Endometriose: O que é, sintomas, tratamentos e causas
- 1. O que é
- 2. Sintomas de endometriose
- 3. Causas
- 4. Diagnóstico e exames
- 5. Tipos de endometriose
- 6. Estágios da endometriose
- 7. Tratamento
- 8. Endometriose tem cura?
- 9. Endometriose x infertilidade
- 10. Endometriose na gravidez
- 11. Dieta para endometriose
- 12. Exercícios para endometriose
- 13. Diferentes especialidades médicas envolvidas nos cuidados da endometriose
- 14. Programas Vitat
- 15. Fontes
- 16. Links úteis
A primeira menstruação marca um novo ciclo para a mulher (ou a menina). Assim, ter uma nova rotina de higiene, precisar carregar absorventes na bolsa, usar a compressa de água quente com frequência e sentir uma enxurrada de novos hormônios, sensações e sintomas são algumas mudanças vividas por elas. Mas, quando a cólica é incapacitante, pode ser um sinal de alerta para a endometriose, doença que apesar de ocorrer no sistema reprodutivo, é muito afetada pela nossa alimentação.
O que é
A endometriose é uma doença que atinge cerca de 10% das mulheres brasileiras e que pode levar a complicações se não tratada adequadamente. O problema? Muitas vezes, ela é uma inimiga invisível e passa despercebida por anos.
“É uma condição feminina que acomete uma em cada dez mulheres no mundo. Nela, a camada interna do útero (endométrio) está em outros lugares do corpo (qualquer região). E onde o endométrio fica, ele gruda, inflama, responde aos hormônios mensalmente (como se fosse menstruar). Contudo, não tem como ele descamar e causar a menstruação nessas regiões, ocasionando reações inflamatórias (como lesões, aderências e cicatrizes internas) no corpo”, explica Bárbara Murayama, médica ginecologista especialista em miomas, endometriose e cirurgia minimamente invasiva.
“É uma doença que acomete cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva. Isso representa quase 200 milhões de mulheres no mundo”, segundo Renato Tomioka, ginecologista especialista em endoscopia ginecológica (laparoscopia e histeroscopia) pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) e médico da clínica VidaBemVinda.
Sintomas de endometriose
A endometriose pode ser silenciosa, muitas vezes, sendo necessário recorrer aos exames de rotina para um diagnóstico preciso. No entanto, os sinais mais comuns vêm em forma de cólica.
De acordo com dados do Colégio Norte-Americano de Obstetras e Ginecologistas, a dor pélvica crônica é um dos sintomas mais frequentes, especialmente quando surge pouco antes e durante o período menstrual. Além disso, cólica menstrual intensa também pode soar o alarme, bem como uma dor durante as relações sexuais. Deve-se prestar atenção também na intensidade do ciclo menstrual e caso tenha dificuldades para engravidar.
Se a doença atingir a região do intestino, a pessoa pode sentir desconforto com os movimentos do órgão. Da mesma forma com a bexiga: dores na hora de urinar estão associados à condição.
Ela é uma das principais causas de dor pélvica crônica, isto é, uma espécie de cólica muito forte que dura mais de seis meses. “Assim, isso pode desencadear estresse pós-traumático, ansiedade e até depressão. Sem contar um aumento na infertilidade”, alerta a médica. Outros sintomas incluem:
- Dor na relação sexual;
- Menstruação alterada (fluxo intenso e irregular);
- Mudanças no padrão da micção (xixi);
- Humor inconstante;
- Constipação e gases;
- Por fim, dores no ciático, no pé e no ombro.
Sintomas emocionais
- Medo: Pode estar relacionado ao tratamento ou às consequências que a doença pode ocasionar;
- Raiva ou estresse: Esse sentimento costuma surgir após o diagnóstico da condição;
- Solidão: Quando a mulher não possui apoio de amigos e familiares;
- Ansiedade: Por fim, um dos sintomas mais comuns quando a paciente não sabe se o tratamento realmente irá funcionar.
Causas
A doença é multifatorial. Ou seja, a sua causa envolve fatores genéticos, familiares, hormonais, poluição, alimentação pró-inflamatória, sedentarismo, saúde intestinal e até taxa de gordura corporal. Ou seja, todos eles influenciam na gravidade do quadro.
