Disartria: Entenda o que é, tipos e tratamento

Saúde
29 de Dezembro, 2021
Disartria: Entenda o que é, tipos e tratamento

A disartria pertence ao grupo de transtornos neurológicos e motores da fala. Assim, a condição é caracterizada por déficits neuromusculares que incluem fraqueza muscular, paralisia, incoordenação, movimentos involuntários ou alterações de tônus muscular.

De acordo com a fonoaudióloga Elisabete Giusti, a adequada produção da fala depende de uma série de fatores. Dentre eles, o controle motor dos movimentos é essencial. Dessa maneira, os movimentos necessários à fala são classificados como os mais refinados e complexos do corpo humano. 

“Usamos muitos músculos para a movimentação dos articuladores. Isso inclui os músculos da face, dos lábios, língua, laringe e também músculos que coordenam todo o sistema respiratório. Na disartria, o adequado funcionamento desses músculos está alterado e isso impacta diretamente na clareza e inteligibilidade de fala”, explica.

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Desse modo, a disartria tem níveis de gravidade, podendo ser leve a grave, o que pode impossibilitar a produção da fala. 

Sintomas da disartria

Os sintomas do transtorno podem variar. Mas os mais comuns incluem:

  • Ter uma fala “arrastada”, lenta, imprecisa e que afeta a inteligibilidade;
  • Falar muito devagar ou muito rápido;
  • Intensidade vocal reduzida, isto é, fala fraca ou voz baixa);
  • Movimentos imprecisos da mandíbula, lábios e língua;
  • Fala com uma ressonância diferente;
  • Respiração curta e ofegante;
  • Presença de distorções dos sons da fala, com limitada movimentação dos articuladores;
  • Voz monótona;
  • Dificuldade na obtenção do volume vocal e com qualidade comprometida. 

Quais as causas? 

As causas da disartria estão relacionadas a danos cerebrais, que podem acontecer no nascimento ou após uma doença ou lesão. Como por exemplo:

  1. Condições congênitas, que acometem as crianças: paralisia cerebral, malformação de Chiari, síndromes genéticas. 
  2. Doenças degenerativas: esclerose lateral amiotrófica, doença de Parkinson, degeneração cerebelar, doença de Huntington, ataxias, atrofia de múltiplos sistemas. 
  3. Doenças desmielinizantes e inflamatórias: esclerose múltipla, encefalite, Guillain-Barré, meningite. 
  4. Problemas infecciosos: síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS), herpes zoster, encefalopatia infecciosa, poliomielite. 
  5. Doenças neoplásicas: tumores do sistema nervoso central, tumores cerebelares ou do tronco cerebral, degeneração cerebelar etc. 
  6. Outras condições neurológicas: hidrocefalia, epilepsia, síndrome de Tourette, coréia. 
  7. Trauma: lesão cerebral traumática, trauma neurocirúrgico/pós-operatório, fratura de crânio.
  8. Doenças tóxicas e metabólicas: botulismo, envenenamento, hipotireoidismo, toxidade de lítio etc. 
  9. Doenças vasculares: acidente vascular cerebral, doença de Moyamoya, encefalopatia anóxica ou hipóxica, malformações arterionenosas. 

Diagnóstico e tratamento 

O diagnóstico da disartria deve ser feito por um fonoaudiólogo e é baseado em um método perceptivo de classificação (Darley, Aronson e Brown, 1969). Esse método se baseia nos caraterísticas de perpepção auditiva da fala que indicam a fisiopatalogia subjacente. Sendo assim, os principais tipos de disartria identificados por atributos perceptivos e fisiopatologia são os seguintes: Disartria flácida, espástica, Atáxica, hipocinética, hipercinético, do neurônio motor superior unilateral e misto. Portanto, cada tipo de disartria afeta de forma diferente os diferentes subsistemas da fala.  

Após o diagnóstico, o tratamento deve ser individualizado e conduzido por um fonoaudiólogo. Assim, a intervenção deve ser baseada nos princípios de aprendizagem motora, com uso de técnicas direcionadas ao comprometimento dos diferentes subsistemas de fala. Isso porque a doença trata-se de um transtorno motor. Além disso, a importância de classificar o tipo de disartria ajuda a especificar as metas de intervenção para cada tipo. 

Dependendo da gravidade do quadro, também é importante considerar o uso da comunicação alternativa para oferecer aos pacientes o adequado suporte para que possam se comunicar. 

Fonte: Elisabete Giusti, graduada em Fonoaudiologia pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) e especializada em Desenvolvimento da Linguagem e suas Alterações pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). 

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