Envelhecimento de óvulos é revertido pela primeira vez

Saúde
15 de Março, 2022
Envelhecimento de óvulos é revertido pela primeira vez

Uma nova tecnologia capaz de reverter o envelhecimento de óvulos foi divulgada por cientistas da Universidade de Israel, em Jerusalém. De acordo com os pesquisadores, essa foi a primeira vez que uma técnica “rejuvenesceu” os óvulos de mulheres de 40 anos, tornando-os semelhantes aos de jovens de 20. A novidade representa um potencial aumento de fertilidade para essa faixa etária no futuro.

Cada vez mais técnicas buscam reverter ou retardar o envelhecimento dos ovários e dos óvulos. Isso porque o processo impede mulheres de terem filhos em idades mais avançadas. Agora, com essa nova possibilidade, a gestação está mais perto de se tornar realidade. Segundo dados do IBGE, entre 2008 e 2018, o número de nascimentos cujas mães tinham menos de 30 anos diminuiu, ao passo que aumentou a quantidade de mulheres que se tornaram mães após essa idade, o que mostra uma tendência em deixar a gravidez para os anos futuros.

Leia mais: Envelhecimento ovariano: Por que a fertilidade feminina diminui com o passar do tempo?

Como funciona o envelhecimento de óvulos?

Ainda na juventude, os óvulos começam a acumular danos ao seu material genético. Esse processo gradual leva os gametas a eventualmente (geralmente, após os 35 anos) não conseguirem mais amadurecer e serem fertilizados. Enquanto mulheres de 20 anos de idade tem cerca de 86% de chance de engravidar em um ano, por exemplo, as mulheres de 40 anos têm 36%.

No estudo recém-publicado na revista científica Aging cell os cientistas identificaram que o envelhecimento dos óvulos provoca a perda de processos do gameta responsáveis por impedir que essas partes prejudiciais do material genético se tornem ativas. Com isso, ao passo que envelhecem, os óvulos passam a ser afetados por esses danos e perdem a capacidade reprodutiva.

Antiviral indicado para o tratamento da AIDS foi usado em pesquisa

Para retardar o envelhecimento de óvulos, os cientistas utilizaram um antiviral inicialmente criado para o tratamento da AIDS, a Zidovudina ou AZT. 

Assim, os pesquisadores testaram se o antiviral poderia impedir a atuação dessas partes danosas do material genético do óvulo que se assemelham a fragmentos de vírus. Para isso, eles adicionaram doses baixas do antiviral em óvulos mais velhos de camundongos. O processo conseguiu resgatar parcialmente os gametas envelhecidos, com os índices baixos de maturação sendo elevados em até 28,6%. O resultado positivo é o primeiro do tipo a conseguir reverter o processo de envelhecimento dos óvulos.

Ainda assim, os gametas que passaram pelo processo de reversão dos danos que impedem sua maturação não foram fecundados como parte do estudo. Então, ainda há dúvidas sobre a capacidade final do procedimento de restaurar a fertilidade dos óvulos.

“Dentro de uma década, esperamos ser capazes de aumentar a fertilidade entre mulheres mais velhas utilizando medicamentos antivirais”, disse o autor principal do estudo, Michael Klutstein. O pesquisador é chefe do Laboratório de Pesquisa em Cromatina e Envelhecimento da Universidade Hebraica de Jerusalém.

Sobre o autor

Fernanda Lima
Jornalista e Subeditora da Vitat. Especialista em saúde

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