Diagnóstico e exames
O diagnóstico em casos de suspeita da endometriose é feito por meio de exames de laparoscopia, ultrassom, ressonância magnética, análises de sangue e outros exames de laboratório. Mas, em alguns casos, é preciso recorrer à biópsia, quando um pedaço do tecido é coletado durante o exame de laparoscopia e, na sequência, testado. Atenção especial deve ser dada ao exame de toque, fundamental no diagnóstico da endometriose profunda.
Tipos de endometriose
O problema pode se manifestar de diferentes maneiras no organismo da mulher. Como:
- Superficial: acomete os órgãos ou peritônio, membrana que recobre os órgãos da região abdominal e pélvica. É uma forma menos agressiva, com lesões pequenas, de 1 a 3 milímetros. Mas, ainda assim deve ser tratada.
- Profunda: atinge mais de cinco milímetros os tecidos. É considerada a forma mais grave da doença.
- Ovariana: caracterizada pela formação de cistos nos ovários, preenchidos por uma substância líquida e escura, chamados de endometriomas. Podem prejudicar a reserva ovariana e a fertilidade.
- Parede abdominal: a endometriose pode estar presente em cicatrizes cirúrgicas de incisões abdominais, principalmente após a incisão do parto cesáreo.
- Intestinal: a parte do intestino mais frequentemente acometida pelas lesões de endometriose é o reto-sigmóide, que é a porção final do intestino grosso e fica em contato próximo ao útero. Contudo, o ceco (parte inicial do intestino grosso), o apêndice e o íleo terminal (parte final do intestino delgado) também podem apresentar a doença.
Estágios da endometriose
- Estágio I (mínima): Pontuação de 1 a 5. Presença de focos isolados de endometriose e ausência de aderências;
- Estágio II (leve): Pontuação de 6 a 15. Focos superficiais, menores do que 5 cm e ausência de aderências;
- Estágio III (moderada): Pontuação de 16 a 40. Normalmente caracterizado pela presença de múltiplos focos de endometriose, além de aderências próximas aos ovários e tubas uterinas;
- Estágio IV (grave ou severa): Pontuação acima de 40. Presença de múltiplos focos superficiais e profundos de endometriose, além de aderências densas e firmes.
Tratamento
O tratamento passa pelo controle dos sintomas. Isso pode envolver o uso de anticoncepcionais e analgésicos, dormir bem, adotar hábitos saudáveis, fazer terapia comportamental e até fisioterapia do assoalho pélvico. Mas, se os sintomas não passarem, há a indicação de cirurgia, que retira o tecido inflamado.
Assim, quando a doença é diagnosticada, os tratamentos disponíveis variam de acordo com a extensão da doença, sintomas e o desejo de engravidar, segundo dados do Colégio Norte-Americano de Ginecologistas e Obstetras. Em geral, envolvem cirurgia e medicações, especialmente para minimizar a dor.
Mas, em alguns casos, mudanças no estilo de vida, com a inclusão de exercícios físicos e uma dieta que diminua o risco de inflamações, podem ser indicadas. Bem como a prescrição de anticoncepcionais hormonais de uso contínuo.
Para casais que desejam engravidar, a abordagem é diferente. Os remédios não são indicados na maioria dos casos e é preciso recorrer a outros métodos, como cirurgias.
Contudo, se as terapias não surtirem efeito ou a paciente sentir muita dor, os especialistas podem indicar procedimentos cirúrgicos minimamente invasivos, como laparoscopia ou cirurgia robótica, explica a ginecologista Fernanda Rodrigues, especialista em endoscopia ginecológica pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e médica da Huntington Medicina Reprodutiva. “A cirurgia, por sua vez, pode ser indicada, pois evidências apontam que pode melhorar as chances de gravidez”, destaca.
Durante a menopausa, há uma redução na produção dos hormônios que favorecem a doença e as inflamações da endometriose diminuem naturalmente.
Remédio
Remédios para endometriose podem ser indicados pelo médico. Entretanto, eles devem ser utilizados somente quando o profissional responsável pelo tratamento indicar.
- Analgésicos e antiinflamatórios: remédios como o ibuprofeno ou o naproxeno, por exemplo, ajudam a aliviar a dor e o desconforto causados pela endometriose
- Contraceptivos hormonais: o uso de anticoncepcional ajuda a regular e a reduzir o fluxo menstrual, prevenindo o crescimento do tecido endometrial dentro e fora do útero. Assim, consequentemente, pode reduzir os episódios e intensidade da dor.
- Agonistas e antagonistas de hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH): eles bloqueiam a produção de hormônios que estimulam os ovários, diminuindo os níveis de estrogênio (hormônio sexual feminino produzido pelos ovários e liberado na primeira fase do ciclo menstrual, que é responsável pelo preparo do útero para a ovulação) e prevenindo a menstruação. Com isso, o tecido endometrial encolhe.
Cirurgia
O tratamento cirúrgico é uma forma de tratar a endometriose. A cirurgia tem por objetivo aliviar a dor, restaurar a anatomia pélvica e melhorar a capacidade reprodutiva. Assim, o objetivo da cirurgia é eliminar todas as lesões possíveis, para evitar a persistência da doença e diminuir as taxas de recorrência.
O procedimento é realizado através de pequenas incisões localizadas em cada lado da região pélvica e na região central no baixo ventre por onde entram as pinças, as quais permitem a realização do tratamento e um telescópio acoplado a uma microcâmera.
Desse modo, o cirurgião deverá ser capaz de identificar e preservar os tecidos sadios ao remover os focos da doença e, de acordo com sua habilidade de remover a maior quantidade de tecido comprometido, representará em melhores condições clínicas pós-operatórias.
Endometriose tem cura?
A endometriose não tem cura. Mas, pode ser controlada com os cuidados médicos e tratamentos necessários. Sendo assim, o acompanhamento adequado é capaz de recuperar a qualidade de vida da mulher. Contudo, em alguns casos, mesmo com tratamento clínico, o ginecologista pode recomendar a realização de cirurgia.
Endometriose x infertilidade
Em todos os estágios da doença, a fertilidade pode ser comprometida. Por isso, é fundamental manter os exames ginecológicos em dia e consultar especialistas com frequência.
Entre as principais causas da infertilidade, após o diagnóstico da endometriose, estão:
- Distorção da cavidade pélvica e aderências entre os órgãos, que podem prejudicar as trompas, dificultando mecanicamente o transporte de óvulos, espermatozoides e embriões.
- Alteração do fluido peritoneal, impactando na qualidade dos óvulos, desenvolvimento embrionário e implantação;
- Dificuldade no encontro dos gametas (óvulos e espermatozoides) e, eventualmente, na implantação do embrião ao útero, prejudicando fertilidade natural.
Quem tem endometriose pode engravidar?
Muitos acreditam que a mulher com endometriose não pode engravidar, algumas delas até deixam de usar métodos contraceptivos por este motivo. Mas, a doença ainda é misteriosa e cheia de incertezas, a medicina não explica por qual razão se desenvolve, como é possível prevenir e nem a relação com a infertilidade.
Contudo, o que se sabe é que nem todas encontraram dificuldades para realizar o sonho de ser mãe. Assim, respondendo, quem tem endometriose pode engravidar. Entretanto, a situação pode ser mais difícil em casos de endometriose profunda, quando atinge os dois ovários ou altera a posição das tubas. O processo inflamatório agrava as aderências e o tecido pode pode se ligar às trompas, impedindo a passagem do óvulo ou evitando a concepção.
O crescimento fora do útero também pode atingir os intestinos, o peritônio, a bexiga e outros órgãos. E é por isso que os estágios são definidos de acordo com a gravidade: tamanho da aderência, a profundidade e localização dos focos.
Tratamento
Embora seja possível engravidar, a doença sem tratamento ainda é uma das principais causas da infertilidade feminina. Cerca de 15% a 45% das pacientes.
A cirurgia para remover a doença na cavidade abdominal e, principalmente, junto aos órgãos reprodutivos, costuma resolver o problema em até 50% dos casos. Porém, se já tiver causado grandes aderências ou alterado a posição dos órgãos reprodutivos, a recomendação é associá-la com tratamentos de reprodução assistida.
Lembre-se que ter endometriose não significa impossibilidade de engravidar. Procure ajuda de um profissional para avaliar o estágio da doença e indicar o melhor tratamento.
Endometriose na gravidez
Como dito, a relação entre endometriose e gravidez é delicada. Pois, a doença é uma das principais causas de infertilidade. Já para as mulheres com endometriose que conseguiram engravidar, há um risco maior de gravidez ectópica e aborto espontâneo. Após as 24 semanas de gestação, essas mulheres também apresentam mais chances de sofrer complicações, como hemorragias e parto prematuro.
Normalmente, a gravidez melhora os sintomas de endometriose durante os últimos meses da gestação. No entanto, algumas mulheres podem ter uma piora dos sintomas particularmente durante os primeiros meses.
Não se sabe ao certo o que provoca esta melhora. Mas, acredita-se que os efeitos benéficos estão ligados aos altos níveis de progesterona que são produzidos durante a gravidez, que poderá suprimir o crescimento e desenvolvimento das lesões da endometriose, tornando-as menos ativas. Além disso, os efeitos benéficos podem estar relacionados à ausência da menstruação.
Por outro lado, a piora dos sintomas nos primeiros meses pode acontecer graças ao rápido crescimento do útero que pode provocar repuxamento das lesões do tecido, assim como altos níveis de estrogênio, que também podem piorar os sintomas.
Dessa maneira, essas gestantes devem ser acompanhadas durante toda a gravidez. Procure seu médico para receber as recomendações adequadas e o melhor tratamento para o seu caso. Assim, é possível ter controle sobre a situação e uma gestação mais tranquila.
Dieta para endometriose
Os alimentos têm um papel muito importante na diminuição da inflamação do corpo e, consequentemente, no alívio dos sintomas da endometriose. O ideal, então, é apostar em um cardápio que vai amenizar o estresse oxidativo das células, como antioxidantes, fitoquímicos e bioativos. Eles podem ser encontrados sobretudo nas vitaminas e nos minerais dos ingredientes de origem vegetal.
“É interessante pensar também nas sementes, que são ricas em fibras e colaboram com a saúde intestinal, ajudam na excreção de hormônios e são fáceis de encaixar na rotina”, acrescenta a nutricionista.
Por outro lado, é muito importante reduzir o consumo dos itens considerados pró-inflamatórios. Por exemplo:
- Gorduras saturadas (presentes nas carnes vermelhas);
- Gorduras trans (ultraprocessados);
- Bebidas alcoólicas;
- Além disso, embutidos (mortadela, salame, presunto, peito de peru).
Para a nutricionista Luna Azevedo, referência em nutrição plant-based, um cardápio rico em ômega-3, magnésio, vitaminas do complexo B e fibras ajuda com os sintomas da endometriose. “O ômega-3, individualmente, está sob as formas de ácido alfa-linolênico (ALA), ácido eicosapentaenoico (EPA) e ácido docosahexaenoico (DHA). Nosso corpo não consegue produzi-los naturalmente, mas precisamos deles, uma vez que são os responsáveis por criar uma camada lipídica em volta das células, contribuindo para todas as suas funções, e tendo efeitos anti-inflamatórios”, afirma a especialista.
As mulheres que incluem o ômega-3 em sua alimentação têm menos chance de desenvolver endometriose quando comparadas às que ingerem alimentos ricos em gorduras trans. Além disso, quem possui a doença costuma apresentar inflamações nos locais onde há tecido do endométrio fora da cavidade uterina. Portanto, a suplementação do nutriente está relacionada a uma diminuição nos quadros de dores pélvicas.
Quais alimentos priorizar
- Folhas verde-escuras: agrião, rúcula, espinafre, escarola, chicória, almeirão, brócolis, couve-de-bruxelas, couve-manteiga, alimentos integrais (gérmen de trigo, arroz, aveia, centeio, cevada, milho, quinoa e amaranto), sementes de girassol, castanhas e tofu;
- Gorduras poli-insaturadas: óleo de linhaça, linhaça, soja, milho, aveia, abacate e sementes de chia;
- Vitaminas: alimentos integrais, vegetais, feijões, cogumelos, sementes de girassol e geleia real, por exemplo.
Hidrate-se
Além dos alimentos mencionados, também é importante se hidratar. Então, não deixe de beber bastante água.
Não só, os chás também podem ajudar a controlar os sintomas. Em especial, chás como o de uxi amarelo. Basicamente, essa é uma planta da Amazônia que tem efeitos anti-inflamatórios, antioxidantes e diuréticos, além de estimular e fortalecer a imunidade.
Além disso, hidratar o corpo ajuda na digestão, e o bom funcionamento intestinal garante uma imunidade mais forte e um corpo sem inflamações.
Ainda, além de aliviar os sintomas da endometriose, o chá de uxi amarelo também pode ajudar quem sofre de TPM e cólicas menstruais fortes. Outros chás de efeito similar são o chá de folha de algodão e o chá de amora.
E os chás para endometriose?
Os chás feitos de algumas plantas e ervas têm propriedades antioxidantes, analgésicas e anti-inflamatórias, que podem ajudar a aliviar os incômodos gerados pela endometriose. De acordo com Luna, os mais recomendados são:
Cúrcuma
A curcumina, substância que dá a cor laranja ao tempero, é conhecida por ter efeitos anti-inflamatórios.
Salsa
Contém apigenina, luteolina e crisina, cujas ações são antiproliferativa, antiangiogênica, antioxidante e anti-inflamatória.
Alho e gengibre
Outros alimentos que podem contribuir para atenuar a inflamação.
Camomila
Alívio da dor.
Erva-de-são-cristóvão
Também auxilia na diminuição da cólica menstrual.
Exercícios para endometriose
Segundo um estudo publicado no Journal of Physical Therapy Science, a prática de atividades físicas pode reduzir os sintomas da endometriose. Isso porque o exercício tem um efeito de proteção em doenças inflamatórias.
Exemplos de exercícios para endometriose
A atividade física ajuda tanto a prevenir como a tratar o problema. Em uma pesquisa envolvendo 4.062 mulheres realizada pela Universidade Harvard, nos Estados Unidos, os resultados da prática de exercícios físicos foram promissores para combater os sintomas da doença. As voluntárias que relataram ser ativas desde jovens apresentaram uma tendência menor de desenvolver a doença.
Assim, a prática de atividade física aeróbica regular libera endorfinas, que têm efeito vasodilatador e analgésico, além de afastar o estresse – que agrava os sintomas.
Da mesma maneira, exercícios ajudam a reduzir os níveis de estrogênio – hormônio feminino que serve de combustível para o endométrio se desenvolver.
Da mesma forma, em 2018, um estudo publicado no periódico Journal of Physical Therapy Science mostrou que a prática de atividade física pode reduzir os sintomas da endometriose, além de auxiliar nos problemas de postura causados pelas dores pélvicas. Pois, o exercício físico possui um efeito de proteção no que se refere a doenças inflamatórias.
No entanto, é importante ressaltar que nenhuma portadora da doença deve praticar exercícios sem acompanhamento profissional e prescrição médica.
É fundamental buscar ajuda médica para tratar a endometriose. Contudo, existem alguns exercícios que podem ajudar a diminuir as dores:
Caminhada
A caminhada é uma das atividades físicas mais praticadas. Pois não exige equipamentos e pode ser realizada em qualquer lugar. Além disso, você pode convidar um amigo para te acompanhar. Tente caminhar todos os dias por pelo menos 30 minutos.
Pedalar e nadar
O pedal e a natação também são ótimas alternativas para melhorar a endometriose. Por se tratarem de atividades aeróbicas, os músculos cardíacos são trabalhados, o que aumenta os níveis de endorfina.
Também pode auxiliar na perda de peso, além de fortalecer os músculos do corpo.
Pilates
O pilates é um ótimo exercício para aumentar a flexibilidade, a coordenação e a consciência corporal. Assim, durante a prática, os exercícios trabalham o assoalho pélvico, o que traz benefícios para quem tem endometriose.
Ademais, o pilates também ajuda a reduzir os níveis de estresse e traz mais bem-estar
Diferentes especialidades médicas envolvidas nos cuidados da endometriose
- Ginecologista: o ideal é buscar o auxílio de um médico ginecologista especialista em endometriose. Ele irá solicitar exames mais específicos para diagnosticar o verdadeiro motivo dos sintomas, podendo ou não identificar a presença da endometriose. Se a enfermidade for confirmada, o próprio especialista poderá orientá-la sobre qual deve ser a conduta a ser tomada.
- Nutricionista: Paralelamente ao uso de medicamentos, uma dieta balanceada pode amenizar sensivelmente as manifestações da endometriose. Reconhece-se a importância da nutrição funcional no combate aos processos inflamatórios, além de favorecer a desintoxicação hepática, por meio da liberação de toxinas endógenas e ambientais.
- Educador físico: Praticar caminhada, corrida, pedalar ou nadar de três a quatro vezes por semana, durante 30 ou 40 minutos auxilia no controle dos sintomas da endometriose e, inclusive, pode ajudar na prevenção da doença. Portanto, vale procurar um educador físico para ter orientações nos treinos.
- Psicólogo: Além da dor intensa, muitas mulheres com endometriose também sentem ansiedade e depressão associadas à doença. Assim, as consultas com um psicólogo podem ajudar a reduzir os sintomas, juntamente com o tratamento médico adequado.
O que perguntar para o médico na consulta
Por que tenho endometriose?
Ninguém sabe exatamente o que causa a endometriose. Parte do tecido que normalmente reveste o útero de alguma forma começa a crescer em outras partes do corpo, geralmente na região pélvica. Durante o ciclo menstrual, esse tecido cresce como se fosse parte do revestimento uterino. No entanto, como não está dentro do útero, não é expelido do corpo da maneira que deveria ser durante o período menstrual.
Os pesquisadores têm muitas teorias sobre por que isso acontece. O sangue menstrual pode fluir de volta através das trompas de Falópio e para outras áreas do seu corpo. Os hormônios podem transformar o tecido fora do útero em tecido endometrial. Além disso, também pode ser o resultado de uma reação do sistema imunológico. Você pode nascer com esse tecido nesses lugares e, quando passa pela puberdade, o tecido cresce e responde aos hormônios.
Existem fatores de risco para o desenvolvimento da endometriose. De acordo com a Clínica Mayo, é mais provável que você tenha endometriose se um parente próximo, como mãe ou irmã, a tiver. As mulheres que experimentaram a puberdade precoce, ou têm ciclos menstruais curtos ou uma anormalidade do útero também correm maior risco.
Como posso controlar minha endometriose?
Seu médico deve discutir as opções de tratamento com você. Assim, o tratamento correto depende dos sintomas e do estágio da doença.
Tratamentos hormonais, como controle de natalidade, são para mulheres com dor moderada. Já os agonistas do hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH) causam uma espécie de menopausa temporária. Mas, ainda assim é possível engravidar.
Já a cirurgia é uma opção para mulheres com dor intensa. No procedimento, o médico pode remover as lesões que causam a dor da endometriose. Como último recurso, você e seu médico podem concordar em remover seu útero. Um dos problemas com a cirurgia é que nem todas as células podem ser removidas. Assim, algumas células que são deixadas para trás respondem aos hormônios e voltam a crescer.
Além disso, é necessário fazer escolhas de estilo de vida que reduzem a quantidade de estrogênio no organismo. Níveis mais baixos de estrogênio podem reduzir a gravidade dos sintomas da endometriose. Assim, tente se exercitar regularmente, coma alimentos integrais e naturais e evite álcool e cafeína.
Ainda posso engravidar?
Se uma gestação está em seus planos, vale saber que muitas mulheres com endometriose podem engravidar e ter bebês saudáveis. Mas, a condição aumenta o risco de infertilidade, além de ferir as trompas de Falópio. Também pode causar inflamação nos órgãos reprodutivos, levando a problemas para engravidar.
Seu médico deve ajudá-la a encontrar um plano de tratamento que funcione com seu desejo de ter um bebê. Tratamentos hormonais e cirurgia devem ser avaliados levando em consideração suas escolhas reprodutivas.
Programas Vitat
Fontes
Bárbara Murayama, médica ginecologista especialista em miomas, endometriose e cirurgia minimamente invasiva.
Juliana Gropp, nutricionista formada pela Faculdade de Saúde Pública da USP. Especializada em nutrição nas doenças crônicas não-degenerativas e em nutrição clínica.
Renato Tomioka, ginecologista especialista em endoscopia ginecológica (laparoscopia e histeroscopia) pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) e médico da clínica VidaBemVinda.
Camila Ramos (@dracamilaramos), médica ginecologista especialista em reprodução humana
Luna Azevedo (@lunanutri), nutricionista referência em nutrição plant-based.
Links úteis
Febrasgo – Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia