e desconforto com a exposição à luz e a sons altos. O quadro pode durar até 72 horas, prejudicando o desempenho em atividades pessoais e profissionais.
Diferenças entre dor de cabeça e enxaqueca
Contudo, nem sempre uma dor de cabeça pode ser uma enxaqueca. O biólogo e doutor em neurociências Fabiano de Abreu Agrela explica a diferença entre os dois diagnósticos.
“Dor de cabeça pode ser na face ou na parte superior do pescoço, e varia em intensidade e frequência. A, enxaqueca, por outro lado, é um distúrbio de dor de cabeça primário extremamente doloroso, que produz sintomas mais intensos e debilitantes do que as dores de cabeça”, destaca o profissional.
Como reconhecer uma enxaqueca?
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBCe), nem sempre o indivíduo é diagnosticado com todos os sinais da doença. Contudo, o médico consegue descobrir o problema de acordo com o quadro clínico do paciente.
Apesar disso, a avaliação médica é essencial para eliminar outras causas de dor de cabeça antes do tratamento.
O que causa enxaqueca?
Em grande parte dos casos, uma crise de enxaqueca é causada pelos seguintes sintomas abaixo, conforme aponta a SBCe:
- Estresse;
- Sono prolongado;
- Jejum;
- Traumas cranianos;
- Ingestão de certos alimentos como chocolate, laranja, comidas gordurosas e lácteas;
- Privação da cafeína nos indivíduos que consomem grandes quantidades de café durante a semana e não repetem a ingestão durante o fim de semana;
- Além disso, uso de medicamentos vasodilatadores;
- Exposição a ruídos altos, odores fortes ou temperaturas elevadas;
- Mudanças súbitas da pressão atmosférica, como as experimentadas nos vôos em grandes altitudes;
- Alterações climáticas;
- Exercícios intensos;
- Por fim, queda dos níveis hormonais que ocorrem antes da menstruação.
A nutricionista Juliana Wille destaca que também há relação entre a obesidade e a enxaqueca. “A relação entre obesidade e enxaqueca também tem sido estudada. Isso porque o excesso de peso pode estar relacionado à cronificação da enxaqueca. Ademais, as pesquisas também verificaram que há relação entre o excesso de peso com maiores ocorrências de crises de enxaqueca e maior intensidade dos seus sintomas.”, explica.
O que fazer durante uma crise de enxaqueca?
O biólogo e doutor em neurociências Fabiano de Abreu Agrela lista algumas ações que as pessoas devem aplicar durante uma crise de enxaqueca.
- Apague as luzes: devido ao aumento da sensibilidade à luz e ao som, procure relaxar em um quarto escuro e silencioso, e tente dormir;
- Experimente compressas: aplique compressas quentes ou frias na cabeça ou no pescoço. A primeira alternativa tem um efeito entorpecente, que pode atenuar a sensação de dor. Já a compressa quente e as almofadas de aquecimento podem relaxar os músculos tensos. Banhos aquecidos podem ter um efeito semelhante, mas não são recomendados após as refeições;
- Beba café: em pequenas quantidades, a cafeína, sozinha, pode aliviar a dor da enxaqueca nos estágios iniciais ou aumentar os efeitos redutores da dor do acetaminofeno e da aspirina.
Como evitar a crise?
O primeiro passo é separar o momento de trabalho e o período de lazer. Desse modo, você deve respeitar o horário do expediente, evitando levar atividades para casa.
Existem, além disso, outras medidas que devem ser aplicadas, como: não estender o sono além do horário usual de acordar e evitar fadiga excessiva.
O cuidado com a alimentação também não pode ser ignorado. De acordo com a nutricionista Monik Cabral, é importante diminuir o consumo de alimentos ricos em tiramina. A profissional lista, então, quais são os itens que fazem parte desse grupo:
- Bebidas alcoólicas: cerveja e vinho;
- Pães ou produtos produzidos com fermento;
- Queijos envelhecidos;
- Além disso, frutas secas e frutas muito maduras;
- Feijão verde;
- Fava;
- Lentilha;
- Chucrute;
- Por fim, carne seca.
É possível mencionar ainda chocolate, pimenta, carne vermelha, cafeína, enlatados e refrigerantes como alimentos que devemos reduzir durante o processo de reeducação alimentar para a enxaqueca.
No entanto, antes de mudar o seu cardápio, lembre-se de procurar auxílio profissional, uma vez que cada paciente tem sensibilidades particulares.
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Como é o tratamento para dor de cabeça?
Além do cuidado com a alimentação, o paciente deve mudar o estilo de vida para hábitos mais saudáveis, como praticar atividade física regularmente. O uso de alguns medicamentos também é orientado, contudo, recomenda-se consultar um médico, caso contrário, eles podem trazer consequências negativas para a saúde.
As famosas técnicas de relaxamento, como a meditação ou o yoga, também são ótimas contra a enxaqueca.
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Fontes:
- Sociedade Brasileira de Cefaleia;
- Monik Cabral, nutricionista pela UGF (Universidade Gama Filho), no Rio de Janeiro, e fisioterapeuta formada pela Universidade Estácio de Sá;
- Dr Fabiano de Abreu Agrela, biólogo e doutor em neurociências na Society for Neuroscience, nos Estados Unidos. Chefe de pesquisas neurocientíficas do Hospital Universitário Martin Dockweiler e diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito;
- Juliana Wille Silva, nutricionista e professora de Educação física, membro do Setor de Cefaleia e Dor Orofacial do Instituto de Neurologia de Curitiba e membro da Sociedade Brasileira de Cefaleia.