Brasileiros com diabetes estão consumindo mais álcool na pandemia, diz pesquisa

Saúde
08 de Julho, 2021
Brasileiros com diabetes estão consumindo mais álcool na pandemia, diz pesquisa

Dados anteriores já apontavam que a população vinha consumindo mais bebidas alcoólicas durante a pandemia. Pois uma nova pesquisa indica que pessoas com diabetes tipo 1 não são exceção no que diz respeito à ingestão de álcool. Realizado com dados da Glic, uma plataforma de telemedicina que tem o apoio do Einstein e que dá suporte a indivíduos com essa doença, o estudo indica que a frequência desse hábito praticamente dobrou nesse grupo.

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Dados do levantamento sobre diabetes e álcool

Dos 56.870 usuários com diabetes tipo 1 inscritos na base de dados desse sistema, 20.829 registraram a ingestão de bebidas alcoólicas entre janeiro de 2019 e dezembro do ano passado. Então, a partir dessas informações, notou-se que foram contabilizados 178.574 registros de consumo de álcool em 2020, contra 95.357 em 2019. Houve, portanto, uma maior frequência de ingestão da substância.

Além disso, o levantamento indica que mais indivíduos com diabetes tipo 1 passaram a beber durante a pandemia. Em março de 2020, quando os casos de Covid-19 no Brasil ainda eram poucos, 5% dos usuários registraram a ingestão de álcool. Por outro lado, em outubro do mesmo ano — época em que o Sars-CoV-2 estava disseminado, esse número subiu para 20% (quatro vezes mais).

A endocrinologista Karla Melo, da equipe de diabetes do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, é uma das autoras da investigação. Desse modo, ela pretende descobrir se, na pandemia, o volume de bebidas ingeridas por sessão também aumentou para avaliar se há abusos.

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Diabetes e álcool

Segundo Melo, ainda não dá para saber ao certo se o exagero nas bebidas é especialmente nocivo para pacientes com diabetes. “Os resultados são controversos. A maioria dos estudos aponta um risco adicional de hipoglicemia, que alguns indivíduos têm e outros, não”, pondera.

A hipoglicemia é marcada por uma queda abrupta da glicose no sangue, o que pode provocar mal-estar, perda de consciência e até consequências mais graves. O álcool favorece o quadro, porque compromete a atuação do fígado, justamente um dos responsáveis por dosar a concentração de glicose no sangue. E como indivíduos com diabetes tipo 1 já sofrem com a má regulação da glicose, os efeitos das bebidas alcoólicas seriam mais acentuados nesse quesito.

Além disso, Karla lembra que o abuso pode provocar ganho de peso e afetar o coração, o que complica o tratamento do diabetes. Daí porque ela recomenda limitar esse hábito. “Para mim, proibir a bebida alcoólica não funciona. Devemos orientar e educar quanto aos volumes e limites aceitáveis”, sugere.

Sociedades médicas indicam ingerir, no máximo, dois drinques por dia para mulheres e três para homens. Assim, para minimizar a probabilidade de hipoglicemia, o recomendado é não fazer isso em jejum — considerando a medicação, claro.

O que é diabetes tipo 1?

Essa doença é marcada por um ataque das próprias células de defesa do organismo ao pâncreas. Com isso, o órgão deixa de produzir insulina adequadamente. E é esse hormônio o responsável por inserir a glicose nas células como forma de combustível. Dessa forma, a glicemia aumenta. Não há cura para o diabetes tipo 1, mas os tratamentos atuais permitem um bom controle.

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(Fonte: Agência Einstein)

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