Comer transtornado: o que é, riscos e como tratar

Alimentação
25 de Março, 2022
Comer transtornado: o que é, riscos e como tratar

A atual edição do Big Brother Brasil chamou a atenção dos brasileiros para uma questão importante: a alimentação. Bárbara Heck já foi eliminada do reality, mas, enquanto participou do programa, teve comportamentos alimentares que preocuparam o público. Entretanto, qualquer transtorno alimentar precisa ser diagnosticado, já que se trata de uma doença com características psiquiátricas. Por isso, não é possível identificar tal condição na ex-BBB. Por outro lado, não é tão difícil constatar a presença de um comer transtornado.

Pular refeições e passar horas sem se alimentar, hábitos comuns à Bárbara, são sinais de um comer transtornado. Mais especificamente, “o comer transtornado é caracterizado por práticas alimentares que o indivíduo realiza na tentativa de perda ou manutenção de peso. São práticas não-saudáveis, como pular refeições e dietas restritivas”, explica a nutricionista Aline de Piano Ganen, coordenadora do Mestrado Profissional em Nutrição do Centro Universitário São Camilo – SP.

Ele não pode ser confundido com transtornos alimentares, que englobam desde a bulimia até a compulsão alimentar, mas também deve ser tratado.

O que causa o comer transtornado?

Atualmente, com a facilidade de acesso a informações sobre os mais variados assuntos, é fácil se perder e acreditar em alguma notícia equivocada. Além disso, usuários com milhares de seguidores, muitas vezes por falta de conhecimento, compartilham dietas restritivas e perigosas.

Recentemente, a life coach Maíra Cardi se envolveu em polêmicas. Ela costuma falar bastante sobre alimentação e dietas em seus perfis nas redes. Em um vídeo publicado no TikTok, ela comparou a pressão que pessoas que fazem dieta sofrem para comer algo que não faz parte do cardápio com uma violência sexual.

A proprietária do “Cura Você”, curso de emagrecimento, recebeu diversas críticas de especialistas. Ao Universa UOL, Jéssica Pinke, nutricionista formada pela USP, afirmou: “Com o poder de mídia que a Maíra tem, ela perturba a alimentação de outras pessoas e influencia o ‘comer transtornado’ mesmo em pessoas que nunca pensaram nisso.”

Aline também acredita que o livre acesso a informações na internet facilita o surgimento de um comer transtornado. “Essa disseminação de fake news da Nutrição pode prejudicar principalmente pessoas que não conseguem identificar se a informação é verdadeira ou falsa e, para muitos, o que vale é o emagrecimento, independentemente de ser de forma saudável ou não”, pontua.

Nesse momento, a profissional ainda ressalta a importância de buscar um especialista antes de realizar qualquer dieta ou alteração na alimentação.

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Como tratar?

Acima de tudo, é preciso olhar para si e perceber se existem hábitos disfuncionais em relação à alimentação. Ao identificar uma relação não-saudável com a comida, é interessante buscar ajuda. Assim, é possível entender se há um comer transtornado e como lidar para superá-lo.

“Por mais que pular refeições possa estar associado à perda de peso, vai ter um efeito rebote. Já foi observado nitidamente que a restrição leva à compulsão, então, teremos um ganho de peso muito maior. Isso leva a alterações metabólicas importantes”, esclarece Aline.

Uma forma aplicada pelos profissionais para detectar a presença do comer transtornado é por meio da aplicação de um questionário conhecido como Escala de Atitudes Alimentares Transtornadas (EAAT).

Além disso, a especialista também traz à tona a questão do fortalecimento da autoestima (principalmente do pilar ligado à autoimagem) como uma forma de tratar essa disfunção.

“Reestabelecer uma melhor aceitação do seu corpo. Trabalhar a percepção, a satisfação com a imagem corporal e as questões relacionadas ao comportamento alimentar. Isso é importante para mostrar que uma alimentação saudável e natural, sem utilizar esses recursos de restrição, vai fazer com que o indivíduo consiga atingir sua meta sem o risco de gerar malefícios para sua saúde”, finaliza.

Fonte: Aline de Piano Ganen, coordenadora do Mestrado Profissional em Nutrição do Centro Universitário São Camilo – SP.

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