Covid proposital: se infectar de propósito é péssima ideia, afirmam especialistas

Saúde
31 de Janeiro, 2022
Covid proposital: se infectar de propósito é péssima ideia, afirmam especialistas

Ninguém quer pegar covid-19, não é mesmo? Mais ou menos. Algumas pessoas insistem na tese de se infectarem com covid de propósito para se imunizar da doença, muitas vezes em detrimento da vacina de Covid-19. É o que tem sido chamado de “covid proposital”.

Foi o que aconteceu com a cantora tcheca Hana Horka. A história, infelizmente, não acabou bem. A vocalista do grupo Asonance resolveu se contaminar deliberadamente para obter o passaporte de vacinação. No entanto, ela acabou falecendo por complicações relacionadas à doença, aos 57 anos.

Em entrevista à BBC, Natália Pasternak, microbiologista e presidente do Instituto Questão de Ciência, a ideia de pegar covid de propósito é “péssima”, pois está baseada em “falsas premissas” e pode colocar em risco a saúde individual e coletiva.

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Covid proposital: é seguro?

Assim como a especialista, nenhuma entidade de saúde nacional ou internacional recomenda pegar covid de propósito. Dessa forma, a vacinação continua sendo a forma mais segura e efetiva de obter uma imunidade contra o coronavírus, especialmente contra as formas mais graves da infecção, que levam à hospitalização e morte.

Em sua coluna à revista Carta Capital, por exemplo, o médico Drauzio Varella também comentou o assunto. “Alguns se perguntam se não seria melhor pegarmos de uma vez essa variante menos agressiva. Não é melhor, não”, escreveu.

Ômicron causa sintomas mais leves?

Estudos já mostraram que a variante Ômicron representa menos riscos para a saúde do que as cepas anteriores, como a Delta, por exemplo. Alguns estudos, inclusive, indicaram que a variante é menos agressiva para os pulmões. Porém, ainda de acordo com a microbiologista, os indícios de que a ômicron causa uma infecção mais leve ainda são muito iniciais.

“Esses estudos foram feitos em animais e não podemos transpor essas informações para seres humanos”, diz. “O que vemos na prática até agora é que, numa população de pessoas vacinadas, a ômicron causa uma doença menos grave. Já em não vacinados, a variante está internando e matando”, diferencia.

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Além disso, mesmo a infecção leve tem consequências imediatas na vida das pessoas, como o afastamento do trabalho pelo período de recuperação. Há, ainda, os efeitos de médio e longo prazo, como a perda de olfato, que pode demorar a ser recuperada.

“Tem gente que fica com dor nas articulações ou na cabeça por meses. São sequelas desagradáveis, mesmo que não causem hospitalização”, conta.

Ainda não é hora de baixar a guarda 

Apesar dos estudos mostrarem que a variante Ômicron é menos agressiva, pesquisadores ressaltam que a baixa letalidade não altera os cuidados de sempre para evitar o coronavírus. Dessa forma, não é hora de baixar a guarda e abrir mão de medidas como o uso de máscaras, distanciamento social, lavar as mãos e fazer uso de álcool em gel 70%.

Além disso, embora os estudos sejam esperançosos, eles não indicam o fim dos cuidados tomados até aqui. Se uma pessoa é clinicamente vulnerável, as consequências não são tão leves. Dessa, forma, a vacinação continua sendo a maneira mais eficaz de se prevenir do vírus, incluindo suas variantes.

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Sobre o autor

Fernanda Lima
Jornalista e Subeditora da Vitat. Especialista em saúde

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