Diabetes mellitus tipo 2: Sintomas, causas e tratamento
De acordo com o Atlas de Diabetes, elaborado pela International Diabetes Federation (IDF) em 2019, 463 milhões de adultos apresentam a doença em todo o mundo. Além disso, a maior prevalência dos casos (90%) é do diabetes mellitus tipo 2. “Essa é uma doença crônica evolutiva caracterizada pela elevação da glicemia (taxa de açúcar no sangue). Desse modo, o corpo não consegue, inicialmente, empregar adequadamente a insulina que produz. E, em alguns casos, pode evoluir para a incapacidade de produzir insulina na fase avançada”, explica o médico endocrinologista Eduardo Lorena.
Isso significa, portanto, que o organismo é incapaz de utilizar de forma eficiente a insulina, um hormônio produzido pelo pâncreas e que tem como função regular a quantidade de glicose no sangue.
Diabetes tipo 1 e 2
O médico esclarece que, de forma geral, o diabetes tipo 2 começa a se manifestar de maneira silenciosa. Afinal, diferente do tipo 1, a condição não está ligada somente a fatores genéticos, mas diz respeito a hábitos de vida pouco saudáveis, como sedentarismo e alimentação rica em carboidratos, gordura e açúcar. Costuma, assim, ser precedida por muitos anos de um quadro de resistência insulínica e pré-diabetes.
“Quando o paciente apresenta sintomas, significa que a doença muito provavelmente já está instalada há alguns anos, sendo os principais sinais a polifagia (fome em excesso), polidipsia (muita sede) e poliúria (vontade aumentada de urinar). Emagrecimento sem causa aparente e alterações visuais também podem estar presentes”, lista Eduardo.
Com relação ao diagnóstico, o processo é feito através do resultado do exame de glicemia em jejum acima de 126mg/dl; glicemia no tempo 120′ do teste de tolerância à glicose oral acima de 200mg/dl; hemoglobina glicosilada acima de 6,5% (esse exame indica a média aproximada da glicemia nos últimos três meses); ou, então, glicemia em qualquer momento do dia acima de 200mg/dl.
Principais causas e fatores de risco
O endocrinologista informa que o desenvolvimento da doença tem como principais origens a resistência insulínica. Ou seja, a dificuldade de ação da insulina nos diversos órgãos e tecidos do corpo, e também a diminuição ou parada de secreção de insulina pelo pâncreas.
Há ainda fatores de risco que agravam as chances de uma pessoa apresentar o diabetes mellitus tipo 2. Em primeiro lugar, está a predisposição genética e a existência de antecedentes familiares da doença. Outras questões são: excesso de gordura corporal, principalmente o aumento da circunferência abdominal, o sobrepeso e a obesidade; avanço da idade; uso crônico de alguns medicamentos, entre eles corticóides; hipertensão arterial sistêmica e/ou alterações do colesterol/triglicérides; apnéia obstrutiva do sono; falta de atividades físicas; tabagismo; e por fim, para mulheres, diabetes gestacional.
Vale mencionar que o diabetes mellitus tipo 2 está associado ao surgimento e agravamento de uma série de doenças, com destaque para insuficiência renal crônica, doença aterosclerótica (que causa angina, infarto do coração e acidente vascular cerebral), neuropatia diabética, e problemas oculares, como retinopatia diabética e glaucoma.
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Tratamento para diabetes mellitus tipo 2
“Normalmente, o tratamento se inicia com orientações sobre mudanças comportamentais, como alterações na dieta, redução de peso, atividade física regular, parar de fumar, entre outros”, detalha Eduardo.
Em seguida, a partir do valor da glicemia, da capacidade de produção de insulina e da presença ou não de outras comorbidades, pode ser mandatório iniciar um tratamento medicamentoso para controlar a doença. “Os medicamentos atuam facilitando a ação da insulina, aumentando sua secreção, promovendo a perda de glicose pela urina ou, nos casos de incapacidade de produção adequada de insulina, a sua reposição.”
O médico sugere que o melhor caminho para quem convive com o diabetes mellitus tipo 2 é realizar consultas médicas e exames laboratoriais regularmente. “Usar as medicações e, principalmente, fazer mudanças comportamentais que resultam em redução da gordura corporal e melhora do condicionamento físico, como dieta balanceada (a avaliação com nutricionista é fundamental) e atividade física regular, são fatores determinantes que, associados com a prescrição médica adequada, melhoram a qualidade de vida dos pacientes”, conclui.
Fonte: Eduardo Lorena, mécdico especialista em Clínica Médica e Endocrinologia e Metabologia e membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia.