Diabetes tipo 3: o que é, sintomas, causas e tratamento
A diabetes é uma das doenças mais comuns. Atualmente, estima-se que cerca de 387 milhões de pessoas estejam com a doença em todo o mundo. Do mesmo modo, no Brasil, cerca de 8,9% da população está com a condição, ou seja, mais de 18 milhões de pessoas. Mas você já ouviu falar da diabetes tipo 3?
De acordo com o Dr. Fernando Valente, endocrinologista da SBEM-SP, a diabetes tipo 3 corresponde à resistência de pessoas com Alzheimer à ação da insulina no cérebro, um defeito sobreposto às alterações ligadas ao diabetes tipo 1 e 2.
“A insulina exerce um papel importante no cérebro ao permitir a aquisição de energia pelos neurônios e mediar a comunicação entre eles. Ainda não se sabe ao certo se a doença de Alzheimer é causa ou consequência da resistência à insulina. As alterações na ação da insulina cerebral independem de ter ou não diabetes tipo 1 ou 2”, explica o médico.
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Tipos de diabetes
Antes de mais nada, é importante ressaltar que existem diferentes tipos de diabetes. Entre os principais, há o diabetes tipo 1, o tipo 2 e o gestacional.
Assim, o diabetes tipo 1 é uma doença autoimune pancreática. Ou seja, o corpo produz anticorpos contra o pâncreas e a insulina produzida pelo paciente. Esse é mais conhecido como o tipo de diabetes que dá os primeiros sinais ainda na infância.
Normalmente acontece em crianças, adolescentes e adultos jovens, mas pode ocorrer em qualquer idade. Pela falta de insulina, a pessoa emagrece bastante, sente cansaço excessivo, pode ter a visão embaçada, urina em grande quantidade, acorda várias vezes para urinar e tem sede aumentada.
Já o diabetes tipo 2, geralmente, aparece como consequência do excesso de peso, que dificulta a ação da insulina. “Essa resistência à insulina exige uma produção compensatória muito maior de insulina pelo pâncreas, o que em longo prazo leva o pâncreas à exaustão”, ressalta o Dr. Fernando.
O tratamento pode ser com comprimidos ou injeções, sempre associado a um estilo de vida saudável. Desse modo, o problema costuma surgir após os 40 anos, de modo silencioso.
Além disso, existe também o diabetes gestacional, que ocorre por um aumento da resistência à insulina devido à produção de hormônios durante a gravidez.
Existem outros tipos menos frequentes de diabetes, como o diabetes associado a síndromes genéticas, o diabetes decorrente de outras doenças, como pancreatite, do uso de medicamentos (como corticóide) ou de infecções virais (como hepatite C), entre outros.
Sintomas da diabetes tipo 3
- Alterações de memória;
- Dificuldade para focar;
- Alteração de humor (depressão);
- Desorientação;
- Dificuldade no aprendizado;
- Diminuição no autocuidado, que pode resultar primeiro na dificuldade em realizar tarefas mais complexas, como comprometimento de atividades básicas da vida, perda de autonomia e dependência emocional.
Causas
Segundo o Dr. Fernando, a genética é a principal causa para o surgimento da diabetes tipo 3. Mas existem vários outros fatores que podem contribuir, confira:
- Depressão;
- Obesidade;
- Hipertensão arterial;
- Alterações do colesterol;
- Sedentarismo;
- Tabagismo;
- Diabetes.
O médico ressalta que pessoas com diabetes que têm complicações em órgãos como olhos, rins ou alterações na sensibilidade dos pés têm mais risco de desenvolver demência e Alzheimer.
“As possíveis explicações são as ações tóxicas do excesso de açúcar no cérebro, os danos do excesso de açúcar nos vasos sanguíneos do cérebro, a resistência à insulina no cérebro e o depósito aumentado de uma proteína no cérebro por diminuição da sua degradação. Episódios de açúcar muito baixo no sangue (hipoglicemia grave), com necessidade da ajuda de alguém ou desmaios, também se associam a um risco aumentado de demência”, complementa o especialista.
Qualquer pessoa com Alzheimer pode desenvolver a diabetes tipo 3?
“Não necessariamente. A diabetes tipo 3 é uma característica da doença de Alzheimer que pode se manifestar em pessoas sem diabetes. No entanto, é uma via de mão dupla: o diabetes tipo 2 acelera o envelhecimento do cérebro e aumenta o risco de demência, e a demência aumenta o risco de diabetes tipo 2. A doença de Alzheimer é um tipo de demência. O principal tipo de demência relacionada ao diabetes tipo 1 e 2 é a demência vascular, que ocorre por lesão dos vasos sanguíneos do cérebro pelo excesso de açúcar circulando no sangue”, diz o Dr. Fernando
Tratamento
Apesar de não ter cura para o Alzheimer, existem tratamentos medicamentosos para frear a evolução da doença.
“Alguns remédios contra o diabetes e insulina nasal têm dados promissores, mas ainda precisam de mais estudos para confirmação”, afirma o endocrinologista.
O médico ressalta que o ideal é prevenir a doença, através da mudanças do estilo de vida, incluindo:
- Prática de atividade física;
- Alimentação saudável;
- Manutenção do peso adequado;
- Sono de qualidade;
- Gerenciamento do estresse;
- Cessação de álcool e cigarro;
- Integração social com família e amigos;
- Rastreamento de doenças crônicas como diabetes, pressão alta e alterações de colesterol e triglicérides.
Assim, para quem tem diabetes é importante não só fazer o tratamento adequado – mantendo-se o açúcar no sangue em níveis normais – como também rastrear anualmente a partir dos 65 anos um possível declínio cognitivo. Deve-se, portanto, fazer uma busca ativa, do mesmo modo que se faz triagem para alterações na visão, nos rins e nos pés.
Fonte: Dr. Fernando Valente, endocrinologista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo – SBEM-SP